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Coluna MSN: O velho agricultor fala

“O que se pode aprender com uma lavoura de soja”

Miguel Sanches Neto é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa
Miguel Sanches Neto é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa -

Da Redação

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Uma coisa é a força do sol. Outra, a da chuva. O bom é quando as duas nos castigam, meu filho, cada uma na sua medida. Preste atenção nas plantações de soja deste ano, olhe aqui ao lado de nossa cerca, nestas lavouras que já são meio urbanas.

Nunca plantei soja, mas me mudei faz tempo para esta franja da cidade e é como se eu fosse agricultor. Você não vê nada? Coloque mais reparo nas folhas. Elas estão murchas, isso mesmo. Verdes, grandes, em ramos altos, mas murchas.

Você pode explicar isto? Faz pouco tempo que temos tido um solzinho mais prolongado. Entende do que falo? As plantas não suportam esta luz e este calor, comuns nesta época do ano. Era para elas estarem aproveitando para produzir as vagens, quando precisam de toda a força que vem do chão.

Sabe por que elas sofrem tanto assim? Vamos, tente entender. A natureza nos dá todas as lições úteis de que precisamos. Ver o que está perto é mais difícil do que ver o que está longe. O distante a gente enxerga como um todo simples. O perto pede para ser mais complexo.

Volte no tempo. Lembre-se de semanas atrás. Nunca tivemos tanta chuva e tanto sol leve para que as plantas crescessem, as folhas engordassem, os ramos esticassem as suas canelas, e a lavoura foi ficando de um verde tão parelho, como um tapete felpudo. Dava umas vontades de pisar descalço sobre ela se a gente fosse um desses gigantes que apareciam nos desenhos animados.

Como choveu e choveu, e fez sol em alguns dias, dando tempo para cuidar das plantas, a roça nunca ficou tão bonita, até parecia que era forte, quando era apenas vistosa.

As raízes, meu filho. As raízes são tudo. Com excesso de chuva elas não aprofundaram em busca de água, não precisaram trabalhar, e quando por fartura as raízes não trabalham a planta se ilude. Cresce mais do que precisa. Confia na facilidade de encontrar água, espalhando-se para os lados. Mas é lá no fundo que ficará a umidade na época de um sol mais demorado. E quando ele vem, a planta mal acostumada, toda exuberante, não se sustenta. Faltou sofrer no início, o excesso a matará.

Então eu pergunto.

Como estão as suas raízes?

São raízes de água abundante ou de escassez? 

O autor é escritor e reitor da Universidade Estadual de Ponta Grossa. No Instagram: @sanchesnetomiguel; no Facebook: https://pt-br.facebook.com/miguelsanchesneto/; no Twitter: @miguelsanchesnt.

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