Abandonada, estrutura da Rumo em PG gera medo e reclamações

Os trilhos de trem e suas estruturas, que forram o símbolo de desenvolvimento de Ponta Grossa no século passado, passaram a ser motivo de preocupações, há muitos anos, para os moradores do bairro de Oficinas. Em uma grande área, com cerca de 100 mil metros quadrados, em local estratégico do município, funcionava a oficina da Rede Ferroviária (RFFSA), que tanto contribuiu para a história e economia da cidade, mas que foi desativada na década de 1990 e está abandonada. Há décadas, o local se transformou em abrigo e esconderijo para criminosos, causando medo em transeuntes e preocupando comerciantes e moradores do entorno, que retrataram inúmeros casos de roubos.

O imóvel em questão fica localizado no bairro de Oficinas, ao lado de onde está o estádio Germano Krüger. Foi a instalação desse amplo complexo, há mais de 100 anos, onde se fazia a manutenção de trens e vagões, que trouxe o desenvolvimento para o bairro, que tem esse nome justamente devido ao complexo ali instalado - inclusive, dando origem ao time do Operário Ferroviário, em 1911. Atualmente, o imóvel pertence à Rumo, e o município busca, junto à empresa, a cessão da área.

Nas proximidades desse terreno abandonado, cercado pelo mato, há inúmeros estabelecimentos comerciais e empresariais, bem como está o Estádio Germano Krüger, um clube social, igrejas e, ainda, uma Instituição de Ensino – a Escola Estadual de Ensino Fundamental Jesus Divino Operário, fundada em 1957, junto ao desenvolvimento da Vila Ferroviária. A área abandonada e seus riscos traz medo aos frequentadores desses estabelecimentos. Além disso, em terreno ao lado desse, será construído do novo Fórum da Comarca de Ponta Grossa.

E o receio é justificado: um estabelecimento comercial, localizado ao lado da estrutura, foi invadido por um criminoso nessa semana, durante a madrugada, para praticar um furto. Ele levou certa quantia de dinheiro e brinquedos. Mas esse foi apenas um furto recente: há o registro de outros em estabelecimentos do entorno. O gerente do ponto comercial também relatou que funcionários já testemunharam caminhonetes que entram no pátio da oficina da Rumo para furtar peças metálicas e equipamentos, bem como confirmou que há pessoas que dormem no local.

Em anos passados, inclusive, diversos crimes graves foram registrados dentro dos barracões, como mortes e agressões – incluindo por ferimento por arma de fogo e queimaduras. Os imóveis dentro do terreno também têm histórico de diversos incêndios nos últimos anos.

Recentemente, o morador de um imóvel próximo ao terreno, em Oficinas, entrou em contato com o Portal aRede para, além do risco à segurança, alertar sobre outro perigo: animais peçonhentos. “O terreno está totalmente abandonado, com os muros quebrados, tudo isso fazendo com que o local seja esconderijo de maus elementos e tenha muitos animais peçonhentos, que inclusive estão entrando nas casas aqui da rua", revelou.

Grupo aRede visitou o imóvel abandonado

Diante de tantas reclamações endereçadas ao Portal aRede, a reportagem se dirigiu até o local para ver de perto a situação. A equipe chegou até o imóvel e acessou livremente: não havia seguranças e o portão principal, de frente para a avenida Visconde de Mauá, estava aberto. Com isso, a reportagem acessou livremente o terreno e fez um sobrevoo com o drone.

Pelas imagens é possível ver os imóveis de madeira, localizados na frente do terreno, junto à Avenida Visconde de Mauá, bastante deteriorados, depois de incêndios registrados nos últimos meses e últimos anos. Mais para frente, na grande estrutura construída, no barracão, foi possível ver bastante destruição, principalmente na cobertura: as telhas deterioradas e, muitas delas, quebradas. Essas telhas, do tipo onduladas, eram caracterizadas antigamente por conter amianto, que hoje são proibidas, por ser uma substância tóxica. O drone também fez um ‘tour’ por dentro desses barracões, onde foi possível observar muita sujeira e muito detrito.

Mais ao fundo, o equipamento flagrou outras coisas preocupantes: duas carcaças de veículos, que estavam completamente depenados. Não se sabe como elas chegaram até o local, se foram fruto de furto ou não. Também foi possível notar composições de trem ao ar livre, algumas abertas e outras fechadas – e sem falar de outras peças e objetos. No momento em que há a preocupação com o crescimento de casos dengue, um local abandonado gera o alerta sobre haver possíveis criadouros de mosquitos da espécie Aedes aegypti.

Local recebeu inúmeras propostas de uso

Como se trata de uma área grande, bem localizada, plana, de fácil acesso, nas últimas décadas, lideranças políticas do município cogitaram diversos usos diferentes para o espaço. Entre eles, transformar a área em um Centro Gastronômico, Centro de Convenções, Parque Urbano, entre outras propostas. A Atual administração já demonstrou o interesse em desenvolver um projeto de revitalização do complexo. Entretanto, para que qualquer coisa possa ser feita, o imóvel teria que passar a ser do município.

Dessa forma, a prefeitura já demonstrou o interesse e, desde 2020, tramita um protocolo de intenções, junto à Rumo, referente à cessão do uso do espaço para o Município.

Parte do terreno pertence à União

A Rumo já esclareceu ao Portal aRede, em outra oportunidade, que realiza serviços de roçada prioritariamente em áreas operacionais, visando a segurança da comunidade, e que o espaço, há edificações de responsabilidade do DNIT e que uma porção adicional do terreno é de propriedade da Secretaria de Patrimônio da União (SPU).