Filme canadense usa crianças para falar de amadurecimento
Publicado: 02/08/2015, 08:25

França e Canadá têm algo a mais em comum além do idioma. Assim como o cinema francês, as produções cinematográficas canadenses também demonstram rara sensibilidade para expor aspectos da vida humana com naturalidade e competência narrativa. Que o digam ‘Meus 533 Filhos’, ‘Mommy’ e ‘O que Traz Boas-Novas’, do diretor Philippe Falardeau. O filme conta a história de Bachir Lazhar (Mohamed Fellag), um imigrante argelino que passa a atuar como professor substituto no Canadá em uma classe cuja professora cometeu suicídio na própria escola.
Toda a obra preocupa-se em mostrar o processo de superação do fato que, pela gravidade, volta com frequência. Apesar de todos os esforços para dissolver as consequências do ocorrido, ele insiste em pautar pensamento, falas e atitudes de alunos e professores. Nesse percurso que o filme faz (e, portanto, convida o espectador a fazer), existe uma delicada exposição da relação que se estabelece entre um professor e sua turma. Lazhar é uma espécie de “camaleão”, que ora atua como educador, ora como pai, ora como psicólogo. Obviamente, não é uma tarefa fácil. Sobretudo para quem já tem suas mazelas particulares para tratar.
‘O que Traz Boas-Novas’ usa crianças para falar de temas bem adultos: suicídio e maturidade para lidar com a morte, além de pincelar com delicadeza a dinâmica e a riqueza do processo educacional em sala de aula. Sem dúvida, é um filme denso, tenso, intenso, construído para agradar a poucos. Mas os que se deixarem atingir corretamente por ele, certamente sairão da “viagem” renovados, crescidos e mais humanos.