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À esquerda, pela primeira vez

Afonso Verner

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Pela primeira vez na história, Ponta Grossa escolheu um candidato legitimamente de esquerda: a eleição de Aliel Machado (PCdoB) para o cargo deputado federal representa uma mudança considerável na visão do eleitorado do município. Acostumada com representantes de orientação mais conservadora, a cidade registrou votação recorde para o jovem comunista, vindo de uma comunidade pobre e representante de movimentos sociais.

Acostumado a eleger candidatos com pensamento de direita, os eleitores pontagrossenses deram um voto de confiança à Aliel - jovem de apenas 25 anos é o deputado federal eleito mais novo do Paraná e vem de uma tradição ligada a movimentos sociais, política estudantil e tem posicionamentos divergentes do establishment da política local, o que 'destaca' Aliel da maioria dos candidatos.

Os eleitores pontagrossenses sempre tiveram "um pé atrás" com candidatos ligados a movimentos sociais - Roberto Requião (PMDB) e Osmar Dias (PDT), que tem ou tinham ligação com tais correntes, sempre tiveram grandes dificuldades para angariar votos na cidade e ambos acabaram derrotados por Beto Richa (PSDB) ainda no primeiro turno.

Um exemplo recente desse padrão na política é a mudança dos anos 80 para 90. A partir dos anos 80, a cidade experimentou uma sequência de três governos seguidos que davam continuidade ao padrão tradicional local. Começou com Otto Cunha (eleito pelo PMDB em 1982), logo após foi a vez de Pedro Wosgrau Filho (eleito pelo PDC em 1988) e terminou com Paulo Cunha Nascimento (eleito pelo PDC em 1992) - os três empresários e/ou políticos locais ligados a setores mais que tradicionais da política de PG.

Com perfil 'oposto' ao dos prefeitos anteriores, Jocelito Canto (PSDB) chegou a Prefeitura em 1996. Ainda que Jocelito se distancie do perfil da elite política local, as opções de governo colocam-no no grupo dos populistas de direita.

Com o 'desgaste' de políticas públicas conservados, após o governo de Jocelito, o eleitor local resolveu dar um voto de confiança  para Péricles Holleben Melo (eleito pelo PT em 2000). Ainda que seja identificado com opções políticas progressistas, Péricles (padrinho de Aliel) se aproxima do perfil pessoal dos governantes anteriores a Jocelito. Em alguma medida, principalmente nos aspectos pessoais, o petista representou a continuidade na política local.

Em contrapartida a essa situação, Aliel se apresenta (em tese) como renovação política - eleito vereador em 2012, chegou a presidência da Câmara depois de uma votação conturbada. No cargo, o jovem teve atuação marcante, enfrentou velhos ícones da política da cidade e ganhou notoriedade depois da novela que envolveu o fim da greve no transporte coletivo em PG.

Além disso, Aliel também teve a passagem marcada por medidas que desagradaram velhos conhecidos da política de Ponta Grossa - como presidente da Câmara, Machado descontou o salário de vereadores faltosos, restringiu o uso do celular na tribuna e adotou outras medidas para ajustar a conduta dos vereadores durante as sessões.

Além de ter eleito um deputado federal de esquerda pela primeira vez, a cidade ganha um reforço em Brasília: Aliel e Sandro Alex (PPS) serão os dois representantes de PG na capital federal.

Além de ganhar em número, a vitória de Aliel traz outra vantagem para PG e região: representantes políticos de eleitorados totalmente distintos, os dois devem representar um avanço na força política da região e também na visão sobre propostas e políticas públicas.

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