Coluna Fragmentos: Afinal, o que é uma TV Educativa? | aRede
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Coluna Fragmentos: Afinal, o que é uma TV Educativa?

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

Matéria a respeito da TV Esplanada, a primeira emissora de Ponta Grossa, publicada no JM em 05 de novembro de 1971
Matéria a respeito da TV Esplanada, a primeira emissora de Ponta Grossa, publicada no JM em 05 de novembro de 1971 -

João Gabriel Vieira

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Oficialmente constituída desde 1981, a Fundação Educacional de Ponta Grossa (FUNEPO) somente passou a funcionar e, portanto, gerar sinal de televisão na condição de mantenedora da TV Educativa de Ponta Grossa em 22 de março de 2000.

Quase uma década após o início de suas atividades e passados três governos municipais fica a pergunta: ainda faz sentido chamarmos essa TV municipal de Educativa?

A primeira TV Educativa criada no Brasil foi a TV Universitária de Pernambuco, em 1967. Em pouco tempo diversos estados passaram a criar emissoras semelhantes àquela. Em 1974 já existiam, ao todo, nove TVs educativas funcionando no Brasil (Pernambuco, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul e São Paulo), todas vinculadas às secretarias estaduais de educação e/ou cultura ou ao Ministério da Educação.

Devido a rápida expansão desse modelo de TV, denominada pública, o MEC decidiu criar mecanismos reguladores visando uniformizar e adequar as programações nas perspectivas originais dessas emissoras voltadas para questões educativas e culturais. Foi assim que surgiu, em 1972, o Programa Nacional de Teleducação (PRONTEL), justamente com o objetivo de coordenar tais atividades em todo Brasil. Com o passar do tempo, com o fim da ditadura militar e com o avanço do sistema de telecomunicações as TVs Educativas se multiplicaram pelo país.

A mais conhecida de todas essas emissoras é, sem dúvidas, a TV Cultura de São Paulo. Inaugurada logo após a TV Universitária de Pernambuco, integrou-se à Fundação Padre Anchieta (uma entidade criada pelo então governador Roberto de Abreu Sodré com objetivo de atuar na promoção da educação e da cultura pelo rádio e pela televisão) em 1967. Desde sua fundação, a TV Cultura dedicou-se integralmente na produção e transmissão de uma programação genuinamente educativa e cultural, modelo integralmente mantido até os dias atuais.

Programas exibidos desde os anos 70 e que ainda são transmitidos nos dias atuais, como Vila Sésamo, telecursos, Telescola, Perfil do Educador, Provocações, Roda Viva, Sr. Brasil dão o tom da programação da TV Cultura. Vários destes programas são retransmitidos pela TV Educativa de Ponta Grossa, no entanto, infelizmente, a emissora não consegue oferecer uma programação local na mesma linha. Longe disso, em nossa TV Educativa – que transmite em sinal aberto e atinge toda região dos Campos Gerais – nos deparamos com programas de vendas de carros, de entrevistas com figuras ligadas a atual administração municipal, de etiquetas sociais e de “prestação de serviços” no estilo Brasil Urgente (apresentado por José Luiz Datena na Rede Bandeirantes). A maioria desses programas é marcado por um tom sensacionalista e por debates que se limitam ao senso comum, pouco contribuindo com as questões educacionais e culturais que são, a rigor, as que deveriam pautar os programas da emissora.

É certo que a nossa TV Educativa possui uma boa equipe de jornalismo e que nesse sentido é necessário fazer justiça: ela dialoga com a população de Ponta Grossa e dos Campos Gerais, cobrindo eventos de caráter cultural, político e social.

Posto isso é que faço o questionamento: considerando as produções locais veiculadas pela TV Educativa de Ponta Grossa, no que elas diferem dos programas transmitidos pelas três TVs a cabo que funcionam na cidade? Como expectador, o que mais vejo em todas essas emissoras (TV Educativa e TVs empresariais a cabo) é o chamado “colunismo social eletrônico”, no qual, na maioria das vezes, os entrevistados são exemplos irretocáveis de cidadãos, pais de família e profissionais de sucesso! Não foi esse o espírito que deu origem as chamadas TVs Educativas em nosso país.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 05 de outubro de 2008.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

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