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Coluna Fragmentos: A faculdade de filosofia de Ponta Grossa

A coluna ‘Fragmentos’, assinada pelo historiador Niltonci Batista Chaves, publicada entre 2007 e 2011, retorna como parte do projeto '200 Vezes PG', sendo publicada diariamente entre os dias 28 de fevereiro e 15 de setembro

Notícia publicada no JM em 07 de dezembro de 1958 destaca a Colação de Grau da FAFI.
Notícia publicada no JM em 07 de dezembro de 1958 destaca a Colação de Grau da FAFI. -

João Gabriel Vieira

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Atualmente a Universidade Estadual de Ponta Grossa se constitui no mais importante centro de formação superior dos Campos Gerais e um dos mais reconhecidos do Paraná. Apesar de ter sido oficialmente criada em 1969, é possível afirmar que a história UEPG começou no final da década de 1940.

Em 1949 o Paraná estava prestes a comemorar seu Centenário de criação e a região dos Campos Gerais ainda desfrutava de uma posição privilegiada no contexto político e econômico estadual. Em Ponta Grossa, cidade marcada por intensa atividade cultural e que se orgulhava de seus estabelecimentos de ensino, as discussões a respeito da criação de uma faculdade ganharam força, sobretudo após 1948, com a criação do Centro Cultural Euclides da Cunha, em torno do qual se reuniu grande parte da intelectualidade ponta-grossense da época.

Em 8 de novembro de 1949, um decreto do Governador Moyses Lupion, criou a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Ponta Grossa. Menos de seis meses depois, a FAFI iniciou suas atividades. Os primeiros cursos criados foram os de Bacharelado em Geografia e História, Letras Neolatinas e Matemática. Em 13 de dezembro de 1952, formaram-se as primeiras turmas.

No grupo inicial de docentes da FAFI estavam nomes de destaque na vida educativa e cultural ponta-grossense: Faris Michaeli, Joaquim de Paula Xavier, Sylvio Zan, Fernando Machuca, Nivon Weigert, Herculano Torres Cruz, Raul Pinheiro Machado entre outros.

Do ponto de vista da formação profissional, a maioria dos docentes que atuaram na FAFI nos seus primeiros anos eram advogados, engenheiros, médicos, padres, dentistas etc. Muitos deles estudaram nas Faculdades existentes em Curitiba e delas trouxeram a concepção de um saber bastante propenso a demonstrar a ciência como portadora de verdades absolutas e inquestionáveis.

É possível encontrar uma série de singularidades entre a FAFI e a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Paraná, fundada em Curitiba no ano de 1938. Os fundadores dessa Faculdade eram intelectuais católicos entre os quais estavam José Mansur Guérios e José Loureiro Fernandes. O grupo de intelectuais que fundou a FFCLPr se reunia em torno do Círculo de Estudos Bandeirantes, um núcleo católico que se opunha ao anticlericalismo, ao comunismo, a maçonaria e ao avanço do protestantismo no Paraná. De acordo com os integrantes do CEB, era preciso reagir a “crise espiritual” da época por meio de debates “intelectuais e morais”. A Faculdade foi criada tendo esse horizonte como objetivo. Premissas semelhantes nortearam a fundação da Faculdade de Filosofia em Ponta Grossa.

Depois da FAFI foram criadas outras Faculdades isoladas em nossa cidade: Faculdade de Farmácia e Odontologia (1952), Faculdade de Direito (1954), Faculdade de Ciências Econômicas e Administração (1966). Em 06 de novembro de 1969, uma Lei assinada pelo Governador Paulo Pimentel unificou tais Faculdades. Assim nasceu a Universidade Estadual de Ponta Grossa.

Durante sua existência a FAFI se caracterizou pelas atividades de ensino. A produção do conhecimento por meio de pesquisas não fazia parte de suas preocupações. Em grande parte, essa característica foi herdada pela UEPG e se manteve, pelo menos, até a década de 1980. Foi somente a partir desse momento, em que pese o esforço pessoal de alguns docentes antes disso, que a Universidade estruturou uma política institucional efetiva voltada para a produção do conhecimento. Atualmente, as intensas atividades desenvolvidas pelos pesquisadores da UEPG, revelam características, necessidades e soluções para Ponta Grossa e Campos Gerais.

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O material original, com mais de 170 colunas, será republicado na íntegra e sem sofrer alterações. Por isso, buscando respeitar o teor histórico das publicações, o material apresentará elementos e discussões datadas por tratarem-se de produções com mais de uma década de lançamento. Além das republicações, mais de 20 colunas inéditas serão publicadas. Completando assim 200 publicações.

Publicada originalmente no dia 04 de novembro de 2007.

Coluna assinada por Niltonci Batista Chaves. Historiador. Professor do Departamento de História da Universidade Estadual de Ponta Grossa. Doutor em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

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