Coluna Fragmentos: O movimento estudantil e a UNE | aRede
PUBLICIDADE

Coluna Fragmentos: O movimento estudantil e a UNE

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

No dia 12 de novembro de 1980 o JM publicou matéria sobre as eleições da UNE e da UPE
No dia 12 de novembro de 1980 o JM publicou matéria sobre as eleições da UNE e da UPE -

João Gabriel Vieira

@Siga-me
Google Notícias facebook twitter twitter telegram whatsapp email

No dia 12 de novembro de 1980, o Jornal da Manhã publicou matéria sobre a importância da representação estudantil e sua atuação ativa na sociedade e sobre a segunda eleição para a União Nacional dos Estudantes (UNE), depois de sua legalização jurídica.

Se hoje existem discussões acerca da efetiva representação que este órgão tem em nosso país, divergências entre seus membros (fato que acarretou na formação na UNE vermelha - Conlute), e polêmicas que envolvem um possível aparelhamento da UNE a partidos políticos, se faz necessário reconhecer a importância desta organização da sociedade civil em vários momentos e contextos de nossa história.

Grande parte das pessoas associa a formação e a atuação da UNE com o período em que o Brasil passou pela ditadura militar (1964-1985), porém sua estruturação se deu algumas décadas antes. Com o objetivo de representar os estudantes de Ensino Superior, a UNE foi criada no ano de 1937, durante o I Congresso Nacional de Estudantes, na cidade do Rio de Janeiro.

Desde seu início a organização buscou discutir temas sociais, políticos, educacionais e culturais. No fim da década de 1930 e durante os anos 40, lutou contra a ditadura do Estado Novo varguista, denunciando as arbitrariedades e torturas executadas a mando daquele governo contra os opositores do regime. 

Ainda nesse período, os membros da União Nacional dos Estudantes protestaram contra a participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial, contra a simpatia do governo com países do Eixo (Alemanha, Itália e Japão), e contra a entrada e disseminação de ideais nazi-fascistas em nosso país.

Outro movimento encampado também pelos estudantes, juntamente com outros intelectuais e setores organizados da sociedade civil, foi o que envolveu a nacionalização do petróleo, em uma campanha que ficou conhecida como “O petróleo é nosso”. Tais reivindicações foram essenciais para a criação da Petrobrás, no ano de 1953.

Nos anos seguintes, durante a década de 1950, influências de partidos de esquerda e de direita perpassaram o controle da organização, porém a partir de 1956, com claro e majoritário posicionamento de tendência esquerdista, a UNE, juntamente com outras organizações formou a Frente de Mobilização Popular, defendendo mudanças sociais profundas.

Durante a década de 1960, em consonância com um cenário que atingiu grande parte do globo, o movimento estudantil cresceu e tomou vulto. Iniciaram nesta época os DCE’s (Diretórios Centrais de Estudantes) e os DA’s (Diretórios Acadêmicos). Em 1964, com a instauração do golpe militar que atingiu nosso país, a sede da UNE na praia do Flamengo foi invadida e incendiada. Através da lei Suplicy de Lacerda a organização foi posta na ilegalidade. Com o Ato Institucional número 5, no ano de 1968, o cerco contra a UNE se fechou ainda mais e muitos estudantes foram presos, torturados e assassinados. Mesmo assim, a organização estudantil, juntamente com outros setores da sociedade, continuou lutando pelo fim da ditadura e por melhorias sociais.

No fim da década de 1970, teve início a reconstrução da UNE, e durante os anos 80, os estudantes participaram ativamente do movimento “Diretas Já”, a favor da redemocratização do país. Se nas últimas eleições elegemos para presidente uma mulher que foi presa e torturada devido a sua luta contra o regime militar, devemos muito a luta incansável de muitos estudantes organizados que reivindicaram a volta de nossos diretos políticos.

.

No Paraná 

Em nosso estado a União Nacional dos Estudantes sempre teve grande representatividade. Para cada estado brasileiro foi organizada uma entidade estadual, sendo a do Paraná intitulada UPE – União Paranaense dos Estudantes. Para Uniões Estaduais cabem as tarefas de divulgar as atividades da UNE, desenvolver programas próprios conforme a realidade e a necessidade de seu estado, e a eleição de delegados e diretores para a entidade nacional. Em 1980, a UPE foi reconstruída e as primeiras eleições diretas foram realizadas para a escolha de seus representantes. Três chapas concorreram aos cargos. Foram elas Viração, Canto Geral e Liberdade e Luta. Em Ponta Grossa, observou-se grande movimentação e organização dos estudantes quando da eleição, principalmente a favor da chapa Canto Geral, a mais apoiada entre os estudantes ponta-grossenses.

.

O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 09 de janeiro de 2011.

Coluna assinada por Amanda Cieslak Kapp, historiadora, doutora em história pela UFPR e professora da Unibrasil e do Instituto Federal do Paraná/Campus Pinhais.

PUBLICIDADE

Participe de nossos

Grupos de Whatsapp

Conteúdo de marca

Quero divulgar right

PUBLICIDADE