Debates
Cooperativas e a estabilidade econômica
Da Redação | 25 de outubro de 2024 - 00:02
Por Vanir Zanata
As cooperativas desempenham um papel crucial na construção
da estabilidade econômica no Brasil, ao fortalecer as economias locais e ao
promover a cooperação, solidariedade e gestão democrática. Em tempos de crise,
o cooperativismo se destaca como um modelo resiliente e eficaz, impulsionando o
crescimento sustentável e a inclusão social. Essas organizações, que unem
produtores, trabalhadores e consumidores em uma estrutura de autogestão,
garantem a continuidade dos negócios, reinvestindo os lucros na comunidade e
beneficiando tanto os cooperados quanto a sociedade.
No setor agropecuário, as cooperativas têm um papel
destacado na produção e exportação de alimentos do Brasil. Elas oferecem a
pequenos e médios produtores acesso a mercados internacionais, tecnologias
avançadas e melhores condições de financiamento, contribuindo para a
estabilidade econômica do setor agrícola, mesmo em cenários econômicos globais
desafiadores. Essa atuação colaborativa permite que as cooperativas mantenham o
crescimento da produção, fortalecendo o agronegócio brasileiro.
Durante crises econômicas, como a pandemia de Covid-19, as
cooperativas demonstraram uma capacidade de adaptação superior a muitas
empresas privadas. Enquanto muitas enfrentaram dificuldades para manter suas
operações, várias cooperativas conseguiram não apenas continuar, mas também
expandir suas atividades. Isso se deve à sua natureza colaborativa, onde os
membros participam ativamente das decisões, sempre focados no bem coletivo.
No caso das cooperativas de crédito, durante a pandemia,
elas ofereceram condições de financiamento mais flexíveis, aliviando os
impactos nas economias locais. Essa agilidade, muitas vezes ausente em
instituições financeiras tradicionais, permitiu que as comunidades atendidas
pelas cooperativas mantivessem suas atividades econômicas, preservando a
estabilidade regional.
Outro impacto significativo das cooperativas está na geração
de empregos e no rigoroso recolhimentos de todos os tributos, ou seja,
sonegação zero. Ao contrário de muitas empresas que cortam postos de trabalho
em períodos de crise, as cooperativas priorizam a manutenção de empregos (100%
dos seus empregados são registrados e recebem todos os direitos trabalhistas),
já que seus membros e funcionários são parte fundamental do sucesso da
organização. Em estados como Santa Catarina, por exemplo, o cooperativismo é
responsável por mais de 64% dos empregos gerados no setor agropecuário,
demonstrando sua importância na geração de renda e trabalho.
Além disso, as cooperativas promovem inclusão social ao
integrar pessoas de diversas origens, oferecendo oportunidades econômicas e de
desenvolvimento pessoal. Elas contribuem para a redução das desigualdades
regionais, especialmente em áreas rurais e periféricas, por meio do acesso a
mercados, financiamento e capacitação.
Para que as cooperativas continuem desempenhando seu papel
essencial, é necessário que o Estado brasileiro crie um ambiente de negócios
mais favorável. Entre as ações que podem ser adotadas estão o controle da
inflação, a simplificação tributária, a desburocratização, o equilíbrio fiscal
e os investimentos em infraestrutura e educação. Essas medidas são fundamentais
para garantir que o cooperativismo siga contribuindo para o desenvolvimento
econômico e social do país.
Com sua capacidade de gerar empregos, promover a inclusão social e enfrentar crises de maneira resiliente, as cooperativas são agentes chave para o desenvolvimento de economias locais e nacionais. Para que esse modelo continue a florescer, é imprescindível que o Estado promova políticas que assegurem um ambiente de negócios estável e favorável, consolidando o crescimento econômico do Brasil.
Vanir Zanatta,
presidente da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (OCESC).