Crônica dos Campos Gerais: Natalândia
Texto de autoria de Mário Francisco Oberst Pavelec, técnico em agropecuária, natural de Palmeira, residente em Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais
Publicado: 15/05/2024, 09:00
Sempre ficamos mais nostálgicos nesta época com as festas que, teoricamente, são para celebrar o nascimento de Jesus. Mas, parece inevitável a compra de presentes, principalmente para as crianças.
Nos antigos natais de minha existência, vínhamos de Palmeira para passarmos esses momentos na casa de minha tia Haydêe, minha madrinha e irmã de meu pai. Na rua Brasil Pinheiro, quase na Balduíno, uma casa enorme, toda em madeira, com um enorme terreno que abrigava muito bem a enorme família Pavelec. Vinham tios e primos de todos os cantos, Curitiba, Rebouças, fora os que moravam nas imediações e não precisavam dormir fora de casa.
Biscoitos de mel, pão caseiro frito na chapa do fogão a lenha, comida farta o dia todo, primos correndo e brincando por todos os lados, crianças dormindo no fantasmagórico sótão, muito churrasco, e na noite da véspera de Natal, um culto e o Papai Noel com muitos presentes para as crianças e varas de marmelo para as mamães.
Ele batia fortemente na porta da frente da casa, fazendo os pequenos tremerem de excitação. Não sei bem o motivo, mas sempre um de nossos tios sumia nessa hora. (Contém ironia).
Todo ano ganhávamos meias, gaitas de boca, carrinhos e bonecas de plástico, alguns outros mimos dos tios e tias. Mas o presente sempre mais aguardado era aquele que tínhamos escolhido para que nos fosse dado.
Na rua Dr. Paula Xavier, esquina com a Dr. Colares, existia o paraíso dos pequeninos: Brinquedolândia. Era uma imensa loja especializada nos desejos infantis. Lá podíamos encontrar de tudo, qualquer tipo de brinquedo disponível na época. Algumas vezes éramos levados ao recinto só para olhar, diziam nossos pais. Rondávamos aqueles corredores com uma atenção redobrada para podermos encontrar aquele presente que faria nossa alegria no Natal. Sinalizávamos com vigor os nossos desejos e depois éramos retirados da loja e, não sei como, os brinquedos apareciam magicamente nas mãos do Papai Noel na véspera do Natal. (Ironia também).
Essa loja, cujo prédio ainda está com a mesma fachada e uma pintura muito semelhante, segundo minha memória, eu também a chamava de Natalândia, pois era praticamente uma vez ao ano que nos era dado o prazer de lá adentrar, justamente nas vésperas do Natal.
Depois cresci um pouco mais, descobri as descobertas do Natal, mas ainda descia do alto da Balduíno até lá, de bicicleta, adolescente, para comprar meus amados Matchbox, que ainda os coleciono. Mas sempre circulava os corredores com muita atenção.
*Texto de autoria de Mário Francisco Oberst Pavelec, técnico em agropecuária, natural de Palmeira, residente em Ponta Grossa, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais (acesse aqui).