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‘Mad Max - Estrada da Fúria’ une espetáculo e crítica social

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André Packer

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É praticamente unanimidade. ‘Mad Max - Estrada da Fúria’ consta em quase todas (se não em todas) as listas dos melhores filmes de 2015. O quarto integrante da saga dirigida por George Miller pode ser considerado uma homenagem apoteótica à trilogia estrelada por Mel Gibson nos anos de 1979, 1981 e 1985. Não se trata de continuação, mas de uma obra que reúne elementos das anteriores. Quem não assistiu aos lançamentos lá do fim da década de 70 e início dos anos 80 não será prejudicado. E isso já é algo de destaque: todo filme bom que se preze deve sustentar-se por si próprio.

Obviamente, as qualidades não se esgotam aí. ‘Mad Max – Estrada da Fúria’ é um espetáculo que congrega arte e crítica social. É evidente a concepção artística de um filme de gênero que, além de investir poderosamente em seu elemento essencial (a ação), também lembra características de circo, teatro e show de rock em meio aos cortes rápidos que concedem ritmo alucinante à narrativa.

O contexto retratado é o mesmo dos filmes anteriores: um futuro pós-apocalíptico no qual a humanidade luta para conseguir recursos básicos como água e combustível. Grupos de criminosos com figurinos extravagantes, mas chamativos, continuam vagando pelo deserto. É nesse cenário que o ex-policial Max (desta vez interpretado por Tom Hardy) encontra Furiosa, personagem de destaque soberanamente encarnada por Charlize Theron. Ambos recebem maior atenção do roteiro em meio a muitas perseguições e explosões cuidadosamente coreografadas e enquadradas. A fotografia apoia-se em uma paleta de cores variada e intensa, mas investe mais em tons azuis e amarelos.

Nesse mundo de fogo, sangue e areia pipocam críticas sociais não tão implícitas. São bem óbvias, inclusive, as alusões à crise hídrica, a regimes ditatoriais e ao papel das mulheres na sociedade. Existe uma espécie de inversão da máxima popular “por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher”.

“Toda unanimidade é burra”, entrega Nelson Rodrigues em sua frase clássica. No caso específico de ‘Mad Max – Estrada da Fúria’, a frase que abre este texto é uma questão de justiça, não de burrice.

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