VAMOS LER
Coluna Fragmentos: A UTFPR e o seu centenário
A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro
João Gabriel Vieira | 07 de agosto de 2023 - 03:50
No ano passado, mais precisamente no dia 23 de setembro a UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná) completou seu centenário. Ao longo desses anos, conforme o contexto e demandas de cada época, a instituição apresentou projetos e nomenclaturas diversas.
O início desta história data do ano de 1909, quando o então presidente da Republica, Nilo Peçanha, assinou o decreto nº. 7.566, através do qual foram criadas nas capitais do país as denominadas Escolas de Aprendizes e Artífices. O objetivo era, nas palavras daquele mandatário, habilitar os filhos dos menos favorecidos ao preparo técnico, a fim de que estes desenvolvessem hábitos de trabalho, que os afastaria do ócio ignorante, do crime e do vício.
Tais preocupações justificam-se visto que durante as primeiras décadas do século XX, observou-se o esforço do governo em higienizar e educar a população, livrando-a dos maus costumes e preparando-a para trabalhar pelo progresso do país. Em Curitiba a escola foi instalada na Praça Carlos Gomes. Oficinas de serralheiro, seleiro-tapeceiro, pintura decorativa e escultura ornamental eram ministradas aos meninos.
Na década de 30, durante o Estado Novo (1937-1945) de Getúlio Vargas, as Escolas de Aprendizes e Artífices passaram a se chamar Liceus Industriais. A mudança, porém não se restringiu ao nome. Em decorrência da necessidade de desenvolvimento nacional, através do fortalecimento das indústrias a Constituição Brasileira tratou de abordar o ensino industrial. Nos Liceus, além do aumento da oferta de cursos, teve início o ensino de primeiro grau.
As recomendações do Código Escolar, datado de 1941 eram de que os alunos dissessem a verdade e fossem altruístas, venerassem a bandeira nacional, fossem puros em pensamentos, palavras e atos, tomassem banhos todos os dias, escovassem os dentes pela manhã e pela noite, mantivessem os cabelos sempre cortados, penteados e limpos, entre outras.
Em 1942, a partir de uma reforma educacional promovida pelo ministro Gustavo Capanema, os Liceus foram renomeados para Escolas Técnicas, que agora passariam a adotar em seu currículo, o ensino médio. Em Curitiba foram ofertados onze cursos industriais básicos, sendo que as mulheres poderiam participar apenas dos cursos e corte e costura. Apesar das mudanças, este tipo de ensino ainda apresentava pouca procura.
No fim da década de 50, em uma tentativa que apresentou sucesso foram criadas as Escolas Técnicas Federais. Novas posturas administrativas e educacionais consolidaram então o ensino industrial. Na escola Técnica Federal do Paraná, em Curitiba, já nos anos 70, aconteceram os primeiros vestibulares e cursos de pós-graduação começaram a ser oferecidos.
Em 1978, chegamos finalmente ao conhecido Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET. Nesta significativa transformação, que rendeu autonomia a cada unidade foram efetuadas importantes mudanças. Nessa época, a instituição, além de oferecer o 2º grau como antes, instituiu efetivamente o ensino superior, cursos de extensão e especialização. Em Ponta Grossa, o campus do CEFET iniciou suas atividades em 1993, contribuindo para a formação de alunos capacitados a trabalhar nas empresas da região.
Até hoje, mesmo com a efetivação da UTFPR, muitos ex-alunos e a comunidade em geral continuam a chamar a universidade de CEFET, demonstrando a importância deste para a formação profissional e pessoal dos alunos e sua importante contribuição para toda a cidade.
Em 2005, através de lei sancionada pelo presidente Lula, após sete anos de tramitação, foi criada a Universidade Tecnológica Federal do Paraná, quando foi atingido o pré-requisito de, pelo menos um terço do corpo docente, apresentar titulação acadêmica de mestrado ou doutorado, dedicação exclusiva e produção intelectual. Hoje a UTFPR está entre as maiores e mais conceituadas universidades do país e conta com onze campus em todo o Estado, localizados nas cidades de Apucarana, Campo Mourão, Cornélio Procópio, Curitiba, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Londrina, Medianeira, Pato Branco, Ponta Grossa e Toledo.
.
O Seminário Menor do Santíssimo Redentor e a UTFPR
Desde o fim do século XIX, missionários Redentoristas da congregação de origem italiana, chegaram ao Brasil com o objetivo de construir Províncias religiosas. Após verificarem-se problemas de espaço na juventude de Aparecida do Norte, Ponta Grossa foi escolhida para integrar a Província de Campo Grande. Em 1958, após a construção de uma grandiosa obra, foi inaugurado o Seminário. Em 1988 este foi desativado e os estudantes transferidos para Curitiba. Com a instalação do CEFET no local, várias mudanças e investimentos foram empreendidos, porém a arquitetura da época do Seminário foi conservada, o que garante hoje a UTFPR de Ponta Grossa um estilo original e rico em história.
.
O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.
Publicada originalmente no dia 14 de novembro de 2010.
Coluna assinada por Amanda Cieslak Kapp, historiadora e professora da Unibrasil e do Instituto Federal do Paraná/Campus Pinhais.