Coluna Fragmentos: O espiritismo em Ponta Grossa | aRede
PUBLICIDADE

Coluna Fragmentos: O espiritismo em Ponta Grossa

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

Notícia relativa à conferência do médium baiano Divaldo Pereira Franco, uma promoção da União Regional Espírita de Ponta Grossa, publicada no JM em 11 de setembro de 1977
Notícia relativa à conferência do médium baiano Divaldo Pereira Franco, uma promoção da União Regional Espírita de Ponta Grossa, publicada no JM em 11 de setembro de 1977 -

João Gabriel Vieira

@Siga-me
Google Notícias facebook twitter twitter telegram whatsapp email

Em meados do século XIX, Auguste Comte, francês nascido na cidade de Montpellier, provocou uma verdadeira revolução no pensamento ocidental com sua filosofia positivista. Comte, em consonância com os princípios liberais burgueses, afirmou que o domínio do conhecimento científico seria capaz de fazer com que a humanidade superasse todas as suas dúvidas e incertezas e “evoluísse” em direção ao seu estágio superior de desenvolvimento. 

Nesse mesmo contexto, outro francês também se projetou por suas ideias. Nascido em Lyon em 1804, era maçom e acreditava no positivismo; foi batizado com o nome de Leon Rivail, porém, ficou conhecido pelo pseudônimo com o qual assinava suas obras: Allan Kardec. Responsável pela sistematização do espiritismo, Kardec foi o principal difusor dessa doutrina que logo se expandiu por toda Europa e por países de outros continentes, principalmente após 1857, ano em que publicou um de seus trabalhos mais conhecidos: “O Livro dos Espíritas”.

No Brasil – país que no século XIX mostrou-se extremamente receptivo as correntes de pensamento que se originavam na Europa – tanto o positivismo de Comte, quanto o espiritismo de Kardec se disseminaram rapidamente. O positivismo esteve presente no processo de implantação da República brasileira e ao longo das primeiras décadas desse regime, como bem expressa a máxima “Ordem e Progresso”, lema positivista impresso na bandeira nacional.

Quanto a doutrina espírita, seus primeiros registros no território brasileiro datam de 1865, com a fundação do Grupo Familiar de Espiritismo, na cidade de Salvador. Pouco depois, em 1873, tendo como lugar o Rio de Janeiro, foi criada a Sociedade de Estudos Espíritas. Também na capital do Império, em 1881, foi realizado o Primeiro Congresso Espírita do Brasil. Entre os espíritas brasileiros mais conhecidos do século XIX estão o Barão do Rio Branco e Adolpho Bezerra de Menezes Cavalcanti, médico e político cearense que dedicou grande parte de sua vida ao espiritismo. 

Em Ponta Grossa, cidade que, a partir dos fins dos Oitocentos, teve considerável desenvolvimento social e cultural, o espiritismo encontrou um campo fértil para seu desenvolvimento. É certo que a grande maioria da população princesina era predominantemente católica, mas é bastante provável que houvesse uma espécie de simpatia destes com a filosofia kardecista, afinal o sincretismo e as aproximações religiosas são características encontradas na sociedade brasileira desde o período colonial.

De acordo com o Censo de 1920, 90% da população ponta-grossense dizia-se católica. Nessa estatística, o espiritismo apareceu como a segunda religião professada na cidade, com 4% de seguidores.

Entre os primeiros kardecistas de destaque em Ponta Grossa figuram os jornalistas José Cadilhe e Hugo dos Reis, o comerciante José (Juca) Pedro da Silva Carvalho, o dentista Napoleão Dias Ayres e o empresário e agente cultural Jacob Holzmann.

Destacado defensor da doutrina espírita, Hugo dos Reis criou, em 1921, a “Revista Social de Espiritismo”; integrou o Centro Espírita São Francisco de Assis de Apoio aos Necessitados; promoveu campanhas de caridade, realizou inúmeras conferências e organizou o II Congresso Espírita Paranaense, ocorrido em nossa cidade no início da década de 1910.

.

O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 04 de janeiro de 2009.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

PUBLICIDADE

Participe de nossos

Grupos de Whatsapp

Conteúdo de marca

Quero divulgar right

PUBLICIDADE