Casal de empresários de PG tem prisão preventiva decretada por homicídio
Decisão judicial ocorre no âmbito do inquérito sobre a morte de Ricardo de Oliveira Osinski, que foi torturado, morto e teve o corpo jogado às margens da Estrada do Alagados
Publicado: 29/05/2025, 13:08

A Justiça converteu, no final da tarde de ontem (28/05/2025), as prisões temporárias em prisões preventivas de três investigados pelo homicídio de Ricardo de Oliveira Osinski. O corpo da vítima foi encontrado no dia 26 de março de 2025, na Estrada do Alagado, área rural de Ponta Grossa, com diversos golpes de arma branca.

Os investigados são o casal proprietário da clínica terapêutica "Só Por Hoje" e um interno da instituição, de 25 anos, que confessou ser o executor material do crime durante a Operação Cuidado Fatal, realizada em abril.
ESQUEMA CRIMINOSO REVELADO - As investigações da Polícia Civil revelaram um esquema criminoso de extrema gravidade e frieza calculista. Segundo o interno que confessou o crime, a vítima foi mantida em cárcere privado na residência do casal por vários dias, sendo sistematicamente dopada com medicamentos para controlar seus movimentos e facilitar os furtos de sua conta bancária.
Prosseguindo nas investigações, foram coletadas evidências de que semanas antes do crime, a vítima chegou a ser agredida com descargas de arma de choque elétrico pelo homem de 25 anos, que foi mantido sobre vigilância do dia 11/03 até a data de sua morte (26/03/2025).
As investigações revelarem ainda que o homicídio foi ordenado após a vítima manifestar desconfiança e, acompanhada do suspeito de ter executado a vítima, ter procurado auxílio jurídico. A conversa com o advogado foi inclusive registrada em um áudio gravado pelo investigado.
As investigações identificaram ainda a existência de mensagens entre os investigados coordenando a ocultação de provas, incluindo orientações sobre limpeza do veículo da vítima, apreendido dias após o achado do corpo de Ricardo.
Em uma das gravações obtidas, foi possível constatar a dona da clínica orientando sobre como manter Ricardo dopado no dia em que a filha da dona da clínica (fruto de outro relacionamento) iria à residência do casal, onde Ricardo era mantido. A investigada disse: "dê um remédio para ele empacotar. Qualquer coisa, menos ele aparecer lá na casa".
"Enquanto a vítima ainda estava hospitalizada na UPA, foram desviados R$ 86.500,00 de sua conta bancária"
Mesmo após o homicídio, os investigados coordenaram ações sistemáticas para frustrar as investigações. Conversas recuperadas mostram a preocupação com a perícia no veículo: "Você limpou o carro??"; "Vão fazer perícia"; "Traga a chave aqui".
O casal chegou a sugerir plantar evidências falsas no veículo para confundir a investigação.
RELEMBRE O CASO - A Polícia Civil do Paraná, através do setor de homicídios, prendeu na quinta-feira (10) um casal proprietário da clínica de reabilitação "Só Por Hoje" em Ponta Grossa, suspeito de envolvimento no assassinato de Ricardo de Oliveira Osinski e desvios de mais de R$ 143 mil de sua conta bancária.
O caso começou a ser investigado após o corpo de Ricardo, de 40 anos, ser encontrado na área rural de Ponta Grossa, na Estrada do Alagado, no dia 26 de março, com diversos golpes de arma branca. A vítima era um ex-paciente da clínica terapêutica administrada pelos suspeitos.
No curso das investigações, descobriu-se que no dia 11 de março a vítima foi hospitalizada após um acidente ocorrido em uma pousada. O proprietário da clínica, identificado como contato de emergência de Ricardo, foi chamado ao local. Após ter acesso aos pertences de Ricardo e ao seu aparelho celular, iniciaram-se diversas transações bancárias em favor da clínica terapêutica e de seu proprietário.
Conforme o Delegado Luís Gustavo Timossi, "enquanto a vítima ainda estava hospitalizada na UPA, foram desviados R$ 86.500,00 de sua conta bancária". Verificou-se ainda que após a alta médica, Ricardo não teria mais sido visto, período em que os desvios de sua conta bancária intensificaram-se, não cessando nem mesmo após sua morte.
Na primeira fase da investigação, além das prisões temporárias, a Justiça determinou a expedição de mandados de busca e apreensão em diversos endereços ligados ao casal, onde foram encontradas bicicletas adquiridas com o dinheiro da vítima. Também foi determinado o bloqueio de bens e valores do casal e da clínica até o montante desviado.
"As evidências apontam para um crime premeditado com motivação financeira. Há fundada suspeita de que os suspeitos teriam se aproveitado da vulnerabilidade da vítima, que era dependente química, para obter acesso às suas contas bancárias", explicou o delegado responsável pela investigação.
Com informações da Polícia Civil.