Segurança Pública com lógica de hospital: o bem-estar do cidadão de PG

O conselheiro da área da Saúde do Grupo aRede, Mário Rodrigues Montemor Netto, acredita que a redução na criminalidade, em Ponta Grossa, impacta diretamente na saúde das pessoas - leia a reportagem especial clicando aqui. Para ele, investimentos pesados em segurança se assemelham a técnicas utilizadas dentro da medicina.

Confira abaixo a opinião na íntegra de Mário, que é médico, pesquisador, professor e presidente da Associação Médica de Ponta Grossa (AMPG):

"Na medicina, o princípio mais sagrado é 'Primeiro, não causar dano'. Para garantir isso, desenvolvemos um campo inteiro chamado 'Segurança do Paciente', que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), é a 'ausência de dano evitável'. A OMS nos ensina que a maioria dos danos não ocorre por negligência individual, mas por falhas no sistema. Agora, eu pergunto: e se aplicássemos essa mesma lógica à segurança de uma cidade?

Ao analisar os impressionantes resultados de Ponta Grossa na redução da criminalidade, detalhados em reportagem do Portal aRede, percebo que a cidade está implementando um robusto programa de 'segurança do cidadão' que espelha diretamente os mais avançados protocolos de segurança do paciente.

A OMS afirma que mais de 50% dos danos a pacientes são evitáveis. A estratégia de Ponta Grossa parte do mesmo princípio. A redução de 64% nos homicídios é a prova de que o 'tratamento' está prevenindo o dano evitável. O investimento de R$ 45 milhões em tecnologia, viaturas e pessoal não é apenas reativo; é preventivo, assim como um hospital instala barras de apoio para prevenir quedas.

A grande revolução na segurança do paciente foi parar de focar apenas no erro individual e passar a analisar o sistema que permitiu o erro. Ponta Grossa está fazendo o mesmo. O Gabinete de Gestão Integrada Municipal (GGIM), que une todas as forças de segurança, é o equivalente a um comitê de segurança hospitalar. A 'Muralha Digital', com suas mais de 750 câmeras, funciona como um sistema de monitoramento de sinais vitais em tempo real, permitindo uma intervenção rápida que evita o agravamento do dano.

O Impacto na Saúde Holística da Cidade

Como conselheiro da Saúde, afirmo que os benefícios vão muito além da redução de ocorrências. Uma cidade mais segura é uma cidade com melhor saúde mental. O medo constante é uma fonte crônica de estresse e ansiedade. Quando as pessoas se sentem seguras para caminhar em ruas bem iluminadas - graças à troca por lâmpadas de LED - a saúde mental coletiva melhora.

Uma cidade mais segura promove também a saúde social. Praças e parques deixam de ser territórios do medo e voltam a ser espaços de convivência, fortalecendo os laços comunitários. A segurança é o que permite que a vida social da cidade pulse com mais liberdade e vitalidade.

Em suma, Ponta Grossa demonstra compreender que o desenvolvimento precisa ser holístico. De nada adiantaria construir uma musculatura econômica bilionária se o corpo estivesse vulnerável a doenças. Ao investir maciçamente em seu sistema imunológico, a cidade protege não apenas seus cidadãos, mas o próprio futuro de seus investimentos, garantindo um ambiente estável e seguro, essencial para o bem-estar completo e, consequentemente, para a felicidade de quem vive aqui.

Em resumo, tanto para proteger um cidadão na rua quanto um paciente no leito, a estratégia mais eficaz não é apenas buscar heróis e vilões, mas sim construir sistemas inteligentes, resilientes e seguros que protejam as pessoas de sua própria falibilidade".

CONSELHO DA COMUNIDADE - Composto por lideranças representativas da sociedade, não ocupantes de cargo eletivo, totalizando 14 membros, a iniciativa tem o objetivo de debater, discutir e opinar sobre pautas e temas de relevância local e regional, que impactam na vida dos cidadãos, levantados semanalmente pelo Portal aRede e pelo Jornal da Manhã, com a divulgação em formato de vídeo e/ou artigo.

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