Conselho Da Comunidade
Educação: nebulosas expectativas
Administrador | 26 de setembro de 2016 - 02:22
Por Marcos Lins Condolo
O
assunto que tem pautado as atenções da opinião pública ultimamente diz respeito
às propostas apresentadas pelos candidatos à chefia do Poder Executivo de Ponta
Grossa, sendo assaz oportuno tecer comentários a respeito, pois, “só os tolos
acreditam que política e religião não se discutem e, é por este motivo, que os
ladrões permanecem no poder e os falsos profetas continuam a pregar aos
incautos.”
Especificamente,
acerca das propostas voltadas ao sistema educacional do município, a sociedade
precisa compreender que somente a educação tem a capacidade de provocar
sensíveis transformações na conjuntura político-social do país. Vejamos o
exemplo do Brasil e da Coréia do Sul na década de 1960, quando os dois países apresentavam-se
como típicas nações do mundo subdesenvolvido, detentores de taxas de
analfabetismo significativas.
Passados
40 anos, um abismo separa nosso país da minúscula nação asiática. A Coréia,
além de exibir taxas de crescimento econômico invejáveis, erradicou o
analfabetismo e consagrou-se na exportação de tecnologia para o mundo, em face
do grande percentual da juventude cursando as universidades, resultado do
maciço investimento na educação.
Como
sabido, o Brasil possui um combalido sistema educacional, em que a União e os
Estados, aos poucos e de forma sistemática, vêm transferindo suas
responsabilidades aos municípios. Consiste na cruel e perversa desoneração do
mais rico em detrimento do mais pobre, no quesito relacionado à distribuição da
arrecadação tributária. Aliado a isto, deparamo-nos com a PEC 241/16, que trata
da limitação dos gastos públicos, o que gerará impactos profundos na educação,
impedindo avanços na Educação Infantil e em qualquer outra etapa da educação
básica, pela simples limitação de recursos financeiros. Sem deixar de citar o
Projeto de Lei Complementar 257/16, que impõe uma série de restrições fiscais
às entidades políticas, atacando diretamente os direitos adquiridos pelos servidores
públicos, inclusive os professores.
Portanto,
qualquer proposta eleitoral que tenha a pretensão de ampliar os gastos no setor
de educação, seja na valorização da carreira do magistério ou no aumento da oferta
de vagas na educação básica, trata-se de ledo engano, falácia ou utópico e
inexequível programa de governo, pois, certamente as referidas alterações
legislativas serão sancionadas em breve, tornando-se aplicáveis já no início do
ano de 2017, impactando sobremaneira na qualidade do ensino brasileiro e contribuindo
para o rebaixamento das expectativas de crescimento do país, permanecendo a
escola sucateada e despojada de recursos, à margem do interesse público.
Marcos Lins Condolo
Valorizar o professor é o caminho para melhorar a Educação?