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Crônicas dos Campos Gerais: Beneficente, um retrato na parede da memória

Texto de autoria de Rogério Lima, empresário, redator e radialista, natural de Ponta Grossa e residente em Palmeira, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais

O texro da semana é de autoria de Rogério Lima.
O texro da semana é de autoria de Rogério Lima. -

No dia 28 de agosto de 1920, em Palmeira, um grupo heterogêneo, do qual faziam parte profissionais de diversos ofícios, fundou a Sociedade Recreativa Beneficente Palmeirense. Era um tempo em que não havia Previdência Social e as sociedades beneficentes funcionavam como tal. Os estatutos previam auxílios diversos para os associados, uma espécie de pecúlio para ocasiões de dificuldades.

Para destacar a importância do Beneficente para Palmeira, basta dizer que o 28 de agosto, durante anos, era praticamente feriado municipal. Hoje, porém, é um “retrato na parede” – no verso de Carlos Drummond de Andrade, no poema que dedica à sua Itabira. Saudade, lembrança, memória de um tempo em que as pessoas conviviam. “E como dói”, para completar com versos do poeta Carlos.

No salão aconteceram memoráveis bailes, saraus e carnavais, muitos promovidos pelo Grêmio Magnólia, o braço feminino do Beneficente. As comemorações de aniversário iniciavam às 6 horas, com um tiro disparado por um pequeno canhão, um sinal para a população de que a festa estava começando. Associados, familiares e convidados reuniam-se para um almoço de confraternização e recreação, com jogos e brincadeiras. À noite, o baile de gala era animado por uma orquestra que, por força de contrato, na abertura, executava o Hino do Beneficente, composição do maestro palmeirense Basílio de Sá Ribeiro. Então, os pares rodeavam o salão, dançando até altas horas.

Outro grande evento era o baile de Réveillon, que só terminava às primeiras horas da manhã de 1º de janeiro. Os carnavais também marcaram época, com a participação de foliões fantasiados e blocos, com confetes e serpentinas lançados ao som de animadas marchinhas.

Quando 28 de agosto deixou de ser uma data de comemorações, a partir dos anos 1970, o Beneficente ainda mantinha atividades, com bailes e saraus dançantes nos sábados reunindo jovens ao som de pop e rock. Sim, os carnavais continuavam animados como antes e em alguns anos aconteceram cinco bailes, além das matinês.

O salão, com suas nove amplas janelas que davam para as ruas Padre Camargo e Vicente Machado, ostentava um grande lustre de cristal e quatro outros menores. Hoje, a imagem do Beneficente é de paredes externas em ruínas, sem cobertura e com tentativa de recuperação. Mas os avanços neste sentido são lentos e uma retomada dos tempos áureos do Beneficente parece distante, tanto quanto o “retrato na parede” do poeta Carlos.

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