Pesquisadores da UEPG desenvolvem plástico à base de amido | aRede
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Pesquisadores da UEPG desenvolvem plástico à base de amido

Realizado em parceria com a Universidade Federal do Paraná, o objetivo do trabalho é que esse material biodegradável seja uma alternativa para substituir o plástico convencional no futuro

Professor Luiz Gustavo Lacerda e mestranda Luana Carolina Ruths integram equipe da pesquisa
Professor Luiz Gustavo Lacerda e mestranda Luana Carolina Ruths integram equipe da pesquisa -

Matheus Gaston

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O Portal aRede e o Jornal da Manhã dão continuidade, nesta terça-feira (03), à segunda edição do Painel Digital Meio Ambiente e Sustentabilidade. Realizado na semana em que se comemora o Dia Mundial do Meio Ambiente, o projeto traz entrevistas e reportagens especiais que apresentam iniciativas sustentáveis adotadas por empresas e instituições localizadas em Ponta Grossa, cidade apontada como um dos principais polos industriais do Paraná.

Apesar dos avanços em reciclagem e no desenvolvimento de alternativas sustentáveis, o plástico ainda representa um grande desafio ambiental. Grande parte desse produto não é reciclada corretamente e acaba descartada na natureza, o que contribui para a poluição e coloca em risco a vida de animais e ecossistemas. A durabilidade do material, que antes era vista como vantagem, hoje é uma das principais causas do problema.

Com 55 anos de história e milhares de profissionais formados, a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) promove uma variedade de pesquisas que envolvem meio ambiente. Uma delas, feita pelos departamentos de Engenharia de Alimentos e de Ciências Farmacêuticas, desenvolve um plástico biodegradável à base de amido. Em parceria com o Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal do Paraná (UFPR), o objetivo do trabalho é que esse material substitua o plástico tradicional no futuro. 

Antes de avançar na discussão, é importante entender a diferença entre o plástico comum e o plástico biodegradável, como explica o professor Ivo Mottin Demiate, um dos integrantes da pesquisa. “O plástico convencional é feito a partir de moléculas derivadas do petróleo, que demoram séculos para se deteriorar. Ser biodegradável significa que esse material pode ser decomposto por microrganismos do solo e voltar a se transformar em uma substância natural, que não agride o meio ambiente”, destaca o pesquisador. 

Pesquisadores trabalham para estender a durabilidade do plástico
Pesquisadores trabalham para estender a durabilidade do plástico |  Foto: Jéssica Natal/UEPG.
  

De acordo com Demiate, a escolha do amido como matéria-prima está diretamente ligada ao contexto regional e à realidade agrícola brasileira. Na região dos Campos Gerais, há uma forte produção de grãos como milho, trigo e cevada, todos ricos em amido. O polímero natural, além de amplamente utilizado na alimentação, também tem aplicação em diversas indústrias, como a de tintas, a química e até a de petróleo. 

DESAFIOS - Por ser biodegradável e de origem renovável, o amido se apresenta como uma alternativa viável para substituir os polímeros sintéticos do plástico convencional, especialmente na produção de embalagens. Atualmente, os pesquisadores procuram meios para aumentar a durabilidade do plástico à base de amido.

“O amido é muito biodegradável. Eu faço uma embalagem e em poucos dias ela desaparece. Nosso desafio é torná-los um pouco menos biodegradáveis, no sentido de ter uma durabilidade maior. Ao contrário dos plásticos que duram séculos, aqui você tem um produto que dura alguns dias”, aponta Demiate.

VÍDEO
aRede.info
Confira a entrevista com Ivo Mottin Demiate | Autor: aRede.info
  

O pesquisador menciona o trabalho realizado pelo professor Luiz Gustavo Lacerda e pela mestranda Luana Carolina Ruths na busca de aditivos naturais que possam aumentar a vida útil do produto, como o glicerol. “Desenvolvemos tecnologias para que esse material dure até dois meses, possa suportar a umidade e tenha boas propriedades, como flexibilidade”, ressalta. 

Outra linha de pesquisa, discutida junto à UFPR e à Embrapa de Colombo, também prevê a incorporação de nanocelulose aos filmes de amido. Segundo Demiate, essas partículas têm potencial para potencializar as aplicações do plástico biodegradável, além de melhorar suas propriedades. “Na pesquisa em universidade pública, a gente começa mexendo com algo, mira em uma coisa e acerta em outra. Ou seja, tem muitas possibilidades”, pontua. 

APROXIMAÇÃO - Questionado sobre a importância de instituições públicas de ensino produzirem pesquisas voltadas à alternativas sustentáveis para o futuro, Ivo Mottin Demiate destacou que a realização de diferentes estudos está aliada ao compromisso da UEPG em estar cada vez mais próxima da sociedade ponta-grossense e de municípios dos Campos Gerais. 

Segundo o professor, o papel das universidades públicas é transferir tecnologias inovadores ao bem comum. Um dos recursos que tem beneficiado essa proximidade é a curricularização da extensão, cujo principal objetivo é promover uma interação transformadora com diferentes setores da sociedade. 

“Todos os cursos de graduação e de pós-graduação têm um compromisso de fazer extensão. Isso significa responder, de forma afirmativa, com soluções para as demandas da sociedade. A partir dos estudantes, professores, agentes universitários e com apoio do Estado, a UEPG vem fazendo esse trabalho e está à disposição para discutir diferentes questões e atuar para que as coisas aconteçam da melhor maneira para a comunidade”, considera. 

INCENTIVO - Apesar dos diferentes desafios enfrentados para combater a degradação do meio ambiente, Demiate compartilha sua visão otimista de que a sociedade possui todos os recursos necessários para fazer um mundo mais sustentável. O professor ainda afirma que o Brasil tem a oportunidade de ser um protagonista neste trabalho. 

“Precisamos de educação em nível superior e com qualidade. As universidades públicas são da população. Estamos aqui para desenvolver projetos que tornem nosso país bem visto nessa questão, acolham a todos e contribuam para o desenvolvimento econômico e social”, diz. 

Ivo Mottin Demiate, professor do Departamento de Engenharia de Alimentos
Ivo Mottin Demiate, professor do Departamento de Engenharia de Alimentos |  Foto: Fabio Ansolin/UEPG.
  

DISCUSSÕES - Em novembro deste ano, Belém (PA) irá sediar a 30ª Conferência das Nações Unidas para Mudanças Climáticas, popularmente conhecida como COP 30. Para Demiate, o Brasil possui uma liderança ambiental de destaque no cenário mundial, principalmente pelo seu protagonismo quando o assunto é conservação de florestas. O professor ainda projeta que o país terá papel fundamental em várias discussões que devem ocorrer ao longo do encontro.

Demiate lembra que, em alguns momentos, diferentes interesses podem conflitar com as questões que envolvem preservação. O professor, que também é engenheiro agrônomo de formação, reconhece que apenas produzir por produzir não vale a pena. “Temos que fazer isso com competência. A produção agropecuária precisa ser conciliada com a preservação ambiental”, defende. 

O pesquisador aponta que o Brasil possui bons exemplos e que está mais adiantado que outros países neste aspecto. Demiate indica o próprio projeto do plástico biodegradável com base de amido como iniciativa alinhada à preocupação com a preservação ambiental. “Agora, com a COP 30, temos a oportunidade de mostrar para o mundo tudo de bom que estamos fazendo. E não é pouca coisa”, finaliza o professor.     

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