Debates
Contribuição no desenvolvimento de uma nova geração de brasileiros
Da Redação | 19 de maio de 2022 - 01:33
Por Anna Karina Pinto
À medida que a tecnologia avança, surge a necessidade de
termos modelos educacionais que atendam com diferentes metodologias e de forma
ampla às demandas da sociedade e do mercado de trabalho. Os estudantes,
especialmente aqueles que hoje estão no ensino médio, nasceram conectados e
esperam que a escola e a universidade apresentem a eles ferramentas e caminhos
muito mais dinâmicos, e que efetivamente promovam a colaboração e incentivem a
criatividade.
Para as novas gerações, atividades ligadas a prototipagem,
inovação, criatividade, design thinking, pensamento colaborativo e diversidade
já são familiares. É algo assimilado naturalmente por quem tem a conexão e a
dinâmica da internet como parte fundamental do dia a dia. Para mobilizar estes
jovens cheios de talento e vontade de fazer acontecer, a educação precisa se
transformar no sentido de olhar para necessidades reais, que possam ser
resolvidos de formas novas, ágeis e que incorporem elementos usados de maneira
intuitiva fora dos muros da escola. A abordagem STEM (sigla em inglês para
Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática) está muito conectada com isso.
Colocar em prática estes pilares, tornar palpável as teorias e ligar os
conceitos à prática é o que move os estudantes, e o que realmente faz a
diferença.
Neste sentido, os modelos verticais de educação vão abrindo
espaço, pouco a pouco, para projetos colaborativos, que promovam o conhecimento
compartilhado e para parcerias que fomentem o modelo de projetos, para além da
sala de aula. Os benefícios são muitos que se traduzem na formação de cidadãos
com múltiplas habilidades, que não se restringem ao conhecimento meramente
técnico. Aqui estamos falando, por exemplo, de criatividade, comunicação, colaboração
e inteligência emocional, atributos já muito demandados pela sociedade e pelo
mercado de trabalho.
Para se ter uma ideia, pesquisa da The School of Life com
491 profissionais brasileiros, de diferentes regiões, mostrou que 27,36% dos
líderes apontam que o espírito empreendedor é uma das habilidades que serão
mais relevantes no pós-pandemia. Entre os liderados, 33,33% disseram que a
confiança será o atributo mais importante. A segunda habilidade mais requerida
(23,65% dos chefes e 24,62% dos empregados) é a calma. Além disso, os
entrevistados também citaram comunicação, resiliência e confiança como aspectos
comportamentais considerados relevantes para o futuro do trabalho. O fato é que
este tipo de característica – os chamados soft skills – não serão
desenvolvidos se o aluno estiver somente dentro da sala de aula, participando
de atividades tradicionais de ensino, como aula expositiva, exercícios e
provas. É preciso ir além.
A conexão entre os setores público e privado, as escolas e a
academia é um fator fundamental para o sucesso desta educação mais dinâmica e
que pode gerar transformações sociais relevantes e com grande potencial de
aplicação prática. Um exemplo é o Solve For Tomorrow, iniciativa global da
área de Cidadania Corporativa da Samsung, e que teve a abertura das inscrições
da 9º edição anunciada recentemente no país.
Desde seu lançamento no Brasil, em 2014, o programa alcançou
mais de 160 mil estudantes, mais de 23 mil professores e cerca de 5.500 escolas
públicas. Ao todo, foram quase 10 mil projetos participantes. Percebemos que,
ano após ano – e mesmo no contexto da pandemia – o número de interessados vem
crescendo (houve um aumento de mais de 50% de escolas inscritas se compararmos
a oitava com a sétima edição), o que comprova que não falta, entre os
brasileiros, vontade em aderir a iniciativas que fomentem aprendizado, inovação
e que, principalmente, valorizem o talento e a capacidade dos jovens.
É preciso lembrar, ainda, que o mercado de trabalho
brasileiro segue demandando por profissionais qualificados nas áreas STEM. O
gap de profissionais de tecnologia, por exemplo, triplicou no Brasil de 2019
para 2021, segundo dados da Brasscom. O levantamento mostra que, enquanto forma
53 mil profissionais de tecnologia por ano, o país demanda por 159 mil. Para
2025, a expectativa é que esta demanda ultrapasse os 790 mil profissionais.
Não estamos falando apenas dos grandes centros brasileiros,
em que, apesar das dificuldades enfrentadas diariamente, os estudantes têm mais
oportunidades de acesso a novos modelos educacionais. Em um país continental
como o Brasil, é preciso pensar em como fazer com que estas iniciativas cheguem
às escolas mais distantes, dos diferentes estados, mesmo em locais remotos.
Ganham todos, pois o conhecimento e a cultura local impulsionam soluções ainda
mais próximas das reais necessidades.
Para além da inovação e da criatividade adicionada às
iniciativas, é preciso que elas sejam também, consistentes e duradouras.
Projetos perenes e que, além de ampliarem a atuação para mais escolas e
estudantes, adicionem conhecimento e aprendizado e se reinventem a cada edição.
Estes são alguns dos caminhos para capacitar as novas gerações e apoiá-las para
que alcancem seu pleno potencial. Entre os jovens, não falta vontade de criar,
inovar e produzir soluções que impulsionem o Brasil para um patamar mais
moderno e eficiente. A educação, sem dúvida, está no centro deste debate.
* Anna Karina Pinto é Diretora de Marketing Corporativo da
Samsung Brasil.