PONTA GROSSA
PG tem mais de 160 pessoas em busca de adotar filhos
Gabriel Sartini | 15 de fevereiro de 2020 - 10:15

De acordo com a Vara
da Infância e da Juventude de Ponta Grossa, atualmente são 146 casais e 22
pessoas solteiras na fila em busca de um filho
Nos últimos cinco anos, Ponta Grossa conseguiu encaminhar
111 crianças para adoção, conforme dados da Vara da Infância e da Juventude
(VIJ) do município. Várias famílias se formaram, ou cresceram, graças à
estrutura do programa de adoção realizado na cidade, mas ainda assim, a fila de
pessoas que buscam uma criança para integrar às suas vidas ainda é alta no
município. São 166 pretendentes na fila, sendo 22 pessoas solteiras e outros
146 casais.
Quem fez parte dessa fila e conseguiu deixá-la em 2015 foi o
casal Robison e Soraya Queiroz. Depois de quase quatro anos em busca de uma
criança, em dezembro daquele ano finalmente veio a boa notícia: o Natal em
família teria um membro a mais. A demora deveu-se principalmente ao perfil
estabelecido pelo casal: uma criança de dois a quatro anos de idade, o que
configura adoção tardia. “Pelo que nos explicaram, primeiro o Judiciário faz
uma extensa pesquisa dentro da família biológica, porque o objetivo é sempre
manter a criança na família”, conta Soraya. “Quando esgotam a pesquisa e não
consegue reinserir a criança, daí ela é encaminhada para adoção”, complementa.
O número de crianças e adolescentes aptos para adoção é
reduzido, ainda conforme a VIJ. Atualmente existe um grupo de irmãos de 9, 10 e
11 anos de idade (dois meninos e uma menina), dois irmãos de 2 e 3 anos e uma
menina de 3 anos, todos já em processo de aproximação com os candidatos que
estão à frente na fila de espera. Além dessas crianças, há uma adolescente de
16 anos que ainda não está nesse processo.
A adoção de adolescentes, aliás, continua sendo um desafio:
das 111 adoções dos últimos anos, apenas dez foram de jovens a partir de 12
anos de idade. De acordo com a VIJ, o perfil mais procurado em Ponta Grossa é
de crianças de 0 a 4 anos, de ambos os sexos, de cor branca ou parda. Inclusive,
para formar a família, a idade das crianças é levada em consideração na
comparação com a idade dos pretendentes. A Justiça também leva em conta os
quesitos necessários à habilitação que estão previstos na lei federal 13.509. A
análise é feita por meio dos estudos sociais e psicológicos, que avaliam as
condições dos pretendentes nessas áreas, além do atendimento à documentação
exigida.
Para definir quem está apto, a Justiça considera
principalmente o aspecto motivacional dos casais em relação à adoção, segundo a
VIJ. O prazo para que um casal esteja habilitado costuma ser de seis meses, mas
o tempo de espera pode variar dependendo do perfil de criança estabelecido.
Para crianças de até quatro anos de idade, o tempo de espera costuma ser de
três a quatro anos.
Todo esse rigor tem seus aspectos positivos e negativos,
tanto para quem está na fila para adotar quanto para as crianças. “A gente
sabia que teria a criança como sonhávamos, já que preferimos buscar uma criança
mais velha do que a maioria dos casais, que costuma buscar bebês”, relembra
Soraya. “A demora deixa o casal angustiado, ano após ano ligam para renovar o
cadastro e também para perguntar se ainda queremos continuar na fila”,
complementa.
Quem deseja adotar deve se dirigir à Secretaria da Infância
e da Juventude da comarca de sua residência, onde será orientado sobre as
etapas de cadastramento e habilitação. Deverá preencher um formulário,
apresentar documentos, participar de preparação e avaliação psicossocial. Ao
final, se considerado habilitado pelo juiz, será incluído no Cadastro Nacional
de Adoção.
Grupos de adoção
orientam ‘futuros pais’
Em Ponta Grossa existem dois grupos de apoio à adoção que
trabalham com o mesmo objetivo: compreender melhor o que é adoção e todas as
suas particularidades. A Vara da Infância e Juventude de Ponta Grossa e o Grupo
de Apoio à Adoções Necessárias (GAAN) desenvolvem trabalhos que buscam informar
os pretendentes sobre a adoção e quais são os requisitos obrigatórios para que
os pretendentes possam se habilitar. O objetivo da VIJ é que os pretendentes
reflitam e sejam informados sobre o tema e os seis encontros realizados pelos
grupos auxiliam nesse processo.
Quem pode adotar
Pessoas maiores de 18 (dezoito anos), independentemente do
estado civil, que tenham sido avaliados e considerados aptos para adoção pelo
juízo da Vara da Infância e da Juventude. É necessário que haja uma diferença
de 16 anos entre adotante e adotado.