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O que o Jardim Amália, Minas Gerais e Paris têm em comum?

Afonso Verner

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Em setembro, Ponta Grossa foi gravemente afetada por um temporal que atingiu pelo menos cinco mil pessoas e deixou um rastro de destruição no Jardim Amália. Em novembro o rompimento de duas barragens de dejetos da mineradora Saramarco causou uma tragédia sem precedentes em Minas Gerais e na última sexta-feira (13) ataques terroristas causaram a morte de 129 pessoas em Paris. O que esses acontecimentos tão distantes geograficamente têm em comum?

As causas dos fatos são notavelmente distintas: em Ponta Grossa, os danos foram causados por forças naturais; em Minas Gerais a tragédia ainda está sendo investigada, mas a negligência da empresa e abalos sísmicos na região são apontados como possibilidades pelo Ministério Público; e na França as mortes foram provocadas pela ação do grupo terrorista Estado Islâmico - organização tida como "radical" até mesmo pelos líderes do Talibã.

Fatos tristes mas totalmente diferentes causaram reações parecidas nas redes sociais: a intolerância voltou a tomar conta do Facebook e do Twitter. Um aplicativo para aplicar as cores da bandeira francesa na foto de perfil dividiu os usuários do Facebook, já no Twitter a guerra aconteceu através de hashtags - quem sofria mais, franceses ou mineiros?

Acontecimentos tão diversos provocaram uma nova divisão na audiência e através das redes sociais vários tipos de opiniões foram emitidas. No entanto, muitos internautas ativaram a função "fiscal do sofrimento alheio" e julgaram os coleguinhas tentando quantificar quem sofria mais, como se esse sentimento fosse matemático e alheio a outros fatores.

As manifestações de solidariedade dependem, principalmente, de fatores como proximidade: se o internauta é morador do Jardim Amália terá um postura diante do desastre causado pelas chuvas, se ele é originário de Minas Gerais emitirá um outro tipo de manifestação ao ver o seu estado natal mutilado pela lama e se há pouco tempo esteve em Paris terá outra postura diante dos ataques terroristas na Cidade Luz.

Batalhas midiáticas para 'provar' qual sofrimento é maior, pior ou mesmo mais legítimo só mostram como temos dificuldade em aceitar o pensamento alheio e, principalmente, a dor - o respeito se tornou artigo de luxo nos tempos modernos.

Desse modo, Jardim Amália, Minas Gerais e Paris têm em comum apenas o fato de terem se transformado em locais de dor e sofrimento, cabe a nós entender e respeitar as diversidades, principalmente nos momentos difíceis.

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