Conselho Da Comunidade
Os golpistas estão sem máscaras
No Conselho da Comunidade, Regis Clemente da Costa comenta sobre a votação das medidas anticorrupção e a anistia ao Caixa Dois.
| 29 de novembro de 2016 - 01:27

No Conselho da Comunidade,
Regis Clemente da Costa comenta sobre a votação das medidas anticorrupção e a
anistia ao Caixa Dois.
Mais uma vez o povo brasileiro se depara com o escárnio de
alguns deputados com a notícia que pretendem anistiar políticos envolvidos em
crimes de caixa 2. Para falarmos desse projeto que visa perdoar crimes de
corrupção no Brasil, há que se fazer memória de alguns acontecimentos recentes,
dentre eles o processo de impeachment. Porém, não se pode perder de vista,
obviamente, que a corrupção é uma prática histórica na administração pública
brasileira, poucas vezes investigada, muito pouco combatida e quase nunca
punida.
Fazer memória do processo de afastamento da presidenta
Dilma, inevitavelmente leva aos parlamentares citados, investigados ou
denunciados em casos de corrupção. Àquela ocasião, setores da mídia brasileira,
movimentos sociais e alguns parlamentares apontavam essas contradições na
votação do impeachment. O caso mais emblemático era o presidente da Câmara
Eduardo Cunha, que hoje, encontra-se preso, justamente pelo envolvimento com
corrupção. Como parte do golpe, dois dias após o afastamento definitivo de
Dilma, foi aprovada a Lei n. 13.332/16, que altera a lei de orçamento e
legitima, expressamente essa prática.
Nesse contexto, vários fatores causam perplexidade. Um
deles, foi a divulgação dos áudios do diálogo entre o Senador Romero Jucá e
Sergio Machado, de que deveria haver uma mudança rápida de governo a fim de
estancar a sangria causada pela operação Lava Jato. O diálogo completo, foi
amplamente divulgado nas redes sociais, porém, àquela ocasião, ignorado pelas
multidões que saíram às ruas pedindo e apoiando o processo de impeachment.
Outro fator, foi quando Temer nomeou vários ministros que
compunham a lista dos denunciados, citados ou investigados na Operação Lava
Jato. Ou seja, a corrupção não era problema e continuava no centro do poder, em
Brasília. Hoje, observa-se o resultado: passados 6 meses, 6 ministros, dentre
os 23 nomeados por Temer, já caíram.
Ainda, como parte do golpe instaurado no Brasil, há que se
destacar que no curto período em que Temer está no poder, mudanças profundas
vem sendo impostas. Dentre as principais, estão a PEC 55 (241), MP do ensino
médio PL 257, PL 867, Escola Sem Partido (Lei da Mordaça); Mudança na
Previdência com aposentadoria aos 65 anos para todos os trabalhadores; Mudança
nas leis trabalhistas, Privatizações, demissão de 18.000 funcionários do Banco
do Brasil e de 11.000 funcionários da Caixa Econômica Federal, entrega da
exploração do pré-sal às empresas estrangeiras, diminuição do número de vagas
para vestibular nas Universidades Federais, dentre outros.
Nesse sentido, o golpe na democracia e no combate à
corrupção é também nos trabalhadores brasileiros e em seus direitos,
conquistados ao longo de décadas de luta, de mobilizações, de greves, à custa
do suor e do sangue de muitas pessoas.
É fundamental que os trabalhadores compreendam que a mesma
indignação e mobilização que ocorre em relação aos projetos de Lei que ferem a
democracia e tentam impedir o combate à corrupção, devem acontecer quando se
referem à defesa dos seus direitos. Os movimentos sociais, movimentos
estudantis, sindicatos, entidades de defesa dos trabalhadores estão em
constante movimento para barrar esse golpe, tão grave e tão pernicioso ao país,
como é a corrupção. Os golpistas estão sem máscaras e elas estão sendo
retiradas graças àqueles que se mantém firmes na luta.
Por Regis Clemente da
Costa.