Escolas de Carambeí debatem violência contra as mulheres
Estudantes do ensino médio de dois colégios do município assistiram a uma apresentação da peça teatral ‘O que eu deveria ser se não fosse quem eu sou’ e participaram de uma roda de conversa sobre violência de gênero
Publicado: 14/11/2025, 18:47

Em Carambeí, adolescentes encerraram a semana falando sobre conscientização e prevenção da violência contra a mulher. As discussões foram levantadas pelo projeto ‘Mulher, Consciência e Ação - 4ª Edição’, nesta sexta-feira (14), no Colégio Estadual do Campo Doutora Zilda Arns Neumann e no Colégio Estadual Cívico Militar Eurico Batista Rosas. Os estudantes do ensino médio tiveram a oportunidade de assistir a uma apresentação do espetáculo ‘O que eu deveria ser se não fosse quem eu sou’ interpretado pela atriz, diretora e dramaturga Michella França. A peça é inspirada na história de diversas mulheres vítimas de violência e tem como objetivo servir de exemplo para que elas encontrem forças para buscar ajuda, denunciem seus agressores e tenham coragem de mudar a história de suas vidas.
“É muito importante para o município receber projetos que orientem as mulheres a denunciarem os abusos. É preciso que as mulheres que sofrem violência tenham informações suficientes para denunciar os seus agressores e buscar segurança”, frisa o diretor do Colégio Estadual do Campo Doutora Zilda Arns Neumann, José Ivo de Oliveira. Ele defende que essas orientações precisam ser repassadas desde cedo. “Muitas crianças e adolescentes presenciam as mães sendo agredidas pelos parceiros, crescem acreditando que isso é normal e ficam mais vulneráveis a violências dessa natureza. Através de iniciativas como essa, elas podem adquirir informações para denunciar os abusos e ter mais segurança para se defender”.
A pedagoga Jéssica Cristina Portela, do Colégio Estadual Cívico Militar Eurico Batista Rosas, também enxerga com bons olhos a iniciativa. “A violência contra a mulher é um tema muito delicado e importante ao mesmo tempo. Acredito que a arte pode tocar os corações das pessoas para enxergar o mundo de outra forma e, no caso das mulheres vítimas de abuso, criar coragem para denunciar as agressões”, salienta. Ela enfatiza que é importante que essa discussão seja levada para as escolas e para os adolescentes. “O jovem é moldado a sua realidade e cabe à sociedade ajudar a transformar o mundo através de seus conhecimentos mediados e compartilhados”, diz.
Levando arte e cultura
Além de promover a conscientização sobre a violência contra a mulher, a atriz Michella França comenta que a iniciativa também tem como objetivo levar arte e cultura para áreas periféricas e regiões mais afastadas dos Campos Gerais. “A gente sempre pergunta quantos alunos já assistiram a uma peça de teatro e pouquíssimos levantam as mãos, no máximo um ou dois. Então, foi a primeira vez que a maioria deles assistiram ao teatro e a gente percebe o quanto eles gostam de cultura, mas não têm oportunidade mesmo”, lamenta.
Michella conta que a reação dos alunos durante o espetáculo é quase sempre a mesma. “No início, causa um certo estranhamento até eles entenderem o que está acontecendo, eles ficam meio nervosos e com risos soltos. Durante o espetáculo, eles vão percebendo que o tema é muito sério e que a peça conta a história de uma forma muito verdadeira. Nesse momento, todo mundo silencia e fica ouvindo atentamente todo o texto até o final”, salienta. Para a atriz, o momento mais interessante acontece no final da apresentação. “Muitos soltam um suspiro de alívio e alguns até comemoram. Ali os jovens percebem o que é realmente um abuso no relacionamento e vira um momento de reflexão para eles”, enfatiza.
Promovendo o debate
Logo após a apresentação da peça, os alunos assistiram a uma palestra sobre o tema conduzida pela assistente social Bruna Miranda, que há mais de dez anos atua no Tribunal de Justiça do Paraná exclusivamente no juizado de violência doméstica e familiar contra a mulher. Ao final da palestra, os estudantes receberam um folder que complementa as informações, explicando os diferentes tipos de violência contra as mulheres (física, moral, patrimonial, sexual e psicológica), como identificar vítimas de agressões, o que fazer para ajudar alguém que está passando por esse tipo de situação e informando todos os contatos das redes de apoio.
Ao todo, o projeto irá percorrer cinco municípios dos Campos Gerais durante o mês de novembro com exibições da peça e rodas de conversa com alunos de escolas públicas localizadas em áreas periféricas e zonas rurais de Castro, Carambeí, Palmeira, Imbituva e Tibagi. A iniciativa foi aprovada pela Secretaria de Estado da Cultura do Governo do Paraná para receber recursos da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura do Ministério da Cultura, Governo Federal. Ela conta ainda com produção executiva do Grupo Dia de Arte e da ABC Projetos Culturais.
Mulher, Consciência e Ação
O projeto ‘Mulher, Consciência e Ação’ foi criado em 2019 pelo Grupo Dia de Arte após a estreia de sucesso do espetáculo ‘O que eu deveria ser se não fosse quem eu sou’, um monólogo que relata as angústias e as dores de uma mulher que viveu um relacionamento abusivo por 15 anos. Em meio a tanto sofrimento, ela se redescobre e encontra forças para se libertar. Ao longo desses seis anos, a peça já realizou mais de 200 apresentações, colecionando prêmios de melhor cenário, melhor maquiagem e melhor texto original. Em sua 4ª edição, além das apresentações gratuitas do espetáculo em dez colégios estaduais da região dos Campos Gerais, a iniciativa contemplou o lançamento da segunda edição do livro de mesmo nome. A obra traz a dramaturgia da peça na íntegra e será distribuída gratuitamente em instituições das cinco cidades contempladas como mais uma ferramenta no combate à violência contra a mulher.
Última apresentação
27/11 - TIBAGI
Colégio Estadual do Campo João Francisco da Silva
Colégio Estadual do Campo Baldomero Bittencourt Taques
Com informações de assessoria de imprensa





















