PUBLICIDADE

Coluna Fragmentos: Palace Hotel: A casa de Getúlio Vargas em Ponta Grossa

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

Edição especial do JM em 1957, na qual o Palace Hotel deseja um Feliz Natal e um próspero 1958
Edição especial do JM em 1957, na qual o Palace Hotel deseja um Feliz Natal e um próspero 1958 -

Há 50 anos a edição especial de Natal do Jornal da Manhã, assim como ainda acontece nos dias atuais, trouxe uma série de manifestações que desejavam votos de “Feliz Natal e Próspero Ano Novo!” aos princesinos.

Entre as empresas que há meio século utilizaram o espaço do jornal para tal fim estava o Palace Hotel, um dos mais tradicionais estabelecimentos hoteleiros no interior do Paraná.

A hospedagem e a hotelaria são dois dos mais antigos ramos comerciais que a humanidade conhece. Desde os séculos antes de Cristo tais práticas já eram comuns no Oriente e em parte do continente europeu. Logicamente não existiam hotéis tais como conhecemos nos dias de hoje; tampouco exigiam-se e/ou ofereciam-se higiene, privacidade e conforto.

O mais comum era a utilização galpões ou de cômodos coletivos nas chamadas hospedarias, caracterizados sempre pela rusticidade. No Império Romano há registro do aparecimento do hostellum, casa mais luxuosa e mais segura, destinada apenas aos que podiam pagar por ela, como os chefes militares, os nobres e os reis.

Aos poucos os serviços de hospedagem e hotelaria foram se aperfeiçoando. A partir do século XV, em alguns países da Europa, estabeleceram-se as primeiras normas no que diz respeito aos preços, qualidade dos serviços oferecidos e registro dos hóspedes como medida de segurança.

No caso brasileiro, a nossa literatura menciona a existência de hospedarias em Salvador, São Paulo e Rio de Janeiro desde o século XVI. Essa realidade perdurou durante os três séculos coloniais, espalhando-se pelas cidades litorâneas e pelos vilarejos do interior.

É pouco comum encontrarmos, nesse período, as figuras do hospedeiro e do hoteleiro. Geralmente os historiadores que se dedicam ao estudo da colônia relatam que comerciantes (barbeiros, alfaiates, sapateiros etc.) acabavam alugando “quartos de dormir” aos viajantes que buscavam abrigo.

Ao longo do século XIX observa-se o surgimento dos primeiros hotéis no Brasil. Porém, além de poucos, eles localizavam-se apenas nas principais cidades do reino como Rio de Janeiro e São Paulo. Principalmente no interior do país, as seculares práticas de hospedagem mantiveram-se semelhantes aos séculos anteriores.

Exemplo dessa realidade é o registro deixado pelo engenheiro inglês Thomas Bigg-Wither em seu livro Novo Caminho no Brasil Meridional: a Província do Paraná. De acordo com os relatos do viajante que passou por Ponta Grossa em 1872, naquele momento não existia na cidade nenhum hotel ou hospedaria e o mesmo viu-se obrigado a pernoitar em um casarão vazio e fazer suas refeições na casa de um padeiro.

No caso de Ponta Grossa, é possível afirmar que os hotéis chegaram praticamente junto com as ferrovias no final do século XIX. O rápido aumento populacional e a presença cotidiana de viajantes pela cidade impulsionaram o setor hoteleiro. Hotéis e pensões espalharam nos arredores na Estação Ferroviária e pelo [então] centro da cidade. Ao longo das décadas iniciais do século XX encontramos, por exemplo, registros de tradicionais empresas do ramo como o Hotel Palermo (R. 7 de setembro), o Hotel Franze (Av. Fernandes Pinheiro) e a Pensão Avenida (Av. Vicente Machado) entre outros.

Pouco depois, no final da década de 1930, um grupo de empresários propôs-se a construir um novo empreendimento onde funcionava o Hotel Palermo. Assim surgiu, em 1941, o Palace Hotel, hoje com mais de 60 anos de história. O hotel, que atualmente denomina-se Planalto Palace Hotel, preservou sua fachada original, tornando-se uma importante referência histórica e arquitetônica de nossa cidade. Entre as inúmeras personalidades que hospedou certamente a de maior destaque foi a do todo poderoso presidente Getúlio Vargas em sua passagem por Ponta Grossa no ano de 1944. Isso em plena vigência do Estado Novo.

.

O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 30 de dezembro de 2007.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

MAIS DE VAMOS LER

HORÓSCOPO

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

DESTAQUES

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE

MIX

HORÓSCOPO

PUBLICIDADE
PUBLICIDADE