Debates
Nós somos inovadores por essência e a educação é a luz no fim do túnel
Da Redação | 15 de outubro de 2020 - 02:59
Por Dinamara P. Machado e Gisele do Rocio Cordeiro
Durante muitos e muitos anos de docência, ouvimos de outras
áreas e até mesmo de profissionais sensacionalistas em suas palestras, que tudo
mudou menos a escola. Foram anos e anos engolindo a seco ou apenas saindo dos
auditórios por ter a certeza que no cotidiano das salas de aulas, tínhamos
incorporado os avanços da psicologia, e aquela criança que os pais não
entendiam, tinham espaço nas antigas salas de reforço. Sabíamos que aquela
metodologia do feijão no algodão revelaria no futuro, o engenheiro ambiental, o
matemático (...) que aprendeu em tenra idade a fazer projeções.
Muito antes do modismo dos jogos em distintos cenários,
tínhamos a certeza de que a ludicidade proporcionava e proporciona foco
absoluto e torna qualquer atividade espontânea e produtiva, mas muitos
acreditavam que era apenas um joguinho e que a criança ou adolescente estava
perdendo tempo na escola, afinal, em vez de aprender, estavam jogando com os
coleguinhas. Em tempo, temos distintas teorias que embasam o trabalho lúdico
para aprendizagem que perpassam desde Froebel até Csikszentmihalyi com sua
Teoria do Flow.
Como nossa carreira é longa, durante muitos anos percebemos
que surgem receitas que se dizem milagrosas, ou seja, empresas de eventos que
pegam alguma tendência e começam a espalhar aos quatro ventos que descobriram o
eldorado na aprendizagem. Desconfie, desconfie sempre! Afinal,
aprendizagem acontece do plural para o singular, ninguém pode aprender por
outrem. O que nós professores podemos fazer é utilizar diferentes estratégias
de transposição didática, a partir de recursos analógicos e digitais, do papel
político, respeitando os limites e limitações do estudante e famílias, na
certeza de que nossa profissão somente existe por termos um estudante e seus
familiares do outro lado, e mesmo que não saiba ou compreenda, a aprendizagem é
o que libertará e o aprisionará nessa sociedade líquida e exponencial.
Somos rotuladas como as “tias”, aquelas que não tem poder
econômico, de dinossauros, as que usam colar de pérolas e laquê no cabelo
(...). Vamos esclarecer rapidamente, não somos “tias”, pois fazemos que a aprendizagem
cause estranheza diante da realidade da vida, ou melhor, somos para muito além
de lembranças de domingo depois do almoço, estamos presentes cinco dias por
semana, e quando na Educação Infantil, oito horas por dia, ensinamos
convivência, as primeiras letras e o filosofar com Pequeno Príncipe. Quanto ao
sermos dinossauros, mesmo antes da pandemia, já tínhamos assumido que com a
linguagem de programação LOGO podíamos ensinar principalmente para aqueles que
tinham dificuldade. Uma pequena tartaruga já fez muita diferença na vida de
muitos adultos empreendedores. Pérolas e laquê, somos vaidosas, e sim,
nossos estudantes merecem nos reconhecer como se estivéssemos com aquele visual
de festa, pois toda aula é um encontro social para o desenvolvimento da aprendizagem,
e o florescimento de um ser mais humano.
Pense na atuação dos professores e professoras para além de
rótulos, se é tradicional ou inovadora, se tem competências digitais (...),
afinal, eles têm feito seu papel social, e com erros e acertos, saímos de um
país que vivia num mar de analfabetos na virada do século XX, para 18% da
população brasileira com Educação Superior no século XXI. Ainda temos
muitas lutas em prol de ensinar tudo para todos, abranger a diversidade social
ainda é um grande desafio, porém, respeitar a inteligência e os sentimentos dos
aprendizes, conforme preconizou Comênio, ainda é fundamental, assim, rótulos
apenas caem pelo tempo diante do legado dos professores pela educação do nosso
país.
O que temos certeza é que a sociedade precisa de HUMANOS
éticos, responsáveis por seus atos e corresponsáveis pelo desenvolvimento
social, felizes pela conquista do amor da sua vida, do respeito dos seus
familiares, amigos e colegas, que consigam enxergam o outro e exerçam
alteridade e compaixão.
Se ainda não está convencido que somos inovadores por
essência, dedique cinco minutos do seu tempo e veja inúmeras superações no
último semestre. Seu filho, seu sobrinho (...) continuam aprendendo, pela
televisão, por material, por mensagem (...). Finalmente essa criança, esse
adolescente, esse idoso está sendo visto. E se não acreditar no poder
transformador da educação, pare o mundo com seu poder avassalador e sua
carreira de sucesso e tenha apenas humildade de parabenizar aquela professora
que te ensinou as primeiras letras.
Parabéns para nós professores, e que possamos acreditar
todos os dias que podemos trazer o Humano do Humano. E a partir de nossa
concepção cristã “nunca, jamais desanimes embora venham ventos contrários”.
Parabéns, parabéns, parabéns.
Autoras:
Dinamara P. Machado é diretora da Escola Superior de
Educação do Centro Universitário Internacional Uninter.
Gisele do Rocio Cordeiro é coordenadora da área de educação
do Centro Universitário Internacional Uninter.