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’Ela Disse’ apresenta drama jornalístico com sensibilidade

O longa reconta a história da investigação jornalística que revelou os casos de assédio do produtor de Hollywood Harvey Weinstein sem sensacionalizar o sofrimento das fontes

O roteiro de Rebecca Lenkiewicz, adapta o livro ‘Ela disse: Os bastidores da reportagem que impulsionou o #MeToo’.
O roteiro de Rebecca Lenkiewicz, adapta o livro ‘Ela disse: Os bastidores da reportagem que impulsionou o #MeToo’. -

Da Redação

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Comparado a outras profissões, o jornalístico não é particularmente cinematográfico. Ele envolve horas em frente ao computador, a um telefone ou a ambos, frequentemente com pesquisas intermináveis, fontes pouco dispostas a colaborar e interações com a boa e velha burocracia. Por isso mesmo, não deixa de ser notável quando um filme consegue transformar esse processo em algo emocionante – feito muito bem alcançado por ‘Ela Disse’.

Dirigido por Maria Schrader, o longa se debruça sobre um acontecimento ainda recente na memória do público: as inúmeras denúncias de assédio e abuso sexuais contra Harvey Weinstein, poderoso produtor de Hollywood, reveladas em 2017 por reportagens da dupla Megan Twohey e Jodi Kantor para o jornal The New York Times. É na jornada destas duas que se concentra o roteiro de Rebecca Lenkiewicz, adaptando o livro de ambas, ‘Ela disse: Os bastidores da reportagem que impulsionou o #MeToo’.

É nas relações que as duas repórteres constroem com as sobreviventes que o filme encontra seus momentos de maior força. A confiança arduamente construída entre as partes leva a depoimentos impactantes, que jogam luz no modus operandi de Weinstein e, em menor grau, daqueles que o cercam. Mas é mais do que isso: os relatos pungentes de Zelda Perkins, Rowena Chiu e Laura Madden dão voz a mulheres que, por anos, tiveram negado o direito básico de falar sobre suas vivências.

SENSIBILIDADE

Tanto o roteiro quanto a direção tratam esses momentos com a sensibilidade requerida, sem recorrer ao sensacionalismo barato. Não há recriação das cenas de violência; enquanto as mulheres ouvidas contam suas histórias, são seus rostos que vemos na maior parte do tempo, intercalados com quartos de hotéis vazios. O resultado é arrasador, potencializado pelo belo desempenho das atrizes, que trazem à superfície os sentimentos de vergonha, medo e raiva que ressurgem em suas personagens mesmo décadas depois dos crimes.

Embora o filme seja profundamente pé-no-chão e resista à tentação de espetacularizar um caso envolto em nomes famosos, mesmo os detalhes mais mundanos da investigação ganham brilho nas lentes de Schrader, contribuindo para construir o discreto suspense do longa. Ao fim, ‘Ela Disse’ se encerra com uma catarse inevitável, que elimina qualquer dúvida a respeito da necessidade de se recontar uma história tão recente. Ela é, sim, necessária – e que ela seja contada com respeito, sem sensacionalizar o sofrimento alheio, é ainda mais importante

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