Crônicas dos Campos Gerais: ‘Águas de junho’ | aRede
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Crônicas dos Campos Gerais: ‘Águas de junho’

O texto de hoje é de autoria de Fábio Antonio Gasparelo, professor de Língua Portuguesa em São João do Triunfo

Fábio trabalha nas escolas do campo Professora Adelaide W. Prins e Professor Argemiro Luiz de Lima
Fábio trabalha nas escolas do campo Professora Adelaide W. Prins e Professor Argemiro Luiz de Lima -

Da Redação

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O texto de hoje é de autoria de Fábio Antonio Gasparelo, professor de Língua Portuguesa em São João do Triunfo

Parecia ser apenas a emoção da expectativa de uma semana que antecedia mais uma Copa do Mundo em nossas vidas. Mas a manhã de 8 de junho, mês do padroeiro de nossa cidade, reservava um dos capítulos mais tristes dos 124 anos de nossa história.

Quando vi pela primeira vez a imagem dos estragos, veio a lembrança de um menino que aos cinco anos, no início dos anos 80, tinha assistido a um filme muito parecido. Ao lado de meu filho, coincidentemente com a mesma idade que eu tinha na época, revi fatos e imagens que imaginava nunca mais observar.

É estranho como uma tragédia como esta desperta os mais diferentes sentimentos no ser humano. Primeiro, o da angústia, quando não se tinham passado duas horas da queda da cabeceira da ponte e várias pessoas já faziam filas no posto de combustível e outras corriam ao supermercado para garantir o estoque de água potável para o tempo do “isolamento” necessário.

Depois, vem o sentimento da dor, ao vermos pessoas saindo de suas casas, sofrendo, desesperadas por não saberem o que lhes sobraria quando o pesadelo passasse e as águas baixassem.

Por último, surge o sentimento que une os indivíduos depois da dor e do choque: a solidariedade. E foi aí que entendi o verdadeiro significado de uma frase do livro “A culpa é das estrelas”, do escritor John Green, em que ele fala pela boca de um de seus personagens que “o problema da dor é que ela precisa ser sentida”.  Quando sentimos a dor do outro, quando vemos que não há classe social, ideologia política ou status social que seja capaz de fazer-nos sentir a dor de forma diferente de nosso semelhante é que percebemos que só a ajuda mútua, o companheirismo e a solidariedade permitem que a existência neste mundo seja realmente válida.

Fica a esperança de que não precisemos “sentir” a dor, de que não precisemos de tragédias repetidas para enfim enxergarmos que o mundo necessita cada vez mais de atitudes de respeito e de amor ao próximo, de gestos de solidariedade e de muita união!

Texto produzido no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais

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