Entenda o plano de fuga 'RAFE-LAFE', citado na decisão de Moraes
Tática militar descoberta pela PF previa retirada estratégica de Bolsonaro em caso de fracasso do golpe em 2022
Publicado: 22/11/2025, 15:11

Na decisão em que determinou a conversão da prisão preventiva domiciliar de Jair Bolsonaro para a prisão preventiva comum, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), citou um plano de fuga descrito pela Polícia Federal no inquérito que originou a condenação do ex-presidente. O plano segue uma doutrina militar, chamada "RAFE-LAFE", utilizada para retirar alvos de território hostil.
As siglas "RAFE-LAFE" significam "Rede" e "Linha" de Auxílio à Fuga e Evasão. Segundo a PF, o esquema foi desenvolvido após a derrota eleitoral de Bolsonaro em 2022, para ser acionado caso a tentativa de golpe não fosse bem sucedida. A estrutura do plano é descrita como uma operação de retirada com apoio logístico e cobertura institucional, típica de ações militares em território hostil.
Segundo o relatório da PF, a RAFE consistia em uma rede de apoio encarregada de preparar o ambiente para a fuga, garantindo segurança, rotas protegidas e proteção contra interceptações. Já a LAFE funcionaria como uma linha de recepção, responsável por acolher o fugitivo em um local seguro, dentro ou fora do território nacional. A estratégia previa atuação coordenada de duas frentes com funções complementares: retirar e esconder.
O desenho original, descoberto em 2024, previa a ocupação de instalações como os palácios do Planalto e da Alvorada, usados como zonas temporárias de proteção para impedir o cumprimento de ordens judiciais. Também estavam previstos o uso de veículos e armamentos do Exército, além de rotas clandestinas e eventual transporte aéreo para fora do país.
Moraes avalia que a vigília anunciada pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) próxima ao condomínio de Bolsonaro, em Brasília, seria parte de uma tentativa de retomar o plano. "O tumulto causado pela reunião ilícita de apoiadores do réu condenado tem alta possibilidade de colocar em risco a prisão domiciliar imposta e a efetividade das medidas cautelares, facilitando eventual tentativa de fuga do réu", apontou.
O ministro também citou a fuga do deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ), co-réu no processo que resultou na condenação de Bolsonaro, aos Estados Unidos, mesmo país para onde o ex-presidente deveria ser enviado conforme o plano RAFE-LAFE. Moraes ainda ressaltou que a residência de Bolsonaro fica a poucos minutos de carro das embaixadas da Argentina e dos Estados Unidos, podendo configurar possíveis destinos em um novo plano.





















