Projetos garantem perucas para mulheres com câncer

Fabricadas por voluntários e com cabelos doados, elas renovam a autoestima de mulheres em tratamento

Um dos efeitos mais doloridos no tratamento de um câncer é a perda do cabelo, sobretudo para as mulheres que veem sua autoestima desabar. Uma aliada eficiente neste momento é a peruca, que não apenas renova a aparência, mas o ânimo de cada mulher. O item, entretanto, tem um preço alto, a partir de R$3 mil, o que dificilmente cabe no bolso das pacientes. Conhecendo essa realidade, os grupos ‘Corrente do Bem’ e ‘Doando Amor’ têm trabalhado juntos para garantir que mais mulheres possam ter acesso, sem custo, a uma peruca.

Corrente do Bem

Há cinco anos, o grupo que atualmente conta com a ajuda de sete voluntárias desenvolve um trabalho de auxílio a mulheres em tratamento de câncer em três cidades da região: Piraí do Sul, Castro e Ventania. 

A iniciativa partiu de Elisabeth Souza Martins, que em fevereiro de 2015 foi acometida por um câncer de mama, vindo a perder todo o cabelo. A necessidade de uma prótese e a dor que passou geraram o desejo de ajudar outras mulheres na mesma situação. “A sensação de receber uma prótese é emocionante demais. Porque você não se reconhece sem cabelo, sem sobrancelha, com aquela pele que sofre muito com o tratamento, as pessoas nos olham de uma forma diferente, de uma forma penalizada, e isso não é bom. Abala né? Somos mulheres, temos nossa autoestima. Pegar uma prótese, é se reconhecer novamente como mulher”, comenta.

O ponto de partida do auxílio foram as perucas, mas com o tempo o projeto foi crescendo, e hoje, a corrente também oferece às famílias produtos que elas não conseguem comprar, como fraldas, água de coco, isotônicos, cestas básicas, entre outros.

Sempre em outubro, mês dedicado ao combate do câncer de mama, o grupo se mobiliza para realizar um dia de doação de cabelo. Ano passado, aproximadamente 300 pessoas aderiram à causa, isso sem contar na contribuição de salões de beleza que se dispõem a realizar os cortes no dia, gratuitamente, e que durante todo o ano guardam mechas para doar no dia da ação.

Porém, só o cabelo não é suficiente para fazer as perucas, é preciso mão de obra. E é aí que entra em campo o projeto ‘Doando Amor’. Através de uma reportagem, Elisabeth ficou sabendo que um casal de empresários do ramo de beleza fazia perucas para mulheres com câncer e decidiu estender a corrente do bem até Ponta Grossa.

Doando Amor

Quando fazia faculdade de Direito, a cabeleireira Sol Menezes acompanhou a luta de uma colega de curso contra um câncer de mama. Querendo ajudar e ir na contramão daqueles que ficavam só observando com olhar de pena, mas sem fazer nada de efetivo, ela decidiu fazer uma peruca para a amiga. A história se espalhou, e logo Sol e o esposo Wilsom de Castro Menezes começaram a receber inúmeros pedidos de mulheres querendo uma prótese capilar, criando até fila de espera.

As perucas produzidas pelo casal são exclusivas, e ficam com as pacientes pelo tempo que elas precisarem. Após a cura da doença e o crescimento dos fios, elas devolvem as perucas itinerantes para que outras mulheres possam ser beneficiadas.

O trabalho manual é feito com muito cuidado, desde o momento que recebem as mechas, passando pela separação, tecelagem, limpeza, costura. Em um ano e meio o casal já doou em torno de 50 perucas, entregues para mulheres com câncer e outros problemas de saúde, como alopecia e queimaduras. 

Na tarde desta sexta (19), Sol e Wilsom vão até Piraí do Sul para entregar sete perucas para o projeto Corrente do Bem. Todas produzidas com as mechas doadas na ação de outubro, do grupo da Elisabeth. Mesmo com as medidas de segurança necessárias por conta do coronavírus, Sol não tem dúvida que será um momento de alegria e satisfação. “O sorriso alheio, a felicidade, quando você descobre que a felicidade do outro te deixa feliz”, explica

Doações

Quem mora em Ponta Grossa, e deseja doar o cabelo para a elaboração de perucas pode entrar em contato com a Sol pelo WhatsApp (42) 9998-8477. O cabelo pode ser de qualquer cor, mas precisa ter no mínimo, 25 centímetros de comprimento. Se for um pouco menor, os profissionais podem fazer uma análise. Na página no Facebook do projeto Doando Amor são registrados os momentos das doações, da produção e, posteriormente, da entrega. Tudo feito com seriedade e transparência.

Para quem é de Piraí do Sul, Castro ou Ventania, pode falar com a Elisabeth, pelo número (42) 9808-6286, ou ainda pela página do grupo Corrente do Bem no Facebook.