Cid: Bolsonaro buscava fraude nas urnas para justificar intervenção
Fala aconteceu durante julgamento da suposta trama golpista, no Supremo Tribunal Federal
Publicado: 09/06/2025, 18:38

O tenente-coronel do Exército Brasileiro, Mauro Cid, afirmou nesta segunda-feira (9), que o ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro (PL), esperava encontrar uma fraude nas urnas eletrônicas para convencer os comandantes das Forças Armadas a aderirem à tentativa de golpe para reverter o resultado das eleições de 2022.
A afirmação de Cid foi feita durante a audiência de interrogatório da ação penal da suposta trama golpista. Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Cid é primeiro réu do 'Núcleo 1' da trama golpista a ser interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da ação penal do golpe. O militar também está na condição de delator nas investigações.
Durante o depoimento, Cid disse que Bolsonaro e o general Walter Braga Netto, ex-ministro do governo e vice na chapa de 2022, esperavam encontrar uma fraude nas urnas para justificar uma intervenção militar no país. Por esse motivo, segundo Mauro Cid, o ex-presidente pressionava o general Paulo Sergio Nogueira, ex-ministro da Defesa, a insinuar que não era possível descartar a possibilidade de fraudes na votação eletrônica.
"A grande expectativa era que fosse encontrada uma fraude nas urnas. O que a gente sempre viu era uma busca por encontrar fraude na urna. Com a fraude na urna, poderia convencer os militares, dizendo que a eleição foi fraudada e, talvez, a situação mudasse", declarou.
Em 2022, Nogueira enviou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) um parecer técnico para afirmar que não é possível afirmar que o sistema eletrônico de votação está isento da influência. Os militares faziam parte da comissão de transparência criada pelo próprio TSE para fiscalizar as eleições.
INTERROGATÓRIOS - De hoje a sexta-feira (13), Alexandre de Moraes interrogará o ex-presidente Jair Bolsonaro, Braga Netto e mais seis réus acusados de participarem do 'núcleo crucial' de uma trama para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) após o resultado das eleições de 2022.
Confira a ordem dos depoimentos:
- Mauro Cid, delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro;
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin);
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal;
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional;
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, general do Exército e ex-ministro de Bolsonaro.
EX-ASSESSOR - Durante o julgamento, Mauro Cid também falou sobre Filipe Martins, ex-assessor de Jair Bolsonaro. Conforme o tenente-coronel, Filipe apresentou a 'minuta do golpe' ao menos duas vezes ao ex-presidente. Ele foi preso em Ponta Grossa, Paraná - leia mais detalhes clicando aqui.
Com informações: Agência Brasil.