Triplicação da BR-376 em Ponta Grossa: Progresso com Responsabilidade Ambiental
Conselheira cita a importância da obra, mas que existam estudos de impacto ambiental detalhados e transparentes
Publicado: 13/08/2025, 20:15

A conselheira da Causa Animal do Grupo aRede, Érika Zanoni Fagundes Cunha, opinou sobre o projeto de triplicação da rodovia BR-376, começando por Ponta Grossa - confira a reportagem especial clicando aqui. Apesar de observar com boas perspectivas as obras de infraestrutura, ela lembra a necessidade de serem apresentadas avaliações sérias do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA).
Confira abaixo a opinião na íntegra da Érika, que é médica veterinária, especialista em Neurociência, mestre em Ciências Veterinárias, doutora em Zoologia e pós-doutora em Direito Animal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR):
"Sou médica veterinária, zoóloga, pós-doutora em Direito Animal e conselheira municipal pela causa animal. Minha atuação é pautada pela ciência, pela conservação da biodiversidade e pelo compromisso de representar os interesses da fauna, silvestre, doméstica e de produção, nas discussões que envolvem o desenvolvimento da cidade e da região. A triplicação da rodovia que liga Ponta Grossa ao Porto de Paranaguá é um projeto de relevância econômica e estratégica para o Paraná, capaz de otimizar a logística e fortalecer a competitividade portuária.
No entanto, infraestrutura e preservação ambiental não podem ser tratadas como forças opostas. O avanço só será legítimo se vier acompanhado de um planejamento ambiental sólido, que antecipe, mitigue e compense impactos. Defendo que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) sejam conduzidos de forma ampla, detalhada e transparente, contemplando, no mínimo:
- Ruído e poluição atmosférica: alterações na paisagem sonora e na qualidade do ar afetam rotas migratórias, padrões de alimentação e reprodução de espécies sensíveis;
- Fragmentação de habitats: obras viárias de grande porte podem cortar áreas de vegetação nativa e unidades de conservação, isolando populações de fauna e reduzindo sua viabilidade genética;
- Risco de atropelamentos: no Brasil, estima-se que mais de 475 milhões de animais silvestres morram por colisões em rodovias a cada ano. Sem medidas preventivas, a ampliação da pista aumentará significativamente esse risco;
- Infraestruturas de mitigação: instalação de passagens de fauna aéreas e subterrâneas, cercamentos direcionadores e sinalização estratégica devem ser parte integrante do projeto, não adições posteriores;
- Impactos no solo e na água: mudanças na drenagem, compactação e contaminação do solo podem comprometer ecossistemas aquáticos e aquíferos;
- Vetores e zoonoses: a degradação de áreas naturais favorece a proliferação de vetores e a disseminação de doenças que afetam tanto animais quanto seres humanos.
Como conselheira da cidade, reforço que crescimento econômico e preservação ambiental não são agendas incompatíveis. Ao contrário, quando integrados, garantem infraestrutura eficiente, segurança viária e proteção do patrimônio natural, assegurando qualidade de vida para as futuras gerações. Minha contribuição busca promover um diálogo técnico e construtivo entre governo, empreendedores, sociedade civil e comunidade científica. Progresso, sim, mas com responsabilidade, compromisso ambiental e respeito à biodiversidade que nos sustenta".
CONSELHO DA COMUNIDADE - Composto por lideranças representativas da sociedade, não ocupantes de cargo eletivo, totalizando 14 membros, a iniciativa tem o objetivo de debater, discutir e opinar sobre pautas e temas de relevância local e regional, que impactam na vida dos cidadãos, levantados semanalmente pelo Portal aRede e pelo Jornal da Manhã, com a divulgação em formato de vídeo e/ou artigo.