Política
Aline elogia grupo do PSL e quer ampliar atuação regional
Considerada ‘porta-voz’ de Bolsonaro na região, deputada federal eleita ainda garante que não abandonará posto em Brasília para buscar a prefeitura de Castro.
Rodrigo de Souza | 29 de dezembro de 2018 - 01:20
Considerada ‘porta-voz’
de Bolsonaro na região, deputada federal eleita ainda garante que não
abandonará posto em Brasília para buscar a prefeitura de Castro.
Aline Sleutjes (PSL) faz questão de falar da vitória nas
eleições de outubro como a realização de um sonho. Há quase duas décadas na
vida pública, a deputada federal eleita contou com a força política de Jair
Bolsonaro para garantir uma vaga em Brasília. Agora o objetivo é outro:
representar a população dos municípios que a elegeram e ampliar a atuação,
tanto nos Campos Gerais quanto em outras cidades paranaenses.
A deputada parece bem alinhada com o posicionamento político
do partido e participa frequentemente de reuniões com líderes nacionais,
ministros e até mesmo com o futuro presidente. Aline defende a profissionalização
dos cargos de maior importância do governo e acredita em uma gestão ‘autêntica’
e ‘diferente dos padrões’ dos últimos presidentes.
Para as eleições municipais, a deputada garante que não
disputará a prefeitura de Castro, mas terá participação ativa no processo
político e tentará eleger uma grande bancada na Câmara Municipal e alavancar um
nome do grupo político para o Executivo.
Jornal da Manhã: Logo
após as eleições, a deputada participou de diversos encontros com outros
líderes do PSL, tanto em Curitiba quanto em Brasília. Como anda esta relação
com as demandas do partido?
Aline Sleutjes: O
grupo eleito de deputados federais e senadores do PSL é excelente. Embora
tenhamos muitos candidatos eleitos pela primeira vez e que não possuem
experiência, é possível ver a competência, a qualidade e a vontade em cada um.
Temos participado de reuniões. Algumas com a presença do Bolsonaro, outras com
ministros e outras apenas com membros do partido. Elegemos inclusive um líder
provisório até o final de janeiro, o delegado Valdir, que ficará responsável
por articular as questões relativas à Mesa [Executiva da Câmara] e à bancada.
Também temos um canal de comunicação no WhatsApp onde todos os eleitos para a
Câmara e o Senado conversam, pontuam e discutem pautas importantes.
Praticamente todos os 52 eleitos têm estado frequentemente em Brasília para
participar tanto das reuniões com a equipe de transição, quando dos encontros
de lideranças e de posicionamentos do PSL em vários aspectos.
JM: É a primeira vez
que a cidade de Castro possui um representante em Brasília que é ‘filho da
cidade’. Como você avalia este momento e o que você acredita que o município
irá conquistar com isso?
Aline: É um orgulho para Castro ter um representante – a
primeira eleita deputada federal. E também é um orgulho pra mim ser essa
primeira deputada. Trabalhei 18 anos para realizar esse sonho. Foram muitas
dificuldades, oito anos como vereadora, uma eleição à prefeita, outra para
deputada estadual... Sempre levando essa expectativa e a condição real de uma
vitória e mostrando ao povo castrense que era possível. Este ano tivemos essa
grande satisfação em relação ao projeto e ao sonho. Eu acredito que estava no
lugar certo, na hora certa e no partido certo. Costumo dizer que não existe coincidência
ou sorte. Tudo isso é o resultado da união do povo castrense, da região dos
Campos Gerais, da onda Bolsonaro e do sentimento de renovação política do nosso
país. Pode ter certeza que não só Castro, mas toda a região e também alguns
municípios que terei orgulho em representar, receberão o meu carinho, minha
atenção e meu trabalho árduo. Trarei aos municípios o que existe de melhor em
Brasília, desde projetos, programas e recursos. Estarei sempre atenta às
necessidades e às demandas da região.
JM: Em nível federal,
o governo de Bolsonaro vem recebendo algumas críticas por conta de posições
fortes e também devido ao momento de polarização que o país vive. A deputada já
foi questionada a respeito de posicionamentos do presidente? Como você vem
analisando esta questão de ser uma ‘porta-voz’ do governo na região?
Aline: O nosso presidente é autêntico, diferente dos padrões
que estamos acostumados do ‘politicamente correto’. As pessoas terão que
avaliar tanto o Bolsonaro quanto o governo com outros olhos. Ele é realista e
direto com os seus posicionamentos. Está fazendo a montagem da equipe com
critérios técnicos, de competência e de méritos. E nós deputados eleitos do PSL
vemos isso com bons olhos. O Brasil precisava profissionalizar os seus cargos
de maior importância e responsabilidade colocando, realmente, pessoas
qualificadas e que possam fazer a diferença dentro do serviço público.
