Riquezas produzidas pelo agro somam R$ 28 bilhões
Cidades dos Campos Gerais e da região Centro Sul geraram 14% do Valor Bruto de Produção em âmbito estadual. Produtos que mais geraram a riqueza foram a soja, o leite e o fumo
Publicado: 13/12/2024, 00:30
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A forte vocação ao agronegócio dos municípios da região dos Campos Gerais é comprovada ao fazer uma análise da geração de riquezas no campo no período de um ano. De acordo com os números do Valor Bruto de Produção Agropecuária (VBP), divulgados pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado de Agricultura e Abastecimento, referentes a 2023, a movimentação de produtos do agro nas 31 cidades da região gerou R$ 28,02 bilhões em negócios. Esse valor corresponde a 14,15% de todo o VBP estadual, que foi de R$ 198 bilhões no ano passado.
A maior parte dessa riqueza foi originada da soja. Somente esse grão foi responsável por gerar R$ 7,48 bilhões em negócios. Sozinha, essa commodity foi responsável por mais de 25% de todo o VBP na região. Entre os municípios, Tibagi registrou a segunda maior geração de riqueza desse grão nos Campos Gerais, com um valor que alcançou R$ 889,4 milhões, atrás apenas dos R$ 986 milhões gerados em Cascavel. Ponta Grossa, por sua vez, teve o quarto maior do VBP da soja no Estado, com R$ 582 milhões gerados – somados os valores, as duas cidades foram responsáveis por 3% do VBP da soja no Paraná em 2023.
O segundo produto que mais gerou riquezas nos campos da região foi o leite. Nas 31 cidades dos Campos Gerais e Centro-Sul, a bebida gerou R$ 3,17 bilhões em riquezas, ou o equivalente a 11,32% de todo o VBP regional. Somados aos 26,7% da soja, esses dois primeiros produtos tiveram uma participação de 38% no Valor Bruto de Produção. A liderança não só estadual, mas nacional na produção de leite, é de Castro, assim como Carambeí é a segunda colocada no Brasil. Somente o leite gerou R$ 1,19 bilhão em riquezas para Castro, valor que corresponde a 10% de todo o VBP do leite em âmbito estadual (R$ 11,37 bilhões). Em Carambeí, o leite também foi o produto que mais gerou riquezas, com R$ 692 milhões – ou o equivalente a 6,09% do VBP do leite paranaense. Arapoti é, ainda, a terceira colocada estadual, com R$ 293,8 milhões, e Palmeira, a quinta, com R$ 194,8 milhões.
O fumo é o produto que completa o ‘pódio’ do VBP regional, com R$ 2,12 bilhões gerados em 2023 junto aos municípios produtores. Neste quesito, os municípios da região Centro-Sul do Paraná são referência nacional, se alternando entre as primeiras posições nacionais há anos. São João do Triunfo, mais uma vez, foi a líder nacional, gerando um VBP de R$ 425,5 milhões. As seis posições seguintes no Paraná são ocupadas por municípios da região: Rio Azul, com R$ 268 milhões; Ipiranga, com R$ 220 milhões; Prudentópolis, com R$ 201 mi; e Palmeira, na quinta colocação, com R$ 200 milhões. Depois, ainda aparecem Irati, em 6º, e Imbituva, em 7º.
SOJA E AVES
Em âmbito estadual, a soja e a avicultura foram os produtos determinantes para o crescimento do VBP, segundo a economista do Deral Larissa Nahirny. “Esse perfil também é observado no estado como um todo. A produção recorde de soja em 2023 proporcionou um incremento significativo no faturamento dos municípios. Na avicultura, embora os preços praticados tenham se desvalorizado no período, a expansão nos abates e na comercialização de pintinhos para recria e engorda sustentou o resultado do setor”, analisa. No caso da soja, esse fator está mais ligado à alta produtividade do que exatamente no valor da commodity, que teve uma retração, na comparação com a safra de 2022 – os preços caíram mais que 20%.
Tibagi se destaca na agricultura pela alta produção de grãos
Depois de Castro e Carambeí, que lideram na região e são destaque no VBP estadual, a terceira cidade que mais gerou riquezas na região foi Tibagi, a décima colocada no Paraná, com um valor que alcançou R$ 1,84 bilhão em 2023. Somente a soja gerou R$ 889 milhões em riquezas para Tibagi, o segundo maior VBP da soja no Paraná. Integram o ‘top 5’ regional Piraí do Sul e Palmeira, que aparecem nas posições 15 e 16, respectivamente, no ranking estadual. Em Piraí, depois da soja (R$ 322,7 milhões), os produtos que mais geram riquezas são suínos para corte (R$ 263 mi) e frango para corte (R$ 223 mi); enquanto que em Palmeira, depois da soja (R$ 513 mi), os destaques foram o fumo (R$ 200 mi) e o leite (R$ 194 mi).
