'Só um milagre', diz filha de homem baleado por policial em bar
O homem baleado continua entre a vida e a morte no hospital. Ele foi atingido no tórax, após uma confusão que envolveu um policial civil armado
Publicado: 29/09/2025, 14:59

Uma noite que deveria ser de lazer terminou em terror no Barbaran, tradicional bar da Alameda Augusto Stellfeld, no Centro de Curitiba, na última sexta-feira (26). Um cliente, de 51 anos, foi baleado dentro do banheiro masculino após uma confusão que envolveu um policial civil armado. O policial precisou ser socorrido, mas foi levado à delegacia na sequência.
O homem baleado continua entre a vida e a morte no hospital. Ele foi atingido no tórax. A filha, Julia Antunes Reppold Marinho, clama por justiça e expõe a fé do pai que, segundo ela, carregava consigo uma medalha de Nossa Senhora e um terço, além da carteira e do celular.
“Ler comentários na internet que meu pai é um bandido. Um bandido que acorda às 5 horas da manhã para trabalhar, que vai todos os dias na missa às 7h. Não tem cabimento estar aqui falando isso para vocês. Porque eu não consigo acreditar que meu pai está lá no hospital entre a vida e a morte. Por causa de quatro itens. Quatro itens. A Justiça de Deus vai ser feita”, desabafou Julia.
Os quatro itens citados por Julia são uma medalha de Nossa Senhora, um terço, a carteira e o celular. A jovem questiona a conduta do policial.
A filha contou a cronologia dos acontecimentos. Segundo Julia, às 20h10 o pai mandou uma mensagem para a esposa, e às 20h11 ele entra no banheiro. “20h11 e 52 segundos, meu pai tá baleado no chão do banheiro. Eu ouvi o tiro. Foi isso que aconteceu. O policial já estava no banheiro há mais ou menos dois minutos antes do meu pai entrar”, relatou.
Julia não poupou críticas à conduta do policial, que, segundo ela, se negou a prestar socorro. O desabafo de Julia foi marcado por indignação e dor.
“Por que ele negou o socorro? Por que ele se escondeu, se foi legítima defesa? Por que? Por que se esconder, Marcelo? Se foi legítima defesa, como você mesmo falou, por que tu ficou escondido três horas dentro do banheiro? Por que tu saiu com o rosto tapado, cara? Se foi legítima a defesa, por que que ao invés de ligar pra ambulância, ele ligou pro 190 para pedir ajuda pra ele? Porque não foi pro meu pai. O que a polícia vai fazer pelo meu pai?”
O tiro disparado, segundo Julia, foi à queima-roupa, destruindo órgãos vitais. Conforme o relato da filha, o homem perdeu o baço, teve o pulmão, pâncreas e o duodeno afetados. Parte do intestino também foi removida.
“O tiro não foi à distância. O tiro foi à queima-roupa. E ele falou que mirou no pé do meu pai, mirou no pé do meu pai? Se tivesse mirado no pé do meu pai, a bala não ia ter passado pelo pulmão, pelo coração e parado embaixo”, denunciou.
Mesmo sabendo que a família pode ficar sem o pai, a jovem mantém a fé. “O estado dele de saúde é muito grave. Não é sensacionalismo isso. Ontem eu saí do hospital com a pior notícia do mundo, que o médico falou que não sabe nem se ele aguenta sair da UTI e chegar no bloco cirúrgico. A chance de ter uma infecção generalizada e parar é enorme. Mas a gente tem fé que ele vai sair dessa, porque ele acredita muito na vida dele”, comentou a filha.
INVESTIGAÇÃO - O policial civil, que atua na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), disparou após uma discussão dentro do banheiro do BarBaran, motivada por um copo deixado na pia.
Segundo o boletim de ocorrência, ele alegou ter sido empurrado e agredido pela vítima, e que estava “encurralado”. O agente afirmou que a intenção era atingir a perna do homem, mas o tiro acertou o tórax.
Para a família, no entanto, não há justificativa: Julia e a advogada da família, Caroline Mattar Assad, clamam por investigação e justiça. “Um cara desses não tem psicológico para andar com uma arma, isso ficou muito claro”, afirmou a filha.
Com informações: Banda B, parceira do Portal aRede.