Projeto sobre sementes crioulas tem ampla ação em Imbituva
Turmas da Escola Rural de Faxinal dos Galvão puderam correlacionar tema principal com aspectos históricos, culturais, étnicos e ambientais da sua localidade
Publicado: 26/04/2022, 18:32
Turmas da Escola Rural de Faxinal dos Galvão puderam correlacionar tema principal com aspectos históricos, culturais, étnicos e ambientais da sua localidade
As turmas de terceiro, quarto e quinto anos da Escola Rural Municipal de Faxinal dos Galvão, em Imbituva, sob a coordenação da professora Maria Janete Ferreira da Lus Leite desenvolveram um amplo projeto denominado ‘Semeando saberes e práticas das Sementes Crioulas e das nascentes de água’. A docente comenta os principais aspectos desta iniciativa e todos os mecanismos de conhecimento levados aos alunos.
“No dia 8 de abril tivemos na escola a visita da professora mestre em História e doutoranda em Geografia Cleusi T. Bobato Stadler. Ela ministrou uma aula e conversa com os alunos sobre a história dos faxinais do Paraná e região de Imbituva, sobre as primeiras famílias portuguesas e italianas no Faxinal dos Galvão e Bela Vista, seus costumes, modo de vida, práticas nos faxinais e agricultura local”, aponta a educadora sobre a introdução do tema.
Maria Janete também pontua outros destaques da palestrante: contribuição dos imigrantes na formação dos sistemas de faxinais na região, além do uso de sementes crioulas e as práticas utilizadas com elas desde os povos indígenas até as gerações mais recentes, dos pais e avôs dos educandos. Em complemento, levou uma exposição das amostras destas sementes do ‘Banco de Sementes Joaquim e Juvelina Leite’ criado no NEA – Núcleo de Estudos Agroecológicos, de Antônio Silvestre Leite em parceria com o Grupo Interconexões da UEPG/PR.
A professora comenta que a atividade está dentro do projeto denominado ‘Semeando saberes e práticas das Sementes Crioulas e das nascentes de água’, criado e desenvolvido pela própria educadora, com objetivo de analisar junto aos estudantes a história da localidade em que a instituição está inserida, “identificando nesta comunidade saberes, práticas, memórias no cultivo das sementes que ainda permanecem na vivência das famílias, bem como a manutenção de nascentes de água como formas de conservação da agrobiodiversidade”.
Voltando à palestra, conforme relata a docente, Cleusi explicou a origem do Faxinal dos Galvão, Bela Vista e Ribeiro, o porquê do nome da comunidade, costumes das sementes herdados dos povos indígenas, além de como os imigrantes contribuíram e o sobrenome dos alunos sendo relacionados às etnias italiana, alemã e portuguesa.
“Também comentou sobre o ‘Sistema de Faxinais – criadouro, onde os animais eram criados soltos’, que esse costume foi trazido pelos imigrantes portugueses e espanhóis. Que, juntamente com os costumes indígenas, caboclos, camponeses, nas práticas da agricultura, no cultivo da erva-mate, na produção e armazenamento das sementes crioulas, nas práticas/chás das ervas medicinais, nas heranças culinárias, devoções religiosas, foram se formando os costumes e tradições que conhecemos hoje”, complementa a educadora.
Outros pontos fecharam a visita: o contexto como parte da geo-história da localidade, a questão de conservar conhecimento, a preservação das mais variadas questões de flora e fauna, além de focar novamente no tópico principal das sementes crioulas – que foram base para a última exposição, coletadas pelo estado e que fazem parte do projeto de doutorado de Cleusi.
“Foi um dia muito produtivo, onde houve ótima participação dos alunos, que se sentiram motivados a trabalhar nesse projeto, identificando-se como sujeitos constituintes de uma história de vivência e práticas realizadas por seus pais e avós, os quais são de grande importância para a conservação da agrobiodiversidade e das nascentes de água de nosso município”, conclui a professora.
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