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Em nota, dentista de PG diz ser 'condenado por salvar vidas'

Defesa de Murilo Postiglioni Neme divulgou detalhes do processo sob a ótica do réu

Dentista relata que profissionais disseram em juízo que doença informada por ele existia
Dentista relata que profissionais disseram em juízo que doença informada por ele existia -

Da Redação

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A condenação do cirurgião dentista Murilo Postiglioni Neme pela 1ª Vara Criminal de Ponta Grossa segue repercutindo no município e entre profissionais de saúde na região. Na manhã desta quinta-feira (01), a defesa do cirurgião, composta pelos advogados Elias Mattar Assad, Louise Mattar Assad e Wilson Ribeiro Júnior, divulgou uma nota à imprensa, escrita por Murilo, trazendo detalhes dos depoimentos prestados por profissionais da odontologia ao longo do processo.

Na nota enviada pelos advogados, são citados profissionais que teriam dito em juízo que o tratamento odontológico informado por Murilo aos pacientes de fato existia, diferente do que teria dito o Conselho Regional de Odontologia (CRO) à Justiça. A defesa do dentista confirmou que irá recorrer da decisão que condena Postiglioni a 4 anos, 1 mês e 25 dias de detenção. Confira a nota íntegra:

Nota à imprensa

Livre-docente em Odontologia pela UEPG e pós-doutor em periodontia pelo ‘The Forsyth Institute/Harvard University – Boston (EUA)’ afirmou em juízo que se doenças se não tratadas, poderiam, consequentemente levar a paciente a óbito.

"Essas pacientes relataram em juízo que estavam com dor, com sangramento na gengiva, que tem sangramento até hoje, que perderam os implantes onde existia infecções no dia da consulta. Foi comprovado que tinha doença quando consultaram comigo. Foi comprovado que o tratamento com laser e oxigênio BlueM existe e tem registro na ANVISA. Essa sentença vai na contra mão da ciência. Em juízo, nove cirurgiões dentistas confirmaram que tem doença causada por bactérias através da análise dos exames realizados no dia da consulta, e afirmaram que se essas bactérias atingissem a corrente sanguínea poderiam levar a pessoa a óbito. Três médicos atestaram através dos exames apresentados em juízo que as pacientes possuíam doenças bucais e que essas doenças se não tratadas podem levar a pessoa a desenvolver doenças em outras partes do corpo como o coração, o cérebro, o estômago, podendo causar também sepses.

O Professor Vitoldo Antônio Koslowski Júnior, Livre-Docente em Odontologia pela UEPG e Pós-Doutor em Periodontia pelo The Forsyth Institute/Harvard University/Boston/USA esteve no tribunal durante duas horas e quarenta minutos analisando os exames de todas as pacientes, confirmou que tinha doença em todos os casos, e chegou a afirmar que, “sem sombra de dúvida”, aquelas doenças se não tratadas, poderiam, consequentemente levar a paciente a óbito.

O cirurgião-dentista Jeferson Droppa, responsável pela Vigilância Sanitária da Secretaria de Saúde de Ponta Grossa, também confirmou a presença de doenças em juízo. Entre elas a doença cárie, doença gengival e que as doenças que visualizou são causadas por bactérias, inclusive usou o termo “precária”, para esse tipo de condição bucal, e que essas doenças podem levar a problemas cardíacos, renais e oncológicos. E que o dever do cirurgião dentista é eliminar os focos de infecção.

A cirurgiã-dentista  Cristina Sayuri Nishimura Miura, Mestre em Microbiologia pela Universidade Estadual de Londrina ao ser perguntada a respeito dos exames em juízo falou que visualizou cáries que infeccionam o coração e levam a óbito. 

A professora da UEPG, Ana Cláudia Rodrigues Chibinski, Doutora em Odontologia, também afirmou em juízo visualizar a presença de cáries e grande destruição dentária e que essas doenças podem levar a doenças cardíacas como a Endocardite Bacteriana e também uma bacteremia.

O Diretor do Curso Positivo de Ponta Grossa e Cirurgião Dentista Marcelo Assad, também afirmou em juízo existir doenças periodontais, doença cárie e que são causadas por bactérias. Também classificou como precária a condição bucal que analisou, disse que são doenças graves e pode evoluir para câncer. Que essas doenças podem evoluir e levar a óbito. Marcelo Assad também afirmou que teria a mesma conduta como cirurgião dentista que Murilo.

O médico Maurício Hernandez Ferreiro, que é cirurgião do Aparelho Digestivo, e que o aparelho digestivo começa na boca e termina no ânus. Afirmou que examina a boca, a língua. Que a má higiene oral, próteses mal adaptadas, má nutrição e principalmente o tabagismo, aumentam os os riscos de desenvolver um câncer de boca. Quando foi questionado sobre os exames apresentados, relatou inchaço, edema e inflamação na boca.

O médico reumatologista, intensivista e professor do curso de Medicina da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) Marcelo Derbli Schafranski,  afirmou para a justiça ao analisar os exames juntados no processo que aqueles casos se não tratados poderiam levar a sepses, infecção sistêmica, causando doença a distância como pneumonia. Analisando os casos em juízo afirmou visualizar dentes e gengivas em péssimas condições de higiene e também coleção purulenta.

O médico neurologista e doutor em Medicina Interna Carlos Henrique Ferreira Camargo, ao analisar os casos em juízo, afirmou que lhe apavora muito a possibilidade de haver doenças vasculares, levando êmbolos cardíacos para o cérebro, fazendo acidentes vasculares encefálicos, e também rompimento de aneurismas no cérebro. E quando perguntado a respeito dos casos em juízo afirmou que aquelas situações bucais podem levar a um aneurisma micótico e rompimento com hemorragia cerebral, pode ter abcesso cerebral e sepses, meningoencefalite,  trombose do seio cavernoso,  sepses e um choque séptico.

Tenho o direito de diagnosticar, planejar e executar tratamentos, com liberdade de convicção de acordo com os direitos fundamentais do Cirurgião Dentista no Brasil. Isso está dentro do Código de Ética Odontológico do Conselho Federal de Odontologia. Não vou me calar diante desta situação que denigre todas as profissões relacionadas às ciências da saúde, vamos até o Conselho Federal de Odontologia, a Organização Mundial de Saúde (OMS), a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), o Conselho Federal de Medicina, o Instituto Latino Americano de Sepse, Associação de Medicina Intensiva Brasileira, a Global Sepsis Alliance e toda comunidade científica que trabalha em prol da saúde. Com 35 mil pacientes atendidos na minha carreira, continuarei firme no meu propósito.

É inadmissível, numa era pós pandemia, após o mundo falar tanto de saúde, nós cirurgiões dentistas não podermos falar que doença cárie pode levar a sepses, a endocardite bacteriana e ainda correr o risco de responder por crime contra o consumidor. Não podemos ser negacionistas que cárie pode levar a morte, que má higiene oral e próteses mal adaptadas podem causar câncer de boca.

Na sentença, a justiça reconhece que o tratamento existe, que as doenças existem, mas que a identificação das bactérias só seria possível por meio de cultura, e devido a ausência do meio de cultura, me condena por não poder comprovar que as pacientes portavam uma bactéria gravíssima. Estou sendo condenado por salvar vidas"

Murilo Postiglioni Neme

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