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PG se consolida como cidade polo industrial de embalagens

Setor que conta com multinacionais cresceu nos últimos anos, para fornecer o parque industrial local. Segmento se fortalecerá ainda mais com a instalação da Owens-Illinois, fabricante de garrafas de vidro

Unidade da Tetra Pak de Ponta Grossa, instalada no Distrito Industrial Cyro Martins, é quarta maior do grupo em volume de produção no mundo
Unidade da Tetra Pak de Ponta Grossa, instalada no Distrito Industrial Cyro Martins, é quarta maior do grupo em volume de produção no mundo -

Fernando Rogala

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Ponta Grossa é reconhecida em âmbito estadual pela força do seu parque fabril, o maior do interior do Paraná. O município possui um polo industrial bastante diversificado, cujo desenvolvimento se mistura com a história da cidade – sua primeira grande fábrica foi a cervejaria Adriática, fundada ainda na última década do século 19, no Centro da cidade, permanecendo na principal avenida do município (Vicente Machado) por praticamente um século, até meados década de 1990. Essa vocação, acelerada na década de 1970, com a construção do polo moageiro, fez com que a cidade atraísse inúmeras empresas do setor de embalagens, a ponto de hoje se tornar um polo neste ramo. Um polo de embalagens que se tornará ainda mais forte com a chegada da Owens-Illinois, a maior fabricante de garrafas de vidro do mundo, cuja instalação será divulgada oficialmente em breve, como o Portal aRede/JM já antecipou na edição de 28 de janeiro de 2023.

A expressividade do ramo de embalagens na cidade é demonstrada pela grandeza dos nomes das empresas que possuem unidades no município, incluindo multinacionais: Tetra Pak, Crown, B.O. Packaging, Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), entre outras. São empresas que produzem embalagens de papelão, de papeis cartonados (longa vida), copos e baldes de alimentos de polipapel, latas de aço, latas de alumínio, e outros. Setor que ganhará o reforço da multinacional americana que fabricará garrafas, justamente para abastecer outro polo industrial consolidado: o cervejeiro.

“Ponta Grossa é um importante polo de embalagens no Estado. O município se transformou em um polo industrial com participação bastante de significativa no ambiente de embalagens. A cidade tem localização geográfica estratégica e tem todo seu desenvolvimento ligado aos ciclos industriais”, destaca Rui Gerson Brandt, presidente do Sindicato das Indústrias de Papel e Celulose do Paraná (Sinpacel). Com exceção da Metalgráfica Iguaçu, hoje pertencente à CSN, que foi fundada há mais tempo, as outras empresas vieram a partir da segunda fase industrial da cidade, como a Tetra Pak, por exemplo, que inaugurou em 1999. A Crown iniciou as operações em 2011, assim como a B.O. Packaging, em um condomínio industrial, e depois finalizou a construção da sede própria em 2017. A Bras Onda, fabricante de embalagens de papelão de Curitiba, fundou a filial no Distrito Industrial da cidade no final de 2020. 

DIFERENCIAIS

O diretor do departamento de apoio institucional da secretaria municipal de Indústria, Comércio e Qualificação Profissional de Ponta Grossa, Adilson Strack, que tem mais de 30 anos de vivência nesta pasta no município, explica que o desenvolvimento do setor ocorreu aos poucos, mesclado com o processo de industrialização da cidade, a partir da identificação de oportunidades por parte das empresas. “Ponta Grossa se tornou um polo de várias atividades industriais, devido ao trabalho que a prefeitura faz na atração de empresas e à capacidade que a cidade tem de absorver grandes investimentos. Assim, criaram-se vários polos de atividade diversificada e isso possibilitou a chegada das indústrias de embalagens, para ficarem perto das indústrias”, disse, lembrando de exemplos como da Crown, para servir as cervejarias, e da Tetra Pak, para servir a maior bacia leiteira do Brasil – além de estar próxima a uma das suas maiores fornecedoras, a Klabin. 

'Pioneira’ produz há mais de 70 anos

Quem passa pela principal avenida do bairro Nova Rússia, a Ernesto Vilela, na altura da praça Getúlio Vargas, se depara com um grande imóvel que ocupa toda uma quadra. É um cenário que faz parte do cotidiano de muita gente, e isso talvez sequer desperte a curiosidade para a relevância para o que há por detrás daquelas paredes. Contudo, ali está uma das primeiras grandes empresas de Ponta Grossa, uma fabricante de latas de aço para embalagem, fundada em 1951, quando mais de 75% dos municípios paranaenses nem mesmo existiam, segundo o IBGE. Criada como Metalgráfica Merhy, a empresa foi uma das pioneiras da cidade a abrir o capital na bolsa, ainda na década de 1960, se tornando Metalgráfica Iguaçu em 1970, quando foi adquirida. “A empresa começou a produção com latas de cera, e foi crescendo. A fábrica produzia as ‘folhas’ e saía para serem transformadas em latas em outras cidades”, recorda Luiz Paulo Rover, ex-presidente do Sindimetal de Ponta Grossa. As latas de aço eram utilizadas para embalar óleo, e depois passaram a ser bastante usadas para embalar carnes. Em 2021, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) assinou o acordo para a compra da empresa, transação que recebeu o aval do CADE em 2022.

Setor movimenta a economia e gera vagas qualificadas 

As indústrias de embalagens geram riqueza, muito emprego e fazem movimentar a renda em Ponta Grossa em toda a região. Basta lembrar que a Tetra Pak é a empresa que possui o maior Valor Adicionado (diferença entre o valor das vendas e os custos de produção) entre todas as indústrias de Ponta Grossa, se destacando como a que mais gera riquezas na cidade. Grande parte dessas indústrias tem alta produção mensal: a Tetra Pak tem capacidade para produzir mais de 35 milhões de embalagens por dia; a Crown produz mais de 6,6 milhões de latas ao dia e a B.O. pode produzir mais de um milhão de embalagens diárias.

Luiz Paulo Rover, conselheiro do sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Ponta Grossa (Sindimetal), que ocupou por 26 anos o cargo de presidente do sindicato, reforça que empresas como a CSN e a Crown, junto com a Águia Sistemas, estão entre as maiores empresas do setor metalmecânico da cidade, e fazem com que esse ramo se fortaleça ainda mais no parque industrial. “É um setor muito expressivo no âmbito financeiro. São grandes valores agregados gerados, com matérias-primas que vêm de outros locais e são transformadas aqui”, informa. 

Quando o assunto é emprego, das 18,9 mil pessoas empregadas em indústrias na cidade, segundo dados do Caged de janeiro de 2023, quase 4,2 mil estão empregados na fabricação de máquinas, fabricação de produtos de metal e metalúrgicas. Já na fabricação exclusivamente de embalagens de papel, são 428 empregados diretos. Adilson Strack reforça que o setor requer trabalhadores qualificados, que recebem salários maiores, o que contribui para o desenvolvimento econômico da cidade. “As indústrias de embalagens têm necessidade de ter colaboradores com alta qualificação, pela grande produção e os equipamentos são de alta tecnologia. Então as empresas são muito exigentes, mas tem remuneração mais alta. E a consequência disso é que a economia da cidade gira com mais força, com esse poder aquisitivo mais alto, gerando mais oportunidades”, completa.

Empresas como a B.O. Packaging têm máquinas de alta tecnologia, com grande volume de produção
Empresas como a B.O. Packaging têm máquinas de alta tecnologia, com grande volume de produção |  Foto: Arquivo aRede/JM
 

Sustentabilidade é grande diferencial

Um dos principais diferenciais do setor de embalagens é a sua ciclicidade e sua sustentabilidade. Embalagens de papel e cartonadas, assim como as latas, estão entre os produtos mais reciclados, que contribuem com a natureza. “As embalagens, depois que são utilizadas nos produtos, voltam para o início do processo e voltam a ser matéria-prima no processo industrial. Ponta Grossa contar com esse tipo de empresa significa que o município não apenas produz, mas está participando de um processo de uma cadeia sustentável, movimentando a economia circular, entrando da maneira correta para o futuro”, ressalta Rui Brandt, do Sinpacel.

Outro fator é que as embalagens de papel, por exemplo, já nascem com sua contribuição para o planeta, através de florestas que são plantadas especificamente para esse fim. “As florestas estão espalhadas em locais onde apresentam mais condições do que a agricultura. E nesse ambiente, hoje há grande desenvolvimento tecnológico. Depois, para transformar essa madeira em fibra, vai para a planta de celulose, como da Klabin, que envolve aspectos tecnológicos agregados e exige mão de obra qualificada. Em seguida, é transportada para onde se faz a aplicação esperada, e na sequência continua a atividade, pois é uma cadeia muito dinâmica”, esclarece Rui, exemplificando a grande geração de empregos indiretos, inclusive no transporte e logística, seja de matéria-prima para a indústria de embalagem ou da embalagem já pronta para outras indústrias ou empresas, por ser um bem intermediário.

Setor de embalagens tem alto índice de reciclagem. Embalagens de papel são oriundas de florestas certificadas, sem impacto ao meio ambiente
Setor de embalagens tem alto índice de reciclagem. Embalagens de papel são oriundas de florestas certificadas, sem impacto ao meio ambiente |  Foto: Rafael Chuí/Divulgação Klabin
 

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