Dinheiro
Grupo Philus inova e transforma lixo em fonte de energia e fertilizantes
Marcus Vinícius Nadal Borsato, presidente do conglomerado, destacou como os empreendimentos contribuem com o avanço da sustentabilidade
Da Redação | 12 de junho de 2025 - 06:54

O Portal aRede e o Jornal da Manhã dão continuidade, nesta quarta-feira (11), à segunda edição do Painel Digital Meio Ambiente e Sustentabilidade. Realizado no mês em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, o projeto traz entrevistas e reportagens especiais que apresentam iniciativas sustentáveis adotadas por empresas e instituições localizadas em Ponta Grossa, município que possui um dos polos industriais mais fortes do Paraná.
Composto pelas empresas Ponta Grossa Ambiental (PGA), Philus Engenharia, Zero Resíduos, CTR Vila Velha, Philus Produtos Sustentáveis e Suprema Sistema Viários, o Grupo Philus é considerado um dos mais importantes da cidade e da região dos Campos Gerais. Em conversa com o Jornalismo do Grupo aRede, Marcus Vinícius Nadal Borsato, presidente do conglomerado, destacou como os empreendimentos contribuem com o avanço da sustentabilidade.
Tradicionalmente conhecida entre os ponta-grossenses, o trabalho desempenhado pela PGA vai além da coleta e destinação do lixo produzido em residências. A empresa também é responsável pela limpeza de praças, fundos de vale e arroios, bem como pelo embelezamento de espaços públicos, a partir do plantio de flores e árvores.
Os materiais inorgânicos coletados, como papel, plástico, vidro e metal, costumam ser destinados às associações de catadores de recicláveis, contribuindo para geração de emprego e renda. Já os resíduos orgânicos têm potencial para serem transformados em energia elétrica, que abastece cerca de 46 prédios públicos do município, como unidades básicas de saúde e escolas - tal conversão é feita pela Usina Termoelétrica a Biogás (UTB).
“O material coletado recebe um pré-tratamento, que consiste em trituração e maceração. Ele é transformado em um tipo de creme e colocado dentro de biodigestores, onde há uma biota - um conjunto de diferentes tipos de bactérias. Em seguida, uma parcela desse resíduo é transformada em biogás, que é utilizado como um combustível e enviado para o motor de um gerador de energia elétrica”, explica o presidente do Grupo Philus.
EFICIÊNCIA - Outra frente associada à destinação eficiente do lixo é feita pela Zero Resíduos, que atende principalmente empresas e indústrias de Ponta Grossa. De acordo com Borsato, o objetivo do empreendimento é, justamente, diminuir a dependência de aterros sanitários, com foco na máxima reutilização, reuso e reciclagem.
Uma das alternativas está ligada ao projeto OrganoZero Compostagem, que tem capacidade para converter uma grande quantidade de resíduos em fertilizantes classe A para a agricultura e até mesmo para hortas e vasos de flores. “Nosso foco é desenvolver processos e soluções para que, futuramente, não tenhamos mais a necessidade de aterros, embora isso demore um certo tempo”, pontua Borsato.
O processo inicia com a análise dos materiais recebidos, já que cada um possui características específicas. Na sequência, os resíduos são reunidos e transformados em um blend, tipo de mistura que busca conter a maior variedade possível de componentes orgânicos. Em seguida, o conteúdo é disposto em pilhas e passa por um processo de degradação e revolvimento, onde ocorre a evaporação do excesso de umidade, por exemplo. Por fim, dentro de 60 a 90 dias, o produto é transformado em um adubo com alto potencial de fertilidade e capaz de trazer uma série de benefícios agronômicos.

Borsato ressalta que o blend precisa possuir atributos adequados que atendam aos requisitos exigidos pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), certificando que o produto final entregue seja um fertilizante classe A.
MAIS SEGURANÇA - Enquanto trabalha para desenvolver soluções que diminuam a necessidade de destinação em aterros, o Grupo Philus também investe na modernização do Centro de Tratamento de Resíduos (CTR) Vila Velha, em Teixeira Soares, garantindo que a operação atual ocorra de forma mais eficiente e com menor impacto ambiental.
O espaço foi concebido para receber resíduos Classe II, considerados não perigosos. Borsato conta que a construção de um aterro é constante. Ou seja, uma operação é realizada para conter a maior quantidade possível de material dentro de um mesmo espaço.
Atualmente, o CTR Vila Velha realiza testes com um equipamento, o primeiro desse tipo na América Latina, com foco em aumentar a capacidade do local. “Ele aumenta o peso do resíduo por metro cúbico do espaço que temos de aterro”, aponta.
Outra alternativa apresentada pelo representante da empresa é a produção de combustível a partir do biogás do aterro, com lógica semelhante a da UTB. O Grupo Philus já adquiriu equipamentos que têm a capacidade de realizar esse tipo de conversão e gerar biometano. De acordo com Borsato, a expectativa é que, até janeiro de 2026, o produto passe a ser vendido para indústrias de Ponta Grossa que utilizam gás natural.

O conglomerado ainda projeta que o combustível produzido no CTR Vila Velha também seja utilizado por veículos como Gás Natural Veicular (GNVR), com a última letra indicando que este produto foi feito a partir de uma fonte renovável.
Ainda no âmbito da segurança ambiental, Borsato compartilha que o CTR Vila Velha também realiza o monitoramento do lençol freático localizado abaixo do aterro. Ele lembra que a decomposição dos resíduos também gera um líquido popularmente conhecido como chorume. Tal substância é coletada e processada em uma estação de tratamento de efluentes para evitar contaminações, reduzir odores e a proliferação de insetos.
UNIÃO - Juntas, as seis empresas que compõem o Grupo Philus já ultrapassaram mais de 1 mil empregados direta e indiretamente. Apesar de atuarem em diferentes frentes, os empreendimentos se complementam a partir do foco no meio ambiente e na sustentabilidade, segundo Borsato.
“Buscamos olhar para a sustentabilidade não apenas como um objetivo final, mas como algo que se incorpora a todas as nossas decisões”, afirma. O presidente ainda indica a inovação como outro pilar que orienta as ações executadas pelas empresas, principalmente a Ponta Grossa Ambiental e a Zero Resíduos, focadas no ramo de destinação, tratamento e valorização de materiais descartados. “Não existe mais um negócio que seja parte de um projeto e que não seja sustentável”, complementa.

AVALIAÇÃO - Questionado sobre como enxerga o papel de Ponta Grossa nas questões de meio ambiente e sustentabilidade, Borsato avalia que o município está avançando e deve continuar neste ritmo pelos próximos anos. “Eu vejo a cidade na vanguarda. Temos um serviço de excelência em todas as etapas da cadeia de resíduos, desde a coleta, transporte e destinação final. Todo esse processo é feito da forma mais adequada possível e acredito que isso vá continuar, de forma mais intensa. ”, diz.
Por fim, o presidente do Grupo Philus relata que as soluções para o meio ambiente dependem da integração dos interesses de diferentes cadeias. “Seja no comércio ou na indústria, estamos percebendo que há um interesse de todos em fazer melhor e em buscar as soluções mais benéficas nesta questão”, finaliza.