A vida como um videogame
Publicado: 25/01/2015, 08:36

Num primeiro momento, a ideia central de ‘No Limite do Amanhã’, do diretor Doug Liman, soa como inverossímel demais; maluca, até. O filme é baseado no romance ‘All You Need is Kill’ (‘Tudo o que Você Precisa é Matar’), de Hiroshi Sakurazaka, e mostra o militar Cage (Tom Cruise) sendo compulsoriamente transformado em soldado. Seu superior o envia sem qualquer preparo para a guerra contra uma invasão alienígena. Como era de se esperar, Cage morre logo de cara em uma cena que lembra muito o desembarque das tropas na praia mostrado em ‘O Resgate do Soldado Ryan’. Interessante ver Tom Cruise encarnando um covarde, ele que tem sua imagem fortemente atrelada à ideia de mocinho destemido graças à sua extensa filmografia com personagens heróicos.
O absurdo da trama vem a seguir, quando Cage ganha vida novamente e tem a oportunidade de reviver e reviver e reviver. É uma analogia clara aos jogos de videogame, onde a morte é um detalhe banal diante da possibilidade permanente de renascer. A explicação para a origem desse “time loop” é que beira o inverossímel. No entanto, a história evolui e acaba mostrando-se convincente dentro da lógica de fantasia que o cinema, de modo geral, dissemina. Ainda mais quando se trata de ficção científica.
Vencendo a resistência inicial de achar a premissa demasiadamente maluca é possível enxergar um bom filme, superior a muitos blockbusters. Entre as mensagens das entrelinhas, presentes em meio a fartas batalhas e explosões, está o aprimoramento pela repetição, a conquista da excelência pela persistência.
De assessor de imprensa do exército que mal pode ver sangue provocado por corte com uma simples folha de papel, Cage passa a ser um soldado exemplar ao lado de sua companheira de lutas Rita Vrataski (Emily Blunt). Já viu isso milhares de vezes em filmes planejados para multidões? Tudo bem. Esqueça por alguns minutos e perceberá que ‘No Limite do Amanhã’ é diversão agradável. Só não vale o investimento de tempo de assistir de novo e de novo e de novo...