Cérebro de jovem “escorrega” para fora do crânio: “Doía todo dia”
Emily Cockerham, de 18 anos, luta contra uma malformação do crânio que a levou o cérebro a “escorregar” para a medula espinhal
Publicado: 06/03/2025, 16:17

Por uma malformação rara, a jovem Emily Cockerham precisou passar por duas cirurgias no sistema nervoso antes dos 18 anos. O problema permitiu que o cérebro da mulher “escorregasse” por um buraco na base da sua nuca e ficasse preso lá, causando dores intensas.
“Eu lutava contra dores diariamente e muito frequentemente tinha que tomar opioides como morfina para ter algum alívio. Mesmo com os remédios, muitas vezes era difícil levantar da cama”, lembra ela em um texto publicado no site de financiamento coletivo GoFundMe.
A jovem possui malformação de Chiari, em que parte do tecido cerebral é empurrado para dentro do canal medular em uma abertura pequena. O órgão gera pressão na medula, como se estivesse tentando passar pela ponta de um funil.
Adolescência com dores
Embora a condição só tenha sido corretamente diagnosticada quando Emily completou 16 anos, os sintomas tiveram início aos sete, quando ela começou a sentir dores de cabeça sempre que pulava na cama-elástica.
As dores progressivamente se intensificaram, a impedindo de participar de atividades físicas. A partir dos 11 anos, Emily passou a sentir dores de cabeça intensas todos os dias, mas os exames eram incapazes de identificar o que estava causando o sintoma.
Sem se conformar com o diagnóstico de enxaqueca, a família continuou procurando respostas até que uma ressonância magnética identificou a malformação.
Aos 16, após anos de sofrimento, Emily passou por uma cirurgia para aliviar a pressão no cérebro. Parte do crânio e da coluna foram removidos, mas o alívio durou pouco.
Dentro de um ano, os sintomas voltaram e ainda piores. Uma porção maior do cérebro escorregou pelo espaço que foi aberto na cirurgia anterior e a estrutura colocada na base da medula espinhal estava puxando o cérebro ainda mais para baixo.
Cirurgia para liberar o cérebro
A solução veio em novembro de 2024, quando Emily foi para a Espanha ser atendida em um instituto específico para pessoas com a malformação. Ela passou por um procedimento que corta o filum terminale, a ponta do tecido medular que se fixa no cóccix, impedindo que a medula se ancore e restringindo sua capacidade de puxar o cérebro pelo funil. A cirurgia é extremamente delicada.
“Agora posso viver a vida como qualquer outro jovem de 18 anos, incluindo ir trabalhar, me divertir com amigos e dirigir”, comemora Emily. A cirurgia inovadora só pode ser feita em pacientes que já passaram por outros procedimentos para controlar a malformação sem sucesso.
O que é a malformação de Chiari?
Segundo o Manual MSD, a malformação de Chiari ocorre quando parte do cérebro desce pelo orifício occipital, comprimindo a medula espinhal. Entre os sintomas mais comuns estão dores de cabeça, problemas de visão, fraqueza muscular e dificuldade de equilíbrio.
A condição pode ser causada por um excesso de líquido cefalorraquidiano no crânio (hidrocefalia leve) ou por uma formação de fossa craniana pequena. O Instituto Chiari de Barcelona indica que o aparecimento da patologia possui um componente genético e hereditário.
Com informações do Portal Metrópoles