A Glória do Meu Quilombo leva a cultura afro-brasileira para escolas da região
Sob a ótica afrocentrada, a educadora Ligiane Ferreira conta histórias e destaca tradições da negritude
Publicado: 10/10/2025, 16:24

Nesta semana, duas escolas da rede estadual de ensino, na região dos Campos Gerais (PR), receberam o projeto A Glória do Meu Quilombo – a importância de Carolina Maria de Jesus. Com uma equipe formada 100% por mulheres multiétnicas, o projeto levou a cultura afro-brasileira e quilombola para as salas de aulas do Colégio Estadual Alberto da Silva Paraná, em Ventania, e também do Centro Estadual de Educação Profissional de Arapoti (Escola Agrícola). Dezenas de estudantes tiveram acesso a livros de autoras(es) negras(os), a cartilha sobre a comunidade da Colônia Sutil, em Ponta Grossa (PR), e o áudio livro produzido pela equipe multidisciplinar.
Com atenção para as falas da multiartista Ligiane Ferreira, idealizadora do projeto, os jovens estudantes acompanhavam tudo que era compartilhado pela palestrante. Sob a ótica afrocentrada, a educadora conta histórias e destaca tradições da negritude, em especial aquelas pertencentes ao Quilombo Sutil, onde seu pai, Wilson Ferreira dos Santos, viveu a infância. A artista também traça um paralelo com a trajetória da escritora, compositora, cantora e poeta, Carolina Maria de Jesus, que assim como o povo quilombola teve a vida atravessada pelo racismo e outras violências sociais.
Em Ventania, professores, funcionários e alunos agradeceram à equipe pela inspiradora palestra sobre a cultura e a história dos povos quilombolas. “Cada palavra, cada gesto e cada história compartilhada trouxeram à nossa escola a força da ancestralidade, o orgulho da identidade negra e o poder transformador da educação”, registrou a diretora Antoniela Oliveira. Em nome da comunidade escolar, a direção expressou gratidão pelo encontro que promoveu conhecimento, resistência e pertencimento.
O sucesso do projeto seguiu reverberando na comunidade escolar da região e chegou até a Escola Agrícola, em Arapoti, que já desenvolve ações e atividades de educação antirracista com os alunos. O convite para a equipe de a Glória do Meu Quilombo – a importância de Carolina Maria de Jesus chegou por intermédio da mestranda em Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa (PR), Elaine Barcellos de Araujo. “Dei um depoimento aos alunos sobre como o racismo atravessa a minha vida pessoal e profissional, até a atualidade. Lá eu percebi que havia uma sincronia entre as ações pedagógicas da instituição de ensino com os objetivos do projeto da Ligiane Ferreira, que é promover esse diálogo cultural e a interação entre a sociedade, o povo negro, indígena e quilombola”. A partir deste momento, a mestranda colocou a ativista e multiartista em contato com a professora Rafaela Miranda, que organizou o encontro.
Segundo Ligiane, as palestras vão além da democratização do estudo sobre a história e a cultura afro-brasileira; da história da África e dos africanos; da luta dos negros no Brasil e sobre a formação da sociedade, como preconiza a Lei nº 10.639. A artista destaca que a realização das edições do projeto na região dos Campos Gerais contribui para o reconhecimento histórico da existência das comunidades quilombolas no interior do Paraná.
De acordo com o Censo do IBGE de 2022, em torno de 7.100 pessoas quilombolas residem no Estado. Estes cidadãos equivalem a 0,062% dos 11,44 milhões de moradores e estão presentes em 22 municípios paranaenses.
Visite o projeto no perfil oficial do Instagram
Com informações de assessoria de imprensa