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Quando a solidão transborda

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Tiago Bubniak

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Gastronomia é tema bastante recorrente no cinema. Mas nem todos os filmes que o enfocam têm a sensibilidade de ‘Sabor da Vida’, da diretora japonesa Naomi Kawase. A paciência e a dedicação que o preparo de um bom prato requer aproximam Sentaro (Masatoshi Nagase) e Tokue (Kirin Kiki). Sentaro é gerente de uma lanchonete que comercializa dorayakis, pequenas panquecas recheadas com uma massa doce de feijão. Certo dia, Tokue, uma senhora de 76 anos, aparece oferecendo-se em busca de emprego. Sentaro dispensa de imediato, mas a insistência de Tokue o faz mudar de ideia, sobretudo quando experimenta uma porção do doce de feijão feito por ela.

A temática da alimentação é apenas pretexto para um desfile de sutilezas a respeito de assuntos como paciência, talento, projetos de vida, parceria, complicações que o sucesso traz, preconceito e, sobretudo, solidão. ‘Sabor da Vida’ destaca personagens isolados em busca de conexão. As pessoas atomizadas que o filme mostra são uma crítica explícita do isolamento a que o ser humano hoje submete-se (ou é submetido).

Belas imagens complementam o filme. Sobretudo das famosas cerejeiras, símbolo do Japão. E elas não estão nas cenas apenas por razões estéticas: são importantes para expor a passagem do tempo. ‘Sabor da Vida’ é carregado de poesia. Um filme que, em sua riqueza de mensagens nas entrelinhas (ou nem tão nas entrelinhas assim), faz um suave (e, ao mesmo tempo, poderoso) convite para que se preste atenção nas pequenas coisas do cotidiano. Com esse filme é possível recordar-se que até os feijões, principais ingredientes do recheio doce dos dorayakis, têm histórias para contar. Basta dedicar um pouco de tempo para garimpá-las.

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