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Crônicas dos Campos Gerais: Fantasmas molhados

Texto de autoria de Wilson Czerski, militar da Aeronáutica, escritor e jornalista aposentado, natural de Ponta Grossa e residente em Curitiba, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais

Texto de autoria de Wilson Czerski.
Texto de autoria de Wilson Czerski. -

Vinte e seis de julho de 2009. Temperatura agradável. Aquele calorzinho pré-frontal. Os institutos de meteorologia previam muita chuva para aquele domingo.

É provável que todo torcedor do Fantasma já tenha começado a rezar antes mesmo de sair da cama. Sant’Ana, no seu dia, teria que trabalhar, abençoando o Operário Ferroviário. Era dia de decisão.

Naquela tarde, depois de muitas tentativas frustradas, o alvinegro de Vila Oficinas disputaria a sua partida mais importante dos últimos anos. Enfrentaria a Portuguesa Londrinense pela Segunda Divisão do campeonato paranaense.

Em anos anteriores, cabeças-de-bagre em excesso, havia literalmente “batido na trave” e a torcida amargava essa situação vexatória resignadamente. Mas agora bastava um empate para retornar à elite do futebol das araucárias e o adversário já estava eliminado.

Sinceramente não entendo como algumas pessoas possam não gostar de futebol. Talvez por não terem sido brindadas de crescerem próximo aos campos onde a bola rola, ainda que fosse o do Olinda.

Futebol é paixão, um vício capaz de causar problemas no trabalho e – perigo! – em casa. Quem gosta sabe do que estou falando. Futebol é o meu segundo oxigênio. Não vivo sem ele. De domingo a domingo, ao vivo ou pela TV.

Ver os outros correrem atrás da bola e, quando possível, fazer o mesmo. Para alguém com parcos recursos técnicos, o difícil era pegá-la. Então, o lugar predileto era embaixo das traves, ficar esperando que ela viesse até mim e poder carinhosamente afagá-la em meus braços.

Ingresso esperando na casa da irmã, coração batendo mais forte, a saída cedo de Curitiba rumo à Princesa dos Campos. No final da manhã, ela chegou, a chuva.

Às quinze e trinta, início do jogo e o Germano Krüger abarrotado de pessoas e guarda-chuvas na vã tentativa de se proteger do aguaceiro. Desconforto e sofrimento pelo gol que tranquilizaria e não saía. E a Lusinha ameaçou duas ou três vezes e todos de coração na mão. No apito final do juiz, o zero a zero garantiu o Operário na 1a Divisão do estadual do ano seguinte. A padroeira abençoou.

Maciça invasão no campo completamente enlameado, eu incluso, e festa com os heróis. Carreata desde a Visconde de Mauá, seguindo pela Paula Xavier e alcançando a Vicente Machado nas horas seguintes. Buzinas, fogos de artifício, bandeiras alvinegras e gente, muita gente cantando, gritando e bebendo.

Sem arruaças, nenhum automóvel danificado ou qualquer ato de vandalismo. Fantasmas ordeiros estes. Encharcados até os ossos, mas felizes.

Texto de autoria de Wilson Czerski, militar da Aeronáutica, escritor e jornalista aposentado, natural de Ponta Grossa e residente em Curitiba, escrito no âmbito do projeto Crônicas dos Campos Gerais da Academia de Letras dos Campos Gerais (acesse aqui).

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