Haddad sobre tarifaço: 'Vai machucar um pouco, mas Brasil está preparado'
Ministro afirma que não há como prever novas sanções caso Jair Bolsonaro seja condenado em julgamento
Publicado: 27/08/2025, 18:02

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta quarta-feira (27) que o tarifaço de 50% imposto pelos Estados Unidos sobre as exportações brasileiras “vai machucar um pouco”, mas destacou que o Brasil tem condições de enfrentar os impactos com medidas já em andamento, como o Plano Brasil Soberano, o crescimento da economia e as reservas cambiais.
“Vai machucar um pouco? Vai, porque têm setores que exportam mais de 50% da sua produção pra lá [Estados Unidos], então, têm empresas que vão sofrer, mas diria que, de uma maneira geral, macroeconomicamente falando, acho que o Brasil está em condições de enfrentar”, disse em entrevista à TV Uol.
Haddad ressaltou que o governo tem adotado uma postura proativa para abrir canais de diálogo com os Estados Unidos, movimento que também tem sido acompanhado pelo empresariado. Questionado sobre a possibilidade de novas sanções caso o ex-presidente Jair Bolsonaro seja condenado no julgamento sobre a tentativa de golpe de Estado, ele afirmou que não há como prever. Segundo o ministro, caso ocorram, o governo agirá para amenizar os efeitos.
“Vamos fazer o que precisar fazer, não temos dívida externa, temos US$ 300 bilhões em reserva cambial, nossa economia está crescendo seguidamente, nosso desemprego está na mínima. Vamos cuidar, só não dá pra prever o que pode sair ali da cabeça do Trump (...) Estão inventando uma guerra que não existe e o Estado brasileiro tem que dar amparo aos agentes públicos, empresas e cidadãos brasileiro e garantir que a soberania e a economia brasileira serão protegidas.”
O ministro lembrou que o Plano Brasil Soberano, lançado em 13 de agosto, prevê tanto medidas emergenciais, como crédito facilitado, quanto ações estruturais, como a ampliação dos fundos garantidores. Ele destacou ainda a estratégia de diversificação de mercados adotada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Eles precisam de commoditie barata e o Brasil é fornecedor de commoditie barata. Você taxar carne, café, você vai arrumar outra freguesia, como já está acontecendo”, afirmou.
MARCO DA MINERAÇÃO - Haddad também tratou do marco regulatório da mineração, classificado como defasado. Ele afirmou que a atualização da legislação será feita ainda este ano, em reunião com Lula nesta quarta-feira. “Não podemos fazer com as terras raras o que fazemos com o minério de ferro, você vende tudo praticamente sem agregar valor. No caso dos minerais críticos, não podemos correr o risco de não agregar valor. Agora, não temos a tecnologia, poucos países têm, então temos que fazer parcerias”, explicou.
Segundo ele, os recursos naturais do Brasil despertam interesse global, em especial as terras raras e a energia limpa abundante e barata. “Tem algo que precisamos ficar de olho, o Brasil tem uma condição muito particular em relação à energia limpa barata, solar e eólica, a mais barata do mundo e abundante. O Brasil tem a terceira maior reserva de minerais críticos do mundo, só perde pra China e o Vietnã.”
O ministro fez ainda uma referência ao ex-presidente Donald Trump. “Uma pessoa que tentou comprar a Groenlândia por causa de minerais críticos pode querer ter um governo amigo aqui para explorar uma neocolônia: vamos importar do pessoal ali os minerais sem refino e vamos refinar.”
SUCESSÃO - Haddad negou intenção de disputar a Presidência em 2026. “Não tenho intenção, agora, em ser candidato em 2026. Temos uma agenda na Fazenda importante, a reforma da renda é a cereja do bolo para tocar na ferida da desigualdade, algo que muitos governos tentaram mas não conseguiram.” Ele acrescentou que partidos da base aliada não são obrigados a apoiar uma eventual candidatura de Lula à reeleição. “É natural também que partidos que fazem parte não queiram estar no apoio a uma reeleição”, afirmou.
Com informações de: Agrofy News.