Coluna Fragmentos: Ponta Grossa: encontro de caminhos | aRede
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Coluna Fragmentos: Ponta Grossa: encontro de caminhos

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

Matéria sobre a Rodovia Transbrasiliana publicada no JM em 05 de junho de 1968
Matéria sobre a Rodovia Transbrasiliana publicada no JM em 05 de junho de 1968 -

João Gabriel Vieira

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De acordo com os Anuários Estatísticos do IBGE, ao final da década de 1930 o Paraná contava com 15.461 quilômetros de estradas, sendo que desse total, 14.945 eram de terra não melhorada (denominação do IBGE), 412 quilômetros eram de pedra britada, 97 de terra melhorada, 4,2 de macadame betuminoso e apenas 2,5 quilômetros de concreto. Ainda de acordo com os Anuários, no mesmo período, o território paranaense possuía 1.566 quilômetros de estradas de ferro, o que significava 4,58% do total das ferrovias existentes no país.

Apesar da sua extensão mais limitada, a ferrovia podia transportar com agilidade e segurança uma quantidade muito maior de produtos que as rodovias, as quais, de acordo com os números do IBGE, eram majoritariamente de terra não melhorada, expondo, desta forma, os viajantes aos riscos e imprevistos de toda sorte.

Essa realidade favorável às estradas de ferro manteve-se até meados do século passado. O modelo de desenvolvimento baseado nas rodovias foi implantando apenas na segunda metade da década de 1950, durante o governo Juscelino Kubitschek. Atualmente, mais de 50% do sistema de transportes no Brasil passa pelas rodovias.

Foi a partir da chegada da corte portuguesa em nosso país que se produziram os primeiros estudos sobre a situação dos meios de transporte e das estradas nacionais. Até então predominavam os carreiros e os caminhos de terra mal conservados que, com raras exceções, apenas ligavam regiões próximas.

A partir de meados dos Oitocentos foram instaladas as primeiras ferrovias em solo brasileiro. A malha ferroviária concentrou-se predominantemente nas regiões sudeste e sul, motores do desenvolvimento econômico no país, tendo por base as lavouras cafeeiras e um tímido processo de industrialização. 

Pode-se dizer que as rodovias brasileiras – compreendidas como estradas melhoradas, calçadas ou asfaltadas – ganharam impulso somente a partir da década de 1920. A ampliação das rodovias ocorreu efetivamente a partir de 1932, ano em que Getúlio Vargas criou o Departamento Nacional de Estradas e Rodagens. Assim como no caso das ferrovias, o centro-sul brasileiro concentrou um maior número de rodovias, uma vez que essas regiões, por conta da conjuntura histórica do período, mantiveram seu papel predominante na economia nacional.

A partir do projeto de modernização nacional levado adiante pelo presidente Juscelino Kubitschek (1955 – 1960), as rodovias definitivamente suplantaram as ferrovias. A instalação da indústria automobilística e a mudança da capital federal para Brasília foram decisivas para o investimento na melhoria e ampliação da malha rodoviária em todo país.

Devido sua situação geográfica estratégica, Ponta Grossa, que nos séculos XVIII e XIX, integrara o caminho das tropas e, no início do século XX, ocupara a condição de principal entroncamento ferroviário do sul do país, também foi privilegiada pela presença das rodovias. Desta forma, a história do desenvolvimento da cidade se associa aos caminhos, trilhos e rodovias que, desde os tempos coloniais, cortaram os Campos Gerais do Paraná.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 17 de agosto de 2008.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

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