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Organizações regionais buscam medidas para "driblar" tarifaço; ACIPG cogita adotar “lay off”
Acipg propõe que empresas adotem "lay off" para conter prejuízos e um possível colapso do sistema econômico local
Iolanda Lima | 17 de julho de 2025 - 06:55

A onda de tarifaços propostas por Donald Trump, presidente dos EUA, tem gerado instabilidade e dúvidas sobre o futuro do mercado brasileiro. Na última quinta-feira (10), Trump enviou uma carta ao Palácio do Planalto informando que taxaria em 50% produtos brasileiros importado pelos americanos. Conforme o presidente dos EUA, a medida é uma retaliação ao tratamento que o ex-presidente Jair Bolsonaro tem recebido do Brasil e as decisões tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a respeito das empresas de mídias sociais americanas.
Nos Campos Gerais, algumas empresas já começaram a adotar meios para tentar “driblar” o sistema contra futuros prejuízos. Em Guarapuava, a Millpar, empresa do setor madeireiro da Região Central do Paraná, anunciou na última sexta-feira (11) a concessão de férias coletivas para seus funcionários por um período inicial de 15 dias. A medida começou a ser contada a partir desta segunda-feira (14). Em Jaguariaíva, a BrasPine, empresa responsável pela fabricação de molduras de Pinus, também adotou a medida de férias coletivas, que afetou cerca 700 trabalhadores da unidade.
A Associação Comercial, Industrial e Empresarial de Ponta Grossa (ACIPG), informou que vai fazer um levantamento das empresas da região, além de Ponta Grossa, para entender quais desses segmentos possuem negócios com os EUA e que serão afetadas caso não haja uma resolução dos problemas.
A organização deverá promover suporte aos produtores afetados, inclusive, adotando o modelo lay off, formato presente na legislação trabalhista, que suspende o contrato de trabalho, fazendo com o que o empregado deixe de receber o pagamento, mas mantém o vínculo empregatício, sendo recontratado posteriormente.
Segundo Nelson Canabarro, Diretor de Captação de Recursos da ACIPG, caso o governo brasileiro não tome medidas importantes, em 3 meses, o sistema econômico nacional poderá entrar em colapso. “O governo brasileiro precisa tomar uma medida urgente porque os negócios internacionais não acontecem assim do dia pra noite. São contratos de longa data, produtos que estão sendo transportados agora que já foram vendidos meses atrás e a reação brasileira vai definir o futuro do mercado”, destacou Neslon Canabarro.
A Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) acompanha os desdobramentos e consequências dessa taxação e os reflexos no setor industrial paranaense. Em nota, a organização diz estar participando da articulação nacional para tentar reverter a taxação “A Fiep informa que tem participado ativamente da mobilização que reúne as Federações das Indústrias do país, sob liderança da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que busca articulação com o governo federal brasileiro para que sejam esgotadas todas as possibilidades de negociação com a administração norte-americana”.
Segundo a FIEP, o setor industrial propõe que seja solicitado ao governo dos EUA uma ampliação de 90 dias no prazo para o começo da vigência da tarifa de 50% anunciada por Donald Trump, que está incialmente prevista para 1º de agosto. “Essa medida traria maior previsibilidade para as empresas e tempo para se encontrar caminhos para uma solução definitiva, com foco na adequação da taxação aos produtos brasileiros”, continua a nota.
O G7 Paraná, grupo que reúne sete grandes entidades do setor produtivo paranaense (Fecomércio, Faciap, Faep, Fiep, Fetranspar, Ocepar e ACP), se manifestou a respeito. “A organização se posiciona junto ao governo brasileiro, solicitando agilidade diante do anúncio da taxação de 50% sobre produtos brasileiros, que deverá ser imposta pelos Estados Unidos a partir de 1º de agosto”.
O grupo reforça que “as autoridades federais abram canais de diálogos efetivos com o governo norte-americano, buscando a anulação dessa medida e, assim, evitando prejuízos imensuráveis para a economia nacional.”
"Esperamos sensatez, agilidade e tato neste decisivo momento de negociação com os americanos, pois o Paraná, em especial, pode vir a perder competitividade com o aumento do valor dos produtos", disse o coordenador do G7, coronel Sérgio Malucelli.