Na sequência, completam o ranking dos 10 principais municípios da região Arapoti, com R$ 1,4 bilhão (19º no Paraná); Prudentópolis, com R$ 1,32 bi (21º no Paraná) e Ponta Grossa, com R$ 1,23 bilhão (23ª no Paraná). Essas três também têm na soja a maior fonte de riquezas no agronegócio, com destaque também para o fumo e o leite. Já a nona colocada é Ortigueira, com R$ 1,02 bilhão, valor que é o 32º maior do Paraná, e que tem galinhas para recria como a maior fonte do VBP (R$ 252 milhões), seguida pela soja (R$ 244 mi). Irati foi a décima colocada da região e a 35ª do Paraná, com destaque para a soja (R$ 310 milhões gerados), fumo (R$ 171 milhões) e feijão (R$ 104 milhões).
Região tem dez cidades com VBP acima de R$ 1 bilhão
O levantamento do Valor Bruto de Produção mostra que o Paraná teve 35 municípios que registraram um VBP superior a R$ 1 bilhão. Desses, 10 estão nos Campos Gerais, sendo que entre os líderes, há três municípios no ‘top 10’. A regional de Ponta Grossa do Deral, que engloba 19 municípios, lidera em número de municípios na lista dos 35 bilionários. São oito cidades da regional no ranking, enquanto que a regional de Cascavel conta com sete municípios; e a de Toledo tem seis. Entre as cidades da região, estão contempladas na lista: Castro, Carambeí, Tibagi, Piraí do Sul, Palmeira, Arapoti, Prudentópolis, Ponta Grossa, Ortigueira e Irati.
O município que mais gerou riquezas na região foi Castro. Com um Valor Bruto de Produção de R$ 3,9 bilhões, a Capital Nacional do Leite ficou atrás apenas de Toledo em geração de faturamento no agronegócio ao alcançar a marca de R$ 4,59 bilhões, liderando em âmbito estadual. Carambeí, por sua vez, foi a segunda da região e a sexta colocada no Paraná, com um VBP de 2,29 bilhões. Esses foram os únicos municípios da região a superar a marca dos R$ 2 bilhões em riquezas geradas no campo no período de um ano. Até 2022, a região tinha nove municípios milionários, e Ortigueira passou a ingressar nesse grupo no ano passado. A cidade, aliás, teve o maior crescimento no VBP entre os municípios da região que integram o top 10: os R$ 844,8 milhões aumentaram para R$ 1,023 bilhão, em um incremento de R$ 178,42 milhões, o que significa uma alta de 21,1%.
Além do frango para reprodução (R$ 252,79 milhões) e da soja (R$ 247,65 milhões), que compõem metade do VBP de Ortigueira, na região dos Campos Gerais, os produtos florestais têm uma participação importante na geração de renda no campo. Em 2023, papel e celulose renderam R$ 136,76 milhões para o município, 31% a mais do que em 2022, quando o VBP desses produtos somou R$ 104 milhões. Os municípios líderes têm, em comum, a forte presença da pecuária na geração de riquezas. Toledo, por exemplo, que é o município que tem o maior VBP, teve como produto que mais gerou riquezas o suíno de corte, com R$ 1,39 bilhão, enquanto que Castro registrou R$ 1,19 bilhão apenas com o leite. Esses são os produtos com maior valor agregado por município – em nenhuma outra cidade algum produto alcançou um Valor Bruto de Produção na casa de R$ 1 bilhão.
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PRODUTOS E CIDADES DE DESTAQUE
Maiores VBPs na região
Produto Valor
Soja R$ 7,48 bi
Leite R$ 3,17 bi
Fumo R$ 2,12 bi
Suínos para Corte R$ 1,58 bi
Milho R$ 1,38 bi
Silagem de Milho R$ 1,27 bi
Feijão R$ 1,05 bi
Madeira Tora (papel) R$ 898 mi
Frango de Corte R$ 871 mi
Galinha Recria R$ 701 mi
Total Geral: R$ 28 Bi
Maiores VPBs do Paraná
Cidade Valor
Toledo R$ 4,59 bi
Castro R$ 3,90 bi
Cascavel R$ 3,81 bi
Santa Helena R$ 2,50 bi
Guarapuava R$ 2,47 bi
Carambeí R$ 2,29 bi
Mal. Când. Rondon R$ 2,24 bi
Dois Vizinhos R$ 2,06 bi
Assis Chateaubriand R$ 2,04 bi
Tibagi R$ 1,84 bi
Total Geral R$ 198 bi