Conselho Da Comunidade
A prioridade é retirar os direitos dos trabalhadores
Administrador | 13 de dezembro de 2016 - 02:17
Por Regis Clemente da Costa
As
revelações dos escândalos de corrupção crescem a cada dia no Brasil. E isso é
importante, pois mostra a podridão que assola a alta cúpula do poder político e
econômico no país, comprova os limites da política, da justiça e da democracia
no contexto sociedade capitalista, marcado pela defesa dos interesses da classe
dominante, do poder econômico, em detrimento dos direitos da população.
O combate a corrupção desencadeou intensas manifestações no
país, convocadas por movimentos que se autoproclamavam apartidários e que hoje
já se sabe, foram financiados por grandes partidos políticos envolvidos na
maioria dos casos de corrupção. Esses partidos, hoje ocupam cargos no alto
escalão da Presidência da República e a própria Presidência. Os movimentos que
receberam o apoio no processo golpista, mantém o silêncio perante os casos de
corrupção envolvendo o grupo político que tomou o poder.
É nesse contexto que se insere o caso do presidente do
Senado Renan Calheiros, que é réu em processo no STF, e, portanto, não pode
ocupar cargo na linha sucessória da Presidência da República. No entanto, após
pedir seu afastamento, o STF determinou que ele deve continuar à frente da
Presidência. Uma decisão contraditória. No mesmo dia dessa decisão, Renan
Calheiros retirou de pauta a votação do projeto de lei sobre abuso de
autoridade. O fato foi amplamente divulgado pelos meios de comunicação no
Brasil e no mundo. O que foi pouco noticiado, no entanto, é o fato de que Renan
é parte de um projeto em curso no país que visa desmontar os direitos sociais
conquistados pelos trabalhadores nas últimas décadas.
Quando tudo parecia resolvido entre o STF, Temer e Renan
Calheiros, é divulgada a delação premiada de um ex-diretor da empreiteira
Odebrecht. Nessa delação Renan Calheiros é citado, juntamente com dezenas de
outros políticos, inclusive o presidente da República Michel Temer, em novo escândalo
de corrupção. No dia 12 de dezembro, a Procuradoria geral da República
denunciou Renan Calheiros ao STF, dessa vez por lavagem de dinheiro e corrupção
na Operação Lava Jato. Os políticos citados nesses casos, negam o envolvimento
e segundo o noticiário, tentam cancelar a delação.
Ser réu no STF e citado em vários escândalos de corrupção
parece não ser tão relevante, no caso do Senador Renan. A prioridade total é a
garantia de que a agenda de Michel Temer e de sua base aliada seja levada à
diante com a votação da PEC 55 (241) que congela investimentos em educação e
saúde por 20 anos, a votação da Reforma da Previdência que impõe aposentadoria
aos 65 anos de idade e até 50 anos de contribuição, atacando os direitos dos
mais pobres para atender aos caprichos dos bancos na venda de planos privados
de previdência. Soma-se a esses projetos a MP do Ensino Médio, mudanças na CLT,
Lei de Terceirização, dentre outros. A corrupção foi relativizada para que
esses projetos nefastos aos trabalhadores sejam aprovados no Senado.
Nesse sentido, cabe questionarmos, qual a credibilidade destes
deputados e senadores para ocuparem as funções e decidirem a vida e o futuro de
milhões de pessoas trabalhadoras, cortando seus direitos? Pelo visto, a
corrupção escandaliza, porém os envolvidos se mantém em seus mandatos. No caso
de Renan, ele continuará seguindo a cartilha de Temer, com aval do STF,
enquanto for interessante para ambos. Já os trabalhadores serão atacados duplamente
pelo governo golpista, sofrendo as consequências da corrupção, e a retirada dos
seus direitos, ampliando a exploração, precarizando ainda mais as condições de
trabalho e diminuindo a remuneração. Para barrar tantos retrocessos, os
trabalhadores só têm a si mesmos, sua união, organização e luta. Essa deve ser
a prioridade!
Regis Clemente da Costa
Tema da Semana:
Decisão do STF em manter Renan Calheiros na Presidência
do Senado