Coluna Fragmentos: O que você sabe de História?

Em 2009 a Universidade Estadual de Ponta Grossa, maior instituição de ensino superior público dos Campos Gerais, comemora 40 anos de existência. A UEPG nasceu a partir da unificação das faculdades isoladas que então funcionavam na cidade, entre as quais a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ponta Grossa. A FAFI foi criada em 1949 e passou a funcionar no ano seguinte. Dela faziam parte quatro cursos superiores: as licenciaturas em Matemática, Letras, Geografia e História, os mais antigos em funcionamento no interior do Paraná.

Ao longo dos últimos 60 anos, esses quatro cursos formaram centenas de profissionais da educação, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento sociocultural paranaense.

No mesmo período a História, como ciência, também mudou radicalmente. Nas últimas décadas é possível afirmar que todas as ciências humanas e sociais passaram por mudanças profundas. As transformações político-ideológicas mundiais, o aparecimento de novos teóricos, a crise de paradigmas e o diálogo interdisciplinar explicam tais alterações, sendo a História uma das ciências mais impactadas por tais mudanças. 

Mesmo assim, ainda nos depararmos com historiadores – e/ou pseudo-historiadores – que acham que, por ser ciência, a História necessita apresentar verdades absolutas, as quais emergem naturalmente da “neutralidade” do relato, da reunião e do ordenamento cronológico de fatos “comprovados” por meio de documentos. Nessa concepção, as teorias e os pressupostos prévios simplesmente inexistem e assim, fazer História é narrar o passado baseado, principalmente, em acontecimentos políticos.

Porém, a visão predominante entre os teóricos que atualmente se dedicam a discutir o sentido desse campo do saber – e dos profissionais que nela atuam – aponta em outra direção. Nos dias de hoje os historiadores não podem se limitar apenas a função de recolher e relatar de forma sistemática os fatos do passado. Espera-se que eles tenham a capacidade de partir de matrizes teóricas, de criar informações novas, de construir interpretações plausíveis (e não verdades absolutas) sobre o passado, de assumir posicionamentos sociais e políticos claros e, fundamentalmente, de produzir análises e não, simplesmente, reproduzir o que está explicitamente escrito em um documento.

Nessa perspectiva, nos últimos anos o curso de História da UEPG tem se caracterizado pela produção de inúmeros trabalhos que dialogam com a realidade local e regional. Ponta Grossa e os Campos Gerais têm merecido especial atenção nos trabalhos dos alunos de graduação e pós-graduação e também dos próprios professores em seus trabalhos de mestrado e doutorado. A popularização de tais pesquisas por meio de publicações – na forma de livros, revistas, páginas na internet, artigos de jornais – é uma forma concreta de retorno do curso para o investimento feito pela sociedade em nossa Universidade.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 02 de agosto de 2009.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.