Com relação ao meu trabalho, tenho participado de muitas
reuniões com ministros e equipes de transição. Sempre volto para Castro feliz
com o que ouço. Vejo competência e dedicação na equipe, pensando realmente em
um Brasil para todos, sem segmentação ou diferenciação. Fazendo com que o
Brasil ande a partir do dia 1º de janeiro em velocidade maior, com menos burocratizações
e mais eficiência e seus serviços.
JM: A deputada também
percorreu muitos municípios paranaenses logo após as eleições para conversar
com líderes regionais. Você chegou a alguma conclusão a respeito dessas
reuniões que possam te nortear nos primeiros meses de trabalho em Brasília?
Aline: Ainda não
consegui visitar todos os municípios dos Campos Gerais, bem como os que tive
uma votação mais expressiva. Mas pretendo concluir todos eles até janeiro ou
fevereiro. Minhas visitas tiveram como meta me colocar à disposição dos
prefeitos, vereadores e lideranças. Como sabem, eu não tive apoio direto de
nenhum prefeito ou vereador, tanto de Castro como de nenhum outro município,
mas tive muitos líderes e amigos que trabalharam ao meu lado, com muita vontade
e determinação. Eles me deram condições para que eu conseguisse me eleger e
agora vou representa-los em Brasília. Farei jus a essa dedicação.
Quanto às demandas, cada município tem pontos muito
específicos. Já anotei todas as reivindicações. Tem coisas que são mais amplas,
que discuti inclusive com o Ratinho [Junior] em duas audiências que estive com
ele. Deixei pré-determinado que trabalharemos juntos para resolver. O Paraná
está em excelentes mãos e temos um momento muito importante do Estado, já que o
governador está alinhado com os três senadores e com a maioria da bancada de
deputados federais e estaduais. Estou à disposição dele e de todos os
municípios que precisarem de representação, apoio e trabalho em Brasília.
JM: A região dos
Campos Gerais elegeu três deputados federais ‘da casa’, mas só dois devem atuar
de forma mais efetiva no Congresso Nacional – já que Sandro Alex (PSD) aceitou
o convite para ser secretário de Estado. A deputada acredita que a responsabilidade
fica maior com este cenário?
Aline: Estive em reunião com o Sandro [Alex] em seu gabinete
em uma oportunidade. Foi cerca de 20 dias antes da decisão de se tornar
secretário. Ele já me falava da possibilidade e dos benefícios que isso traria
para o Paraná, sendo a terceira mais secretaria de Estado em questão de
orçamento. O Sandro deve ajudar bastante os municípios dos Campos Gerais, visto
que o deputado é muito ‘bairrista’, no sentido de ter um carinho grande pela
região. Sei que esse cenário aumenta a importância e a minha obrigação em
Brasília, mas vejo que o Sandro não abandonará as suas bases. Até mesmo porque,
na secretaria que ele estará, a possibilidade de recursos é muito grande. Trabalharemos
juntos. Ele se colocou à disposição das minhas demandas e dos Campos Gerais,
enquanto eu coloquei meu gabinete à disposição dele. Estamos fazendo um
trabalho de parceria. Tenho certeza que ele dará o melhor dele e eu farei o
máximo para ajudar a cidade de Castro, os Campos Gerais e também Ponta Grossa,
que é a cidade dele. Fico feliz em saber que a região está mais aberta,
esperando meu trabalho e minha visita. Já de antemão deixo meu gabinete de
portas abertas a partir de 1º de fevereiro, bem como meu escritório regional em
Castro.
JM: Existem planos
para as eleições de 2020? A deputada pretende articular algum movimento em
Castro durante as eleições municipais?
Aline: Eu não
disputarei a eleição para a prefeita. Tenho falado isso para todos os políticos
e apoiadores. Mas é claro que participaremos ativamente do processo eleitoral.
Estou organizando o PSL e outras siglas importantes no município para lançarmos
nomes fortes para vereadores. Queremos eleger uma bancada nova, demonstrando força
e renovação também na Câmara Municipal de Castro.
Em relação à Prefeitura, temos alguns nomes sugeridos dentro
do partido. Temos também alguns que não são no PSL, mas que estão conversando e
pedindo apoio. Não me prontifiquei para nenhum lado. Faremos um bom estudo sobre
a possibilidade de eleição, levando em conta também a opinião pública e
condição dos candidatos. Não tomaremos nenhuma decisão precipitada, visto a importância
da próxima eleição para o município. É um grande momento de Castro, que agora possui
uma deputada federal do partido do Bolsonaro. Até a próxima eleição já estarei
trabalhando ativamente a dois anos e trazendo muitos benefícios para a minha
cidade. É preciso pensar com muita acautela, dedicação, respeito, atenção e carinho,
para não errarmos na escolha nos líderes que disputarão a prefeitura de Castro.