Unidos estragamos, quem sabe unidos consertaremos

No Conselho da Comunidade, Lucas Valentim fala sobre a redução do número de cadeiras no Legislativo Municipal de Ponta Grossa.

A história nos mostra que os acontecimentos atuais podem ter raízes em fatos e costumes passados. Na minha juventude, lembro-me de um prefeito ter adquirido um novo veículo oficial, um carro caro e luxuoso da época, marca Chevrolet, modelo Diplomata. Jovens nem tinham acesso ou eram estimulados a discutir política com os mais velhos, então apenas ouvíamos apenas os comentários, principalmente dos idosos ainda se achando herdeiros da monarquia, há muito abandonada pelo nosso país: “Agora sim, nosso prefeito tem um veículo bom para nos representar em viagens oficiais e não fazer feio perante os outros políticos, não passaremos impressão de pobreza.”

Com estas ideias de aparentar progresso, desenvolvimento e colocando importância e cada vez mais mordomias aos políticos, institucionalizamos os privilégios deles, criamos uma classe faminta destes privilégios e inconscientemente, fomentamos as bases para a corrupção endêmica e a falta de ética geral que assola este país.

Acostumados a escândalos e impunidade sem par, sem mais vergonha ou necessidade de esconder suas manobras para aumentar seus poderes e vantagens, a cada dia vemos mais e mais crescer o custo dessa classe aos cofres públicos.

Recentemente foi discutido o aumento do prédio da Câmara Municipal e seu duplamente milionário orçamento, ou seja, é mais fácil gastar mais e aumentar o prédio que tornar menor o numero de vereadores e salas necessárias, em detrimento a lógica da maior eficiência nos seus trabalhos e economia ao erário público.

Mesmo algumas cidades de nosso estado terem diminuído o salário de seus vereadores por pressão popular, aqui em nossa cidade acontece o reverso, sempre remamos contra a maré.

Esperar que nossos reeleitos, que já votaram mais de uma vez o aumento de seus salários e poucos eleitos, se reúnam e aprovem uma redução das cadeiras é quase utópico, está muito difícil acreditar em uma boa vontade de nossos políticos em grande parte “profissionais”.

Talvez uma grande movimentação popular, talvez se nossa população se unir e cobrar uma redução verdadeira dos gastos dessa nova administração, repito, talvez, possamos ter uma esperança, pois hoje está a cada dia mais difícil acreditar em um “milagre de consciência” da nossa classe política.

Houve muito pouca renovação do quadro dos vereadores, maioria ainda é aliada ao prefeito, então, acredito que apenas com a mobilização de nossa população teremos algum progresso nessa e outras necessidades urgentes do município. Mais do que nunca, precisamos da união de todos e das várias orientações políticas em prol de uma pressão positiva para a moralização das contas públicas.

Por Lucas Valentim.