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Sede da CCR PRvias será em Londrina e Acipg negocia subsede em PG
Ao reconhecer os impactos da falta de uma base de concessionária em Ponta Grossa, a Acipg busca uma alternativa para que a cidade seja priorizada pela empresa
Fernando Rogala | 11 de abril de 2025 - 06:52

A CCR PRvias, vencedora da licitação do ‘lote 3’ das concessões rodoviárias no Paraná, confirmou que a sua sede operacional será no município de Londrina, no Norte paranaense. Isso significa que embora Ponta Grossa seja abrangida por três lotes de concessão (1, 2 e 3), a cidade não terá uma sede sequer das novas concessões rodoviárias. Na concessão anterior, a sede da CCR RodoNorte ficava em Ponta Grossa, onde gerava mais de 100 vagas de emprego diretas – no total, eram mais de 600 colaboradores. Ao reconhecer os impactos da falta de uma base de concessionária em Ponta Grossa, a Acipg busca uma alternativa para que a cidade seja priorizada pela empresa.
De acordo com a PRvias, a decisão da escolha por Londrina aconteceu pela localização estratégica da cidade no Estado, especialmente em relação ao novo escopo da concessão. “A cidade está próxima de importantes rodovias que passaram a integrar o contrato da CCR, como as estaduais PR-090, PR-170, PR-323, PR-445 e as federais BR-373, BR- 369 além da BR-376. Essa malha rodoviária concentra um volume significativo de obras e operações, o que reforça a importância de Londrina como polo logístico e administrativo para a nova concessão”, informou ao Portal aRede, em nota.
Como Ponta Grossa fica em um ‘extremo’ da concessão, houve a decisão por escolher uma cidade onde a sede ficaria mais ‘centralizada’. “Ponta Grossa segue sendo uma cidade relevante para as operações da empresa. No entanto, a escolha por Londrina está diretamente relacionada ao novo traçado da concessão e à necessidade de proximidade com as rodovias contempladas no atual contrato”, detalhou a CCR PRvias.
Hoje, a CCR PRvias conta com uma equipe com mais de 500 colaboradores, distribuídos em 13 bases operacionais. Apenas na sede administrativa em Londrina, por exemplo, atuam cerca de 80 profissionais, de diversas áreas de apoio. “Importante destacar que uma das bases de Serviço de Atendimento ao Usuário (SAU) está localizada na cidade de Ponta Grossa, o que mantém a presença da empresa na região”, detalha a concessionária.
Como essa decisão da sede em Londrina é irreversível, a Acipg tenta reverter parcialmente. Para a entidade, é de suma importância que Ponta Grossa tenha uma unidade operacional da CCR, e por isso, já está em contato com a empresa, para validar essa alternativa. “A Acipg mantém tratativas com a CCR, solicitando que a empresa mantenha uma estrutura em Ponta Grossa, mesmo que não seja sua sede principal. Já encaminhamos um pedido formal, reforçando a relevância dessa medida para o desenvolvimento econômico do município, uma vez que a instalação traria geração de empregos, receitas e um diálogo permanente com os responsáveis pela administração das estradas”, informou a Acipg, em nota, à reportagem.
Nessa nota enviada à redação, a Acipg informou ‘lamentar’ a decisão das concessionárias de rodovias de não se instalarem em Ponta Grossa. “Entendemos que a presença física dessas empresas em Ponta Grossa seria de suma importância, não apenas para facilitar o acesso a informações e estreitar o relacionamento com a comunidade, mas também pelo fato de nossa região concentrar um elevado número de rodovias, demandando uma interlocução mais próxima com os gestores”.
A preocupação da Acipg vai além do impacto econômico ao município, mas também se refere à preocupação quanto à qualidade nos serviços a serem prestados. “Reconhecemos que se tratam de decisões estratégicas das empresas, mas esperamos que os impactos dessas escolhas não comprometam a qualidade dos serviços prestados na região. A Acipg segue atenta ao tema e continuará trabalhando para que Ponta Grossa seja cada vez mais valorizada como um polo logístico e empresarial de destaque”, detalhou a entidade.
Prefeitura destaca recolhimento de imposto
A reportagem do Portal aRede questionou a Prefeitura de Ponta Grossa sobre os impactos e as perdas para a cidade ao não ter a sede de uma empresa da concessão. O município, entretanto, não apontou nenhum problema, e retornou que “a decisão sobre o local da sede é de livre escolha da empresa”. Além disso, o município reforçou que esse fato também não impactará em alterações na arrecadação do imposto. “Não teremos perdas em relação à arrecadação do ISS, visto que este novo contrato desconsidera o município sede no cálculo do referido imposto. Ou seja: é considerado apenas o total em quilometragem das testadas das rodovias cujos municípios são abrangidos no Lote 3”, informou, em nota.
De acordo com o município, a perspectiva, inclusive, é de que a arrecadação seja de um valor até maior do que o repassado na concessão anterior. “Ponta Grossa possui a maior testada abrangida no Lote 3, e a arrecadação do pedágio de todo o lote será dividida proporcionalmente pelas testadas de cada município”, detalhou.
Além do mais, a Prefeitura lembrou que a maior obra do lote 3 será a construção dos dois contornos de Ponta Grossa, com obras que vão impactar diretamente na economia municipal. “Está prevista a construção de dois contornos estratégicos, com investimento de mais de R$ 1 bilhão, cujo ISS será revertido integralmente para o município de Ponta Grossa”, destaca.
Contratos serão assinados
A assinatura dos contratos rodoviários dos lotes 3 e 6 acontecem nesta sexta-feira (11). A informação é da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que detalhou que isso acontecerá de forma digital. Enquanto o lote 3 foi vencido pela CCR, o 6 teve como ganhador a EPR, que já administra um dos lotes já licitados – os leilões aconteceram na B3, em São Paulo, em dezembro do ano passado. A partir desse momento de assinatura, as concessionárias terão até 30 dias para assumir oficialmente os trechos licitados.