Conselho Da Comunidade
Eu prometo!
Mario Martins | 06 de outubro de 2016 - 03:58
Por Ewerson Zadra
Todos sabem que a conquista de um mandato político obtido
por meio do voto é uma verdadeira guerra e que só pode entrar nessa batalha
quem tiver perfil próprio para tal. O legislativo é indispensável para a
democracia, mas passa por uma crise de representatividade. A agenda parlamentar
pouco efetiva e distante dos anseios da população, as disputas entre grupos
partidários e a forma de interação com executivo comprometem a imagem a Câmara
de Vereadores.
Uma coisa é fazer acordos políticos para governar bem.
Outra, e bem diferente, é fazer promessas, muitas vezes até milagrosas, para
conquistar o voto do eleitor e depois não cumprir nem mesmos as viáveis, o que
não deixa de ser um “estelionato eleitoral”. Responsabilidades menos conhecidas
do eleitor, como a fiscalização do poder Executivo, raramente são mencionadas
em campanhas. Demandas locais e problemas específicos têm preferência na hora
das promessas. O que dá voto é aquilo que afeta a comunidade diretamente, por
isso, cada vez mais, eles são eleitos por redutos, como bairros, igrejas.
Em geral, quando perguntamos a alguém o que ele espera dos
candidatos a determinado cargo eletivo, as respostas não se diferenciam muito:
As pessoas querem seu comprometimento com as causas da sociedade; querem
postura condizente com a ética e os padrões morais defendidos pela sociedade;
querem solução para as dificuldades da população; querem transparência nos
discursos e nas atitudes; querem certeza de que não serão enganados. A inversão
de valores e a desinformação transformaram a campanha de vereadores em um
ambiente de troca de favores para se obter resultados eleitorais.
A experiência, entretanto, indica o contrário. Indica que
rarissimamente as necessidades da população são atendidas e, pelo contrário, o
que de modo geral vemos acontecer é aquele que se elege tornar-se mais um
explorador do povo. E o pior é que a população não percebe possibilidades de
mudança; não vê “luz no fim do túnel”; o que se vê é o aumento do volume do
esgoto jorrando para a fossa da política. Parte do descrédito com o legislativo
deve-se à falta de independência da Casa de Leis. O eleitor está saturado pelas
relações como o executivo e o legislativo se interagem.
Em tempos de eleição é importante refletirmos sobre esses
pontos. Não pensando que alguém, milagrosamente, desenvolva uma consciência
social e política por decreto, ou de imediato, ou espontaneamente, mas para nos
darmos conta que os candidatos são reflexos da sociedade em que estão
inseridos. Não existe candidato mau, nem bom. O que existem são candidatos que
desejam se eleger.
A democracia é uma via de duas mãos. O eleitor, assim como elege alguém para ser o seu representante na gestão da coisa pública, pode e deve também cobrar o cumprimento das suas promessas e até, por meio das vias competentes.
Ewerson Zadra Pacheco